Desde que Broadchurch pegou pequena comunidade onde os
laços comunitários eram aparentemente fortes e a mergulhou no pesadelo de
assassinato cometido por um de seus membros, a prática virou tendência acoplada
à influência Nordic Noir de priorizar locais lindíssimos de cartão-postal.
Parece que a Europa é fértil em tais sítios, como
demonstrado nas belas paisagens lacustres da minissérie Le Mystère du Lac
(2016), ambientada na região de Sainte Croix, nos Alpes provençais. Com tanta
gente atraente, bem vestida e falando francês, dá vontade de pegar o primeiro
avião com destino àquela felicidade.
A cidadezinha esconde grande perigo, porém. No começo do
milênio, 2 jovens desapareceram e jamais foram encontradas. Na atualidade, a
adolescente Chloé some, bem na hora em que a policial Marianne Stocker volta de
Paris pra decidir o que fazer com a mãe, que tem alzaimer. Marianne era a
melhor amiga das sumidas e sua mãe é vizinha de Chloé.
Coincidência é o que não falta em Vainhed By The Lake, em
seu nome pra comercialização internacional. O alzaimer é truque conveniente pra
senhorinha soltar informação, apenas quando convém ao roteiro. Sempre há alguém
em momentos-chave ou quem resgate documentos de anos e anos atrás. Fica-se até
cismado sobre como alguém pode ter desaparecido numa comunidade bisbilhoteira
assim, imagine três!
Também nos perguntamos porque a polícia francesa não manda
grupos de busca pelas montanhas, ao redor do lago, como fazem seus colegas
escandinavos. Policiais e voluntários em colunas, fazendo pente-fino em
lúgubres e lindas florestas são lugares-comuns em Scandi-Noir e até em irmãos
espanhóis, como Bajo Sospecha, temporada 1.
Le Mystère du Lac é
pura fórmula: todo mundo tem segredos; o/a malfeitor(a) é tão insuspeito(a),
que pode nem fazer muito sentido. Mas é tudo tão bonito, bem feito e urdido,
que entretém, prende a atenção e gera suspense e curiosidade. Quer mais? Tá,
então: o que dizer do nível de fetiche desencadeado por aquela voz de
ninfetinha francesa cantando música de filme de Tarantino na abertura?
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