Roberto Rillo Bíscaro
Até meio difícil de crer hoje, mas durante toda a década
de 1950 até talvez a de 80, floresceu indústria dedicada à criação de abrigos
subterrâneos pra quando estourasse a inevitável guerra nucelar entre as superpotências.
Não só nos EUA; em Praga há um que recebe visitas
turísticas; parece que na Bósnia, também. Mas, nos EUA o negócio realmente
pegou fogo, porque a população classe-média pra cima tinha dinheiro e
acreditava que ficar a poucos metros da superfície por alguns dias a salvaria
do holocausto.
Revistas como a Popular
Science publicaram vários artigos a respeito de modelos de bunkers, a maioria em tom “faça você mesmo” tão caro ao
empreendedorismo ianque. Havia até dicas de como aproveitar o porão pra
construir um abrigo subterrâneo pra se proteger da Bomba.
Paranoia de se esconder da Bomba feito tatu, aliada à
influências de Julio Verne e Edgar Rice Burroughs informam Unknown World
(1951), hoje e mesmo na época, tão obscuro quanto o mundo que pretende
explorar, mas não tem dinheiro.
Produzido pela mesma equipe e companhia de Rocketship X-M, Unknown World (UW) mostra equipe de cientistas que desce ao centro da Terra,
em busca dum lugar habitável, pra que parte da espécie humana se refugie pra
quando venha a guerra, inevitável, aos olhos do exagerado Dr. Morley.
Embora situado nos “avançados” anos 50, quando a energia
nuclear podia inclusive ser usada pra impulsionar a engenhoca que cava seu
caminho superfície abaixo, UW parece tirar seus conceitos científicos do século
XIX. A premissa pra descida é que o interior de nosso planeta não é composto
por magma, mas um labirinto de cavernas e que pode haver sítio com água, luz
(!) e ar, que permita vida. Eles descem pela cratera dum vulcão extinto, mas o
roteiro não se importa com a incongruência de usar um canal trafegado pela lava,
negada na cena anterior.
Na verdade, o roteiro de UW não se importa com coisa
alguma, porque não há grana e então nada acontece na maior parte do tempo.
Muita cena na escuridão de cavernas, escalada e rapel, o interior paupérrimo da
suposta nave e nada mais. Mesmo, porque não há vida no centro da terra, embora
haja luz (!). Se hão há monstro ou homem-tatu pra servir como antagonista, que
ação dramática é possível?
A viagem ao centro da terra desses cientistas valeu tanto
quanto os bunkers serviriam numa
guerra atômica real
Vi no Youtube e o som está
ruim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário