terça-feira, 31 de julho de 2018

TELINHA QUENTE 320

Roberto Rillo Bíscaro

Chegou a hora de cruzar pela derradeira vez a Ponte Øresund, que liga a capital dinamarquesa à sueca Malmö. Entre janeiro e fevereiro as TVs dos dois países transmitiram o fim da saga de Saga Norén. Mais bem-sucedida no estrangeiro do que em sua terra natal BronIIIIBroen não apenas gerou releituras, mas ignificou a tendência das parcerias extrafronteiras. De 2011 pra cá, é um tal de policial parisiense ir ao norte da Suécia trabalhar com colega de lá! Na maioria dos exemplos, seria mais correto afirmar que tais produções são efeitos colaterais de The Bridge (não confundir com a odiosa versão norte-americana, que tem na Netflix, ugh!), porque o uso do inglês como língua franca precarizou as atuações.
Como sua precursora Forbrydelsen, A Ponte terminou na hora que precisava. A quarta temporada veio até com dois capítulos menos do que a dezena das anteriores. A saída de Kim Bodnia jamais foi superada. Martin Rhode era o contraponto perfeito pra provável Síndrome de Asperger, de Saga. Não foi culpa do ator Thure Lindhardt, competente como Henrik, atormentado colega, que até se envolve amorosamente com a loira sueca. Mas, os produtores não podiam fazer da personagem um Martin 2, o Retorno do Barbudo, então parte vital da química do show se esvaiu.
Também não se trata de ranhetice de resenhista incapaz de lidar com novos cenários. O papel de Henrik nessa temporada final é bem menor; BronIIIIBroen passou a ser, literalmente, o show de Saga Norén, Länskrim Malmö. Na maior parte do tempo, ele é paciente, não agente, e é Saga quem lhe tira enorme tormento das costas.
Em termos de enredo, Hans Rosenfeldt e Camilla Ahlgren não podiam alterar nada, afinal, fãs esperam um Nordic Noir violento, irreal, triste e sombrio, com tramas aparentemente dispersas, que se clicam espetacularmente ao longo da travessia. Tudo isso é entregue, além de novidade esperançosal: essa é a única temporada que não acaba em desastre. Mas, não há do que reclamar, porque os roteiristas deram finais pra toda essa gente tão mais reservada que nós, mas que aprendemos a amar sem reservas. E ouvir Saga dizer o último “Saga Norén”, ao telefone, em cima da ponte, em seu carro vintage, arrepia.
Bron/Broen é daquelas séries pra ter e rever, rever, rever...

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