Roberto Rillo Bíscaro
Quando se ouve o som de Adam Gibbons, estereotipicamente
imagina-se um negão norte-americano. Mas, seu nome artístico é Lack Of Afro e lack significa “falta”. Falta mesmo
muita melanina pra esse britânico de olhões azuis ser afro, mas ele compensa
isso com música calcada em ritmos negros.
Multi-instrumentista, compositor, produtor, remixador,
arranjador, Lack Of Afro é pau pra toda obra, como se traduz Jack Of All
Trades, título de seu sexto álbum, lançado dia 18 de maio.
Com 11 faixas caleidoscopicamente variadas em estilo,
Jack Of All Trades pode ser epitomizado na faixa de abertura, Back To The Day,
que soa como se o Jackson 5 e o Earth, Wind and Fire tivessem cronometrado
tempos pra fazer um som que representasse seus auges. Sincretizando disco music com rap rapidinho e metais caribenhos, na carnavalesca Only You &
Me, Lack Of Afro desenvolveu produto que parece coletânea de maiores sucessos:
tudo presta.
Esse aspecto de compilação se deve não apenas à
diversidade de ritmos, mas porque cada faixa tem um(a) convidado(a) nos vocais.
O que poderia resultar numa colcha de retalhos caótica é costurado e
customizado com a eficaz e e(s)xperta produção de Lack Of Afro.
Ele sabe o que quer e como quer soar, além de dominar os
subgêneros pelos quais flana com desenvoltura. Soul derivado da Motown, mas com
ar de soul contemporâneo retrô, em Baby Be Mine. Soul mais tradicional, como em
Reach Out, que até no nome, sabe à qual tradição pertence. Rock suingado funkoso, como em Over & Out. Rap/hip
hop alegrinho, como em Back In Business e Take It Up a Notch. Funk,
como na instrumental de baixo obeso The Messin’ Around Intermission ou no vocal
feminino da sassaricante Good Love.
Prioritariamente festável, Jack Of All Trades traz um par
de respiros, como o soul de Don’t Do Me Over, que Mick Hucknall ou Paul Weller
adorariam ter em seus álbuns. Nem o folk meio easy listening de Home soa fora do lugar, porque tem cheirinho gospel.
É fácil, fácil você dançar
ao som de Lack Of Afro: tá no Bandcamp:
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