Roberto Rillo Bíscaro
Chegou a hora de cruzar pela derradeira vez a Ponte
Øresund, que liga a capital dinamarquesa à sueca Malmö. Entre janeiro e
fevereiro as TVs dos dois países transmitiram o fim da saga de Saga Norén. Mais
bem-sucedida no estrangeiro do que em sua terra natal BronIIIIBroen não apenas
gerou releituras, mas ignificou a tendência das parcerias extrafronteiras. De
2011 pra cá, é um tal de policial parisiense ir ao norte da Suécia trabalhar
com colega de lá! Na maioria dos exemplos, seria mais correto afirmar que tais
produções são efeitos colaterais de The Bridge (não confundir com a odiosa versão norte-americana, que tem na Netflix, ugh!), porque o uso do inglês como
língua franca precarizou as atuações.
Como sua precursora Forbrydelsen, A Ponte terminou na
hora que precisava. A quarta temporada veio até com dois capítulos menos do que
a dezena das anteriores. A saída de Kim Bodnia jamais foi superada. Martin
Rhode era o contraponto perfeito pra provável Síndrome de Asperger, de Saga.
Não foi culpa do ator Thure Lindhardt, competente como Henrik, atormentado
colega, que até se envolve amorosamente com a loira sueca. Mas, os produtores
não podiam fazer da personagem um Martin 2, o Retorno do Barbudo, então parte
vital da química do show se esvaiu.
Também não se trata de ranhetice de resenhista incapaz
de lidar com novos cenários. O papel de Henrik nessa temporada final é bem
menor; BronIIIIBroen passou a ser, literalmente, o show de Saga Norén, Länskrim
Malmö. Na maior parte do tempo, ele é paciente, não agente, e é Saga quem lhe
tira enorme tormento das costas.
Em termos de enredo, Hans Rosenfeldt e Camilla Ahlgren
não podiam alterar nada, afinal, fãs esperam um Nordic Noir violento, irreal,
triste e sombrio, com tramas aparentemente dispersas, que se clicam
espetacularmente ao longo da travessia. Tudo isso é entregue, além de novidade
esperançosal: essa é a única temporada que não acaba em desastre. Mas, não há
do que reclamar, porque os roteiristas deram finais pra toda essa gente tão
mais reservada que nós, mas que aprendemos a amar sem reservas. E ouvir Saga
dizer o último “Saga Norén”, ao telefone, em cima da ponte, em seu carro vintage, arrepia.
Bron/Broen é daquelas
séries pra ter e rever, rever, rever...
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