Angela Ro Ro foi apresentada ao grande público, em
1979, através de seu álbum homônimo de estreia. O fim dos 70’s trouxe copiosa
safra de vozes femininas, como Zizi Possi, Fátima Guedes, Fafá de Belém,
Marina, antes de ser Lima.
Mais ou menos até 1983/4, Ro Ro frequentou assiduamente
paradas de sucesso e noticiosos policiais, por seus escândalos, alguns
envolvendo agressão à então namorada, outra grande da MPB surgida na época.
O BRock e as subsequentes ondas comerciais de lambada,
axé, sertanejo, arrocha e sabe-se lá o que mais, varreram das rádios comerciais
a turma da MPB, mas Angela continuou compondo, sendo regravada, embora tenha
diminuído bastante o ritmo de lançamentos.
Pouco após a virada do milênio, a carioca dexintoxicou/emagreceu
geral; apresentou talk show; foi
merecidamente homenageada por cantores da nova geração.
Há oito anos sem lançar material de estúdio inédito, a
cantautora retornou no fim do ano passado com as onze faixas de Selvagem, lançado
pela Biscoito Fino, por isso disponível em tudo quanto é Spotify e Deezer da
vida.
Angela Ro Ro é uma espécie de Maysa Matarazzo
pós-moderna nível hard e a afirmação
dessas personas é muito importante, seja reiterando mundos que vivem caindo,
seja personalidades fortes. Ro Ro reafirma sua independência e gênio indômito
na faixa título, com sua guitarra roquinho e no xaxado Parte Com o Capeta. Sua
conversão para o vegetarianismo e o lado cheio do copo (sem ironia pretendida)
é relatada na popice oitentista de Caminho do Bem.
Em Maria da Penha, a zonasulista Ro Ro ataca de samba
do morro pra denunciar a violência doméstica, enquanto Todas As Cores volta aos
calçadões da bossa ipanêmica, exaltando o amor, o sorriso e a flor.
Portal do Amor é bilíngue com inglês e clima bluesy e como todo álbum típico de
emepebista de sua geração, o resto é balada competente e gostosa, tipo Meu
Retiro, Nenhuma Nuvem e É Simples Assim.
Com boas letras e vocal
ainda potente, o calcanhar de Aquiles é a produção. Sabe-se lá se por
contingência estética ou orçamentária, todos os instrumentos são executados
digitalmente, então, Selvagem perde um bocado de sua potencial força, porque o
som sintetizado carece de profundidade. Até soa como coisa produzida nos 80’s,
mas isso não é necessariamente ponto positivo. Assim, Selvagem fica mais na palavra que na ação.
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