Diante dalgumas tristes notícias sobre Geoffrey Rush,
lembrei-me de não ter ainda visto O Melhor Lance (2013). Como curto a ator
australiano e o filme está no catálogo da Netflix, enfrentei as mais de duas
horas roteirizadas e dirigidas por Giuseppe Tornatore.
Debaixo de toneladas de pretensão, esconde-se divertida
trama de vingança, suspense e melodrama num romance maio-dezembro. Mas, alguém
disse pra ele, e Tornatore acredita, que faz “arte”, então a história do velho
leiloeiro que esconde tesouros artísticos apenas pra si e se envolve com
moçoila misteriosa é contada em clima de conto de fadas simbólico, com umas
duas pitadinhas de “doideira surreal” pra ficar mais cabeça (de bagre) ainda.
Tive que pausar o filme quando é revelada a propriedade do casarão, de tanto
que ria.
Ou Tornatore não conhece sutileza ou não confia nos
miolos de seu público-alvo, porque o roteiro é reiterativo, explicando o tempo
todo o que pretende metaforizar. O Melhor Lance é um guia completo para
entender cultura middlebrow.
A trama causaria frêmitos nas mãos de alguém menos
compromissado em fazer “arte” e mais interessado em contar boa história ou
fazer cinema de suspense eficiente. Nas mãos do italiano, ficou um filme longo
e cheio de frases de citação nível meme pra rede social.
O Melhor Lance não é
inassistível, pelo contrário, a cinematografia é elegante e Rush está impecável
(ele vale o filme). Mas, aspira a ser mais do que é e poderia ter sido mais
eficiente, se se achasse menos.
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