Cantor malinês Salif Keita chama atenção para o sofrimento de albinos africanos
Por Fadima Kontao e Tim Cocks
BAMAKO/DACAR (Reuters) - Como muitas pessoas, o músico malinês Salif Keita percebeu pela primeira vez que era diferente quando entrou na escola – sua pele era branca, e todas as outras crianças eram negras.
"Eu era o único albino", disse ele à Reuters em uma entrevista. "Eu soube imediatamente que era diferente das outras crianças."
Em toda a África, a condição de pele – em que os portadores nascem sem pigmento na pele, nos olhos e nos cabelos – é vista muitas vezes como um sinal de má sorte. Os albinos são evitados, marginalizados, mortos e, em alguns locais, esquartejados para que seus membros possam ser usados em poções mágicas.
Mas quando a menina albina de cinco anos Ramata Diarra foi morta e decapitada durante um ritual na cidade malinesa de Fana, 130 quilômetros a oeste da capital Bamako, em maio deste ano, Keita decidiu agir.
"Fiquei verdadeiramente chocado", contou ele à Reuters antes de fazer uma apresentação em Fana no sábado em homenagem a Ramata.
"Os albinos têm problemas para se integrar na sociedade, o que é algo que queremos expor", disse. "Estamos dizendo que a beleza está na diferença. Temos que sentir orgulho do que somos."
Seu novo disco, "Un Autre Blanc" (Um Outro Branco) – o último antes de o artista de 69 anos se aposentar – procura ressaltar esta mensagem.
Sua música – uma mistura dançante, mas curiosamente melancólica, de música folclórica mandinga com jazz-funk percussivo – encanta plateias da África Ocidental e do Ocidente há décadas.
O novo álbum é mais eclético do que os anteriores, trazendo colaborações de convidados variados como o rapper francês MHD, a cantora nigeriana de afropop Yemi Alade e o grupo coral sul-africano Ladysmith Black Mambazo.
"Foi minha maneira de dizer adeus, fazer isto com meus amigos", disse ele à Reuters.
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