O Dia Em Que a Terra Parou é um dos mais influentes
filmes de ficção-científica, não apenas dos 50’s. Baseado num conto de 1940 -
refilmado em 2008, mas nunca me atrevi a dar chance - inspirou até nome de
álbum e canção de Raul Seixas, em 1977.
The Day The Earth Stood Still (TDTESS) é produção B+,
porque os grandes estúdios tinham seu departamento pra películas não-estreladas
pelas Hepburns ou dirigidas por Hitchcock. Isso não significa que fossem ruins,
apenas com elenco menos estelar e orçamentos menores, afinal, não eram A.
Mas, a 20th Century Fox não economizou muito em TDTESS,
dirigido pelo (ainda não) oscarizado Robert Wise, que já concorrera à estatueta
na categoria Melhor Edição, nada mais, nada menos, que por Cidadão Kane.
A Terra entra em polvorosa, quando uma nave pousa no Mall, em Washington. O governo
apressa-se em afirmar que não se trata de mais uma histeria de discos-voadores,
apontando que TDTESS se aproveita - mas se pretende mais sério - da enxurrada
de relatos sobre aparições de OVNIs, que precederam e inauguraram os anos 1950,
então ainda bebês, quando o filme foi lançado, em setembro, de 51.
Acompanhado dum megarrobô - que demora um monte pra
atirar, mas é indestrutível pras armas terrestres – o alien Klaatu vem nos alertar que enquanto usarmos nossas armas pra
nos autodestruirmos, o universo não dá a mínima, mas se nossas folias atômicas
ameaçarem civilizações bem mais avançadas, daí não tem conversa, seremos
aniquilados.
Essa personagem que sequer cogita em educar e não
esconde sua total indiferença pra espécie humana como um todo, desde que não
interfira com seu mundo, foi modelada a partir de Jesus Cristo! Ele adota o
nome John Carpenter, o que equivale às mesmas iniciais e o sobrenome é
carpinteiro, profissão do filho de Deus. Klaatu é mal-compreendido pelos homens
e tem até que ressuscitar (pra não parecer herege, o roteiro improvisa dizendo
que é apenas temporário), antes da ascensão. Viu, porque Klaatu é nossa imagem
e semelhança?
Por mais legal e simbólico que seja, TDTESS tem alma B,
mesmo que seja +. Produções mais modestas copiaram a invasão, fazendo seus
discos-voadores pousarem em áreas remotas, pra não gastar com extras. Wise
tinha costas quentes com a Fox, então, há tanques de guerra no Mall, mas TDTESS não deixa de ser sobre
civilização (supostamente) ultra-avançada que escolhe mandar UMA espaçonave,
tripulada por UM indivíduo e UM robô pra dar conta dum planeta inteiro, que
sabem – deveria, pelo menos, se são tão superiores – hostil pra dedéu. Não
seria mais simples intervir remotamente ou mandar frota interestelar?
Mas, daí não existiria The
Day The Earth Stood Still e isso seria uma pena.
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