Hermeto Pascoal confessa que álbum vencedor do Grammy foi
inspirado em Alagoas
Alagoano venceu o Grammy Latino 2018 na categoria de
Melhor Álbum de Jazz Latino com o CD "Natureza Universal"
Por Maylson Honorato | Portal Gazetaweb.com
Alagoano de Lagoa da Canoa, Hermeto Pascoal foi o único
brasileiro a vencer nas categorias gerais da 19ª edição do Grammy Latino. Os
demais vencedores, como Anitta, Lenine e Maria Rita, saíram vitoriosos somente
nas categorias exclusivas para brasileiros. A cerimônia, que ocorreu na última
quinta-feira (15), em Las Vegas (EUA), consagrou o álbum "Natureza
Universal", uma parceria do Bruxo albino com a Big Band.
Aos 82 anos de idade e vivendo no Rio de Janeiro, Hermeto
Pascoal é assediado diariamente com convites para morar e fazer turnês no
exterior. A rotina de um dos maiores nomes da música instrumental, no entanto,
passa pelas lembranças da infância e vai até a contemplação das paisagens da
cidade pela janela. No fim, tudo vira música. No CD instrumental que arrematou
o Grammy, 11 temas compostos e arranjados por Hermeto - alguns deles escritos
há mais de 40 anos - reverberam a experiência dele em Alagoas, onde nasceu e
viveu até os 15 anos, entre Lagoa da Canoa, Arapiraca e Maceió.
"Eu já recebi título de Doutor Honoris causa nos
EUA, sendo que estudei somente os primeiros anos do primário, com a minha
saudosa professora Zélia, lá em Lagoa da Canoa. Pois é. Mas na frente da minha
casa era uma feira. E eu via cantador de viola, vendedor de banana madura, a
turma criativa da feira... E, no meu entendimento, esse Grammy veio dos
cantadores populares, do povo das feiras de Alagoas, da turma do ganzá",
comenta o multi-instrumentista, que revela detestar rotina e tudo que for
premeditado.
ALAGOAS
Hermeto Pascoal quer vir a Alagoas para tocar. Sim, não
para fazer uma simples visita - apesar de adorar o passeio. Quer vir para tocar
para os que chama de "seu povo".
"Esse prêmio é um reconhecimento que me faz muito
feliz. Pois eu amo o que eu faço. Não adianta. Você pode não gostar ou gostar
muito do que eu faço, mas não vai gostar mais do que eu. Eu estou feliz com o
reconhecimento, ainda mais por ser lembrado pelo povo da minha terra
maravilhosa. Mas, por nossa senhora, que apareça um empresário bom aí pra me
chamar para tocar. Nossa cidade não pode ficar sem nossa música. E não é por
dinheiro não, é porque ela precisa desse som", comentou o gênio, durante
entrevista à Gazeta de Alagoas, que você acompanha na edição deste fim de
semana.
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