A história do uso de substâncias que melhoram o
desempenho físico é mais antiga do que os jogos olímpicos. Os chineses, há 4
mil anos, conheciam os efeitos do chá de machuang, que contém efedrina em altas
doses e era utilizado para aumentar a capacidade de trabalho. Nos jogos
olímpicos da Antiguidade, em 800 antes de Cristo, os atletas bebiam chás de
diversas ervas e usavam óleos e cogumelos para melhorar seu desempenho. No século
19, popularizou-se entre os competidores uma bebida chamada “Vin Mariani”, à
base de folhas de cocaína. Então, doping não
é sinal de nossa sociedade decadente em comparação a um passado quando tudo era
amor à competição honesta.
Doping
genético
é o tema central dos cinco capítulos da minissérie Alpimaja (2012). A equipe
feminina de natação da Estônia perde suas medalhas olímpicas depois que
auditoria revela que as nadadoras usaram substâncias proibidas. O governo
estoniano contrata a ajuda do expatriado Martin Kütt, experto solucionador de
crises, que fizera carreira fora de seu país natal, pronde tencionava retornar
nunca mais.
Não demora pra ele se dar conta de que a manipulação
genética de atletas desde a infância estava gerando pequeno batalhão de
mutantes inválidos. Em um ambiente ainda muito viciado com as posturas
autoritárias do Partidão na época soviética, Martin terá que se mover entre
políticos corruptos/oportunistas/carreiristas; celebridades de TV que fingem
apreciar decência e verdade, mas querem mesmo só audiência e uma revelação de
sua vida pessoal, enquanto vivia na Estônia.
Malgrado algumas cenas e diálogo longos em demasia;
umas musiquinhas incidentais que lembram a TV ocidental ainda nos 80’s e
equalização sonora estranha, quando se trata de cenas com ruídos externos tipo
rua ou aeroporto, Alpimaja mantém o interesse. Não apenas, talvez, porque a
história tenha seus méritos próprios de sustentação, mas porque, afinal, com
que frequência acessamos material da TV estoniana?
Essa é uma das coisas mais
legais da globalização: ver atores d’outro lado do globo, atuando numa língua
que nunca ouvíramos, em locações com neve até nos tímpanos, filmando ruas que
jamais visitaremos provavelmente, mas que se tornam menos alienígenas, porque
podemos vê-las por imagens de produções tão decentes, quanto Alpimaja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário