Desde pelo menos Carrie, a Estranha (1976), que
menininhas abusadas exercem terríveis vinganças, usando seus até então
desconhecidos e indomados poderes de telecinesia. Variação importante são os
humilhados que descontam seus revezes, incendiando tudo com sua pirocinese,
como em Chamas da Vingança (1984).
Em 2013, a diretora/roteirista Marina de Van adicionou
importante entrada a essa lista, com Dark Touch (O Lado Sombrio, por aqui,
parece). A coprodução Irlanda/França/Suécia centra-se na perturbada garota
Niamh (a ótima Missy Keating), cuja família é brutalmente assassinada no
interior da Irlanda. Sem pista ou rastro que ajude a polícia a desvendar o
mistério, o crime permanece sem solução e a garota passa a viver com um casal e
seus dois filhos.
Traumatizada, Niamh é compreensivelmente distante e
assustadiça, dada a períodos de torpor, expressos à perfeição pelos olhares
mortiços da atriz. Como nos terrores mais eficazes, a força de Dark Touch
reside no fato de que o sobrenatural e o gore
são modos de ficcionalizar o que lemos nos jornais diariamente: gente que
extravasa seu ódio/pavor/trauma/recalque acabando com a munição de
metralhadoras em quem não teve nada a ver com a situação.
Porque Niamh foi extremamente machucada física e psicologicamente pela família, é uma dessas pessoas com a metralhadora, em seu caso, traduzida em poderes psíquicos.
Porque Niamh foi extremamente machucada física e psicologicamente pela família, é uma dessas pessoas com a metralhadora, em seu caso, traduzida em poderes psíquicos.
Ainda que meio tresloucado, o desfecho não é edificante,
redentor bonito ou agradável.
Dark Touch não virará
clássico, mas perturba, porque reconhecemos na garota vingadora, o arquétipo
pra nossos próprios medos. Não é pra quem curte horror modinha ou divertidinho,
onde no fim tudo dá certinho ou fica espacinho aberto pra conitinuaçãozinha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário