terça-feira, 25 de setembro de 2018

TELINHA QUENTE 328

Roberto Rillo Bíscaro

Quando eu era criança, parece que tudo virava desenho. Tinha versão animada de Jeannie é um Gênio, Jornada nas Estrelas (tem na Netflix) e As Panteras viraram panterinhas acompanhando o Capitão Caverna. Até astros pop transformaram-se em cartuns: tinha desenho dos Beatles e dos Jackson 5.
Lembrei disso, enquanto maratonava esbaforido O Príncipe-Dragão, produção deste ano, da Netflix. Criada por Aaron Ehasz e Justin Richmond, o show soa como versão animada de Game Of Thrones. No episódio um, até se comenta que o inverno está chegando...numa hora dessas.
Que isso não desmotive fãs do sucesso da HBO, irados por plágio ou quem não vê graça em DULLnerys Targaryen. Apesar das muitas semelhanças (inclusive uma platinada protegendo um ovo de dragão), O Príncipe-Dragão tem sua mitologia e não é cópia escarrada. Acontece que na cultura tudo se transcria, é isso aí, o autor de Game também não criou nada a partir do nada.
Em um mundo profundamente dividido entre humanos e elfos, crianças e uma elfa albina-sem-mencionar-albinismo têm que preservar lindíssimo ovo de dragão, esperança de paz praquele mundo cindido pelo ódio racial.
Com potencial pra agradar tanto adultos mais lúdicos quanto piás mais graúdos, O Príncipe Dragão tem boa história, situações aderentes e cliffhangers que te fisgam pro próximo episódio. Os vilões não se mostram imediatamente e são tão gostáveis quanto os mocinhos, no sentido de fazerem piadas, comentários irônicos. Sei lá se é defeito do roteiro (não interpretei assim) ou se desenho hoje é assim mesmo. Não vejo tantos. E por falar em desenhos, se você viu O Vazio e amou Kai, O Príncipe Dragão tem Callum, metralhadora de chistes infames. Em inglês é muito legal: tem um pedaço em que explicam com minúcia o que é hangry. Nem faço ideia de como traduziram essas partes.
Além de descolado, o roteiro ainda é inclusivo e multiétnico. Tem gente de tudo quanto é cor sem fazer diferença e uma general se comunica através da língua de sinais, não é o máximo? E sem alarde, é o natural dela, então já basta.
Aaron Ehasz tem credenciais respeitadas pelo sucesso de público e crítica de Airbender e O Príncipe Dragão tem potencial pra se transformar no novo Avatar, mas a Netflix é empresa e vive de lucro. Por isso, a primeira temporada é teste de apenas nove episódios. Frustra, porque dá muita vontade de mais. É torcer pra que tenha audiência e gere outra, mais longa. 

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