terça-feira, 12 de junho de 2018

TELINHA QUENTE 313

Hoje, vamos de dobradinha de minisséries inglesas de 4 capítulos, com Nigel Lindsay no elenco. A diferença é que uma tem na Netflix; a outra, não. 

Roberto Rillo Bíscaro
Por que a Netflix coloca títulos desnecessários em inglês em um país, que prefere material dublado?, perguntei-me quando recebi email dizendo que provavelmente gostaria da minissérie Retribution (2016). Mais intrigado fiquei, quando descobri que se tratavam dos 4 capítulos de One Of Us, da BBC. Por que alterar? Receio que jamais saberei as respostas pra ambas as indagações, mas valeu bastante a pena tê-la maratonado num sábado.
As famílias de Adam e Grace são vizinhas nas remotas terras altas da nublada Escócia. Desde crianças, se amam e quando se mudam pra Edimburgo se casam, mas, na noite em que retornam da lua-de-mel são assassinados. Numa noite tempestuosa o noia que fez o serviço descola carro e se dirige pra residência dos pais dum deles, mas, devido ao mau tempo, sofre acidente. Socorrido pela irmã de Adam, quando sua identidade é descoberta inicia-se debate se vale a pena deixa-lo vivo ou se compensa vingar o defunto casal. Começa, então, uma espiral de acontecimentos e revelações, culminando num desfecho de despedaçar corações.
Retribution, muito além de história de detetive, é (melo)drama familiar sombrio, que não poupa ninguém do estraçalhamento. Os britânicos são mestres nisso, vide socos deprês no estômago, como Tiranossauro (2011).
Em Retribution, nem a detetive está isenta de culpa e as ações, a princípio desconectadas, provam ter efeitos devastadores, como os dum bater de asas de borboleta japa provocando tsunami em San Francisco.
O primeiro capítulo podia pegar no tranco mais rapidamente, mas sugiro paciência, porque vale a pena e não é chato, na verdade. Mas, você sentirá a diferença no interesse, quando os esqueletos começarem a ser desenterrados da fria terra escocesa. A pseudotrama da velhinha que quer ser eutanasiada é bem irrelevante, mas é inconveniente menor perto de tantas atuações ótimas, especialmente a de John Lynch, que quem viu The Fall (tem na Netflix) reconhecerá.
Bem Celtic Noir; se você gostar de Retribution, não pode deixar de ver o exemplar máximo dessa subdivisão do Noir: Hinterland. Daí sim, você verá o que são corações partidos em investigações policiais. Também tem na Netflix.

Como não é aconselhável depender só de Netflix, no domingo maratonei os 4 capítulos de Innocent, exibidos em maio.
David Collins passou sete anos na cadeia pelo assassinato da esposa. Sempre alegou inocência e 3 julgamentos jamais foram conclusivos, então, tem que ser solto. Disposto a provar que não é culpado, Collins tem a sorte de que a DI Cathy Hudson tenha sido designada pra conduzir nova investigação.
A função da policial é refazer os passos do DI William Beech, que pode ter sido tendencioso, porque sempre creu na culpa de Collins e pode ter direcionado a investigação nessa direção. A DI Hudson tem que ser, portanto, sumamente imparcial, porque refará o trabalho dum colega. Só mesmo numa obra ficcional ou num sistema abertamente corrupto ela seria a indicada: Hudson e Beech são namorados. Mas, também por ser ficção, Hudson coloca a ética acima de tudo e começa a descobrir faceta nada agradável de seu homem. Nigel Lindsay parece estar se especializando em papéis antipáticos, vide-o em Safe.
Innocent explora bastante a faceta dramática do martírio de Collins. As consequências em seus familiares; algumas repercussões na comunidade. Broadchurch repercutindo.
Telespectadores experientes com esse tipo de roteiro, provavelmente sacarão @ culpad@ rapidinho (não levei nem a metade do primeiro capítulo pra formular hipótese), mas Innocent entretém, porque possui todas as reviravoltas, retratações e revelações necessárias prum envolvente programa detetivesco.

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