Atribuí a excelência do álbum de estreia do Native Construct a sua formação acadêmica. Ricardo Borges compartilha tal expertise
com seus colegas: o menino cursava bacharelado em violão, na Universidade
Federal de Santa Maria, quando gravou seu primeiro álbum, ano passado.
As semelhanças entre o gaúcho e os norte-americanos terminam
no esmero da formação e na execução, porém. Enquanto Native Construct é esporro
virtuoso de prog metal, o violão de Borges lembra a doçura neoclássica de Steve Hackett, nos álbuns em que deixa a guitarra pelo primo acústico. É o caso de
Ariana, faixa de abertura de seu curto álbum Inverso.
São seis canções outonais, onde o violão e a doce voz de
Ricardo ocupam posição central, mas não estão sós. Cada faixa traz
instrumentação acessória, provavelmente executada por colegas graduandos: Márcio
Kbcinha (percussão), Vagner Uberti (bateria), Lucas Almeida e Pedro Bagesteiro
(contrabaixo e baixo fretless), Gabriel Opitz (bandolim), Helio Abreu
(trombone), Maria Paula Rodríguez (flauta e voz), João Kanieski (voz), Diego
Zanini (teclado e sintetizador), Pedro Issler (violão 7 cordas) e Elias Rezende
(acordeão).
O resultado é um daqueles álbuns que dá vontade de ouvir
no ocaso da luz. Experimente iniciá-lo ao escurecer e experimente o anoitecer
ao som de Inverso. Não há canção fraca nessa MPB, que tem respingos de seresta,
erudito, música campestre. Na verdade, há momentos sublimes, como a
faixa-título.
Inverso agradará a fãs desde Clube da Esquina a Renato Teixeira; aos jovens seguidores do atual Flávio Tris ou nós que vivemos a
popularidade de Claudio Nucci, pouco antes de o rock oitentista suplantar a MPB.
No site de Ricardo Borges,
você baixa Inverso grátis. Esse menino merece divulgação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário