terça-feira, 31 de dezembro de 2019

MELHORES DE 2019 – PARTE II

Roberto Rillo Bíscaro

Não importa ano de lançamento; para constar na lista de melhores do ano, basta ter aparecido nas seções de música, TV, cinema ou literatura.

Para relembrar a relação dos melhores do primeiro semestre, acesse:



MÚSICA

– Alexandre Andrés, Bernardo Maranhão e André Mehmari: Um álbum deslumbrante e diverso da nova geração da nossa rica MPB.

Psychocandy – The Jesus and Mary Chain: Há 35 anos, quatro escoceses mudaram a história do rock, por isso é importante celebrá-los.


Nattfiolen – Jordsjø: Os noruegueses fazem um som elaborado, com influências de rock progressivo dos anos 70, folk e trilhas de filme de horror também dos anos 70.

Sossego – Pietá: O trio volta mais incisivo em seu denso segundo álbum, incluindo elementos de rock a sua MPB.

Fertile Ground - de Farmhouse Odissey: O terceiro álbum dos norte-americanos abunda em sofisticação em um prog sinfônico muito atual.

Gryphon – Reinvention: Prog folk britânico, que se reinventou e permanece preciso e precioso.

América - Bedibê: O segundo trabalho dos paulistas une diversos estilos num som melódico, que agradará tanto a fãs de MPB, quanto de indie pop.

Careful - Boy Harsher: O duo norte-americano faz um eletro fascinante, com vocais que transmitem depressão e desejo ao mesmo tempo.



TV
Sebastian Bergman - Um perturbado psicólogo ajuda a polícia sueca a desvendar crimes brutais.

De Dag - Um assalto a banco na Bélgica é analisado sob diversos pontos de vista, durante e depois da ação, cheia de reviravoltas.

DCI Banks - O Detetive Inspetor-Chefe Alan Banks e sua equipe investigam casos, baseados nos romances de Peter Robinson.

Chernobyl – O desastre na usina nuclear soviética nos anos 80 contado em excruciante detalhe.

Äkta Människor - Em um presente paralelo, o uso de androides é comum. Os hubots, são usados ​​como trabalhadores e companhia. Enquanto algumas pessoas abraçam esta nova tecnologia, outras estão assustadas com o que pode acontecer quando seres humanos são substituídos como trabalhadores, pais e até mesmo amantes.

Jane, a Virgem – As cinco temporadas de Jane, a Virgem são explosão de humor, criatividade, comédia e emoção.

Inacreditável - Uma jovem é acusada de falsa denúncia de estupro. Anos depois, duas investigadoras encaram casos assustadoramente parecidos. Série inspirada em fatos.

The Looming Tower - The Looming Tower acompanha a crescente ameaça de Osama Bin Laden e da Al-Qaeda no final dos anos 90 e como a rivallidade entre o FBI e a CIA durante essa época pode ter, de forma não intencional, definido o caminho para a tragédia do 11 de setembro. 

CINEMA
Peranbu - A jornada emocional e geográfica de um pai, que precisa aceitar sua filha com severo caso de paralisia cerebral.

A Transfiguração - Milo é um jovem fascinado por vampiros. Quando ele conhece Sophie, os dois forjam um vínculo que desafia a obsessão de Milo e sua percepção do que é fantasia ou realidade.

Badla - Um renomado advogado assume o caso de uma mulher acusada de matar o amante. Quanto mais eles tentam desvendar a verdade, mais obscura a situação fica.

Border - Um filme sueco fascinantemente estranho e estranhamente fascinante.

Temporada - Juliana deixou a cidade natal para trabalhar como inspetora de combate à dengue. Com a mudança, ela embarca numa jornada inesperada rumo à independência.

LITERATURA
Stagestruck, de Peter Lovesey: Uma história de detetives às antigas, sobre uma estrela pop, que tem o rosto queimado em pleno palco de um tatro.

The Abominable Man, de Maj Sjöwall e Per Wahlöö: O brutal assassinato de um chefe de polícia revela uma Suécia meio distante do ideal bem-estar social, neste clássico da literatura policial escandinava.

The Caveman, de Jorn Lier Horst: Dois corpos quase mumificados são encontrados em dois pontos de uma pequena cidade norueguesa. O detetive William Wisting e sua filha jornalista começam a investigar as duas histórias separadamente. Mas, será que são casos independentes?


segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

CAIXA DE MÚSICA 395


Roberto Rillo Bíscaro


Num ano cheio de retornos, os norte-americanos não poderiam deixar de comparecer com um sólido trabalho cheio de funk e influências de jazz.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

TELONA QUENTE 315


Uma historiadora tem que provar no tribunal que o Holocausto aconteceu depois de ser acusada de difamação por um homem famoso por negar isso. Drama baseado em fatos.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

CONTANDO A VIDA 295


ENTÃO É NATAL: tema para fim de ano. 


José Carlos Sebe Bom Meihy 

Não gosto de escrever quando estou triste. Dizem os sábios que escrever chorando contagia os leitores. Hoje, além do mais, o dia amanheceu iluminado com sol ardendo luzes e, dezembro reinando na atmosfera de “boas festas”. Pensei de início em falar de amenidades, algo do tipo “momentos prazerosos do ano”, alguma coisa próxima de um “apesar de tudo, valeu a pena”, “vejamos o outro lado da moeda”, ou ainda “as limonadas feitas com limões muito azedos”. Desisti. Desisti mantendo a proposta de assegurar que em tempos natalinos cabe não sufocar a esperança e nem evitar a gostosura do verão próximo ao mar. Cabe, isto sim, valorizar o gosto de frutas de época e o povo nas ruas, praças, praias. Portanto, em vez de falar do passado ou chorar pitangas conhecidas, optei por relativizar o que tanta dor tem causado a muitos. Depois de trato nas ideias, imaginei alternativa prometedora, um balanço aberto do aprendizado do nosso presidente da república. Imagine... Sim, na modéstia de minha insignificância, a fim de justificar o tal espírito de fim de ano, resolvi olhar o lado positivo do capitão legitimado como mandatário máximo do país. Sabia do cuidado nas escolhas que instruiriam os argumentos, pois não posso ser traidor de postulados que mantenho, acredito e pelos quais luto. Tratos à bola, descartei logo as críticas fáceis à Damares, ao Sales, ao Moro, ao Weintraub, ao Guedes e ao estranho Ernesto Araújo. Da família, nem pensar: filhos, mulher e ex mulheres. Bico calado em relação ao Queiroz e aos vizinhos (caladíssimo). É claro, que não vou mencionar fatos constrangedores como “golden shawer”, ofensas à Pirralha e nem ao respeitado Paulo Freire. É óbvio que preferi pensar que Olavo de Carvalho não existe e que o terraplanismo foi brincadeira surreal. Machismo, ditadura, sexismo, preconceitos: nem pensar. E não poderia ser de outro jeito, pois a trilha sonora imaginária e que se presentifica na redação corre por conta da inefável Simone, repetindo a versão da letra feita por John Lenon e sua amada Yoko Ono: “então é Natal, e o que você fez? O ano termina e nasce outra vez/ Então é Natal, a festa Cristã/ Do velho e do novo, do amor como um todo”... 

Consciente da nova proposta, aos poucos me vi pesquisando as atitudes humanizadoras do presidente, e, fato por fato, fui “aladainhando” situações mais simpáticas, temas que pudessem fazer o nosso chefe de estado mais aceitável como ser social, quiçá cabível na conveniente imagem de político que aprende com o posto. Foi assim que revisitei alguns pontos capazes de trocar a percepção raivosa e pouco instruída do chefe de estado. E achei. Por incrível que pareça, achei. Como critério nessa busca ansiosa, resolvi partir do geral para o particular, não sem antes reconhecer que nossos deputados e senadores, bem como o Supremo Tribunal de Justiça, em que pese tudo de ruim que os ambienta numa política de continuidades, têm salvado a pátria. E ajudado o presidente. 

Numa ordem decrescente, pois a questão com a China cintila forte. Lembremos que na campanha o nosso maior parceiro econômico foi demonizado e no verbo eleitoral insanamente ameaçado de ser empurrado para fora. A China era comunista e queria comprar o Brasil. Mudou. Mudou felizmente e num gesto de deslize exagerado, quando visitou a China até a classificou como “capitalista”. Vivas! O presidente aprendeu, e mudou. 

No mesmo entusiasmo – ainda que a ingenuidade se fizesse sombra – buscando apoios originais, o presidente se entregou a saudações com Israel. Sem ser alertado dos riscos de apoio (não ao estado, mas ao primeiro ministro Nethanyahu, acusado de corrupção) o presidente se empenhou na transferência de nossa embaixada da capital do Estado de Israel, de Tel-aviv para Jerusalém. Foi preciso que parceiros econômicos do porte do mundo árabe mostrassem sua zanga para que a dispendiosa e inútil atitude fosse deixada de lado, pelo menos temporariamente. Novamente o presidente aprendeu alguma coisa. 

Bolsonaro tem sido considerado “pé-frio” e dois exemplos servem de faróis para tanto: 1- no apoio a Macri, numa interferência agressiva à política interna de país estrangeiro e ao factóide montado para projetar o filho futuro/ex/candidato a embaixador do Brasil nos Estados Unidos. No primeiro caso, depois de bater o pé e dizer que não ia à posse do nosso terceiro maior parceiro econômico, ou sequer mandaria representante, se retratou e enviou o vice-presidente. Aprendeu, outra vez. Mas falando da inicial devoção aos Estados Unidos, o presidente se achava alinhado fraternalmente ao grande amigo do norte continental, os Estados Unidos. Sem entender bem o desenho da aquarela internacional, sugerindo-se íntimo da família presidencial, com filho supostamente freqüentando o lar dos Trump, deu-se muito mal quando constatou que não estávamos entre os indicados para lugar no sonhado OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico). Nosso presidente ficou quieto frente a escolha da Argentina e da Romênia. De maneira prudente e com elogiosa discrição, a mágoa foi contida pelo silêncio continuado. Sábia decisão. E estamos pagando com subsídios pesados sobre o aço e alumínio a subserviência inicial. Mas sem dúvidas, nosso senhor de Brasília aprendeu. 

Com estas lições postas, com a esperança compatível com as festas, na redondeza dos anos que espelham dois 20, desejo a todos boa sorte no ano que vem. E que as lições aprendidas pelo presidente sirvam de mote para que tenhamos também paciência, humildade e resignação...

   

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

TELINHA QUENTE 389


Roberto Rillo Bíscaro

Um perturbado psicólogo ajuda a polícia sueca a desvendar crimes brutais.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

CAIXA DE MÚSICA 394

Roberto Rillo Bíscaro

Um álbum deslumbrante e diverso da nova geração da nossa rica MPB.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

TELONA QUENTE 314


Roberto Rillo Bíscaro

A jornada emocional e geográfica de um pai, que precisa aceitar sua filha com severo caso de paralisia cerebral.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

CONTANDO A VIDA 294


PEQUENAS GRANDES MUDANÇAS. 

José Carlos Sebe Bom Meihy 

Que o tempo passa não resta dúvida alguma. Nossos corpos denunciam: cabelos embranquecem, músculos ficam plácidos, a vista se debilita, o cansaço insiste, debilidades mil... Quando chegamos lá, num piscar de olhos, vemos que as coisas também mudam. Árvores envelhecem, animais domésticos morrem, modelos de carros tornam-se obsoletos, aparelhos elétricos queimam e perdem validade. O efeito dos álbuns fotográficos nos surpreende com flashes de registros hoje inimagináveis. Até o clima padece alterações e deixa avisos ameaçadores de novas mudanças. A moda dita regras que se opõem às antigas, e o consumismo reafirma as configurações dos novos tempos. Ser moderno é um pouco desmentir o passado disfarçando as marcas do pretérito. 

Há duas formas de constatação do tempo, uma abrupta, outra mansa, ambas perversas. A primeira me faz lembrar o filme do italiano Federico Fellini “E la nave vá”, feito em 1983. A película narra a história do funeral de uma cantora de ópera que tem suas cinzas carregadas, em patético séquito, em um navio no qual os fiéis fãs as espalhariam no mar. A encomenda da falecida mandava que se buscasse o rumo de uma ilha, local de seu nascimento. A intenção do grupo muda de qualidade quando se descobre que o capitão teria acolhido clandestinamente um bando de refugiados e, em consequência, se daria um ataque de navio inimigo, situação que transformava os amigos da falecida em prisioneiros cúmplices. O tom surrealista do encaminhamento da história permite pensar que a vida é um delírio e que o inesperado exerce papel crucial na existência. 

Queiramos ou não a única certeza que nos resta é a morte. Mas, antes dela envelhecemos. Sou daqueles que acham que fazer 60 anos é – para os que lograram chegar até essa idade – a mais importante celebração de qualquer vida. “Sessentar” implica fazer uma opção decisiva: que tipo de velho se quer ser? Serei um desses ranzinzas, chatos, irritadiços, ou pelo contrário, um velhinho simpático, gentil desses que tem vocação para Papai ou Mamãe Noel? Pois bem, pensando no fluir do tempo, dia destes, dei conta das transformações que se operam em surdina, na intimidade da chamada “realidade geracional”. Sim, é bom olhar os mais jovens e notar como as pequenas coisas, os detalhes de nossos cotidianos mudaram. É preciso certa perspicácia para medir a vida por alterações sutis implicadas nas formas de viver. Notei, por exemplo, que não se vê mais crianças com braços ou pernas quebradas, que os jovens não têm mais espinhas na cara, que as vidraças não são mais quebradas e não são vistas mais brigas de alunos nos portões das escolas, nem vendedores de balas caseiras, de quebra-queixo ou maria-mole. Estranho, não?! Não é que alguns objetos que faziam parte do erário infantil são desconhecidos hoje? E podemos começar pelas velhas enciclopédias que instruíam nossos saberes curiosos: Tesouro da Juventude, Barsa, Larousse... 

Fiquei estarrecido dia desses quando tive que explicar para um menino o que era estilingue e bolinha de gude. Máquina de escrever exerce poder de maravilhar esta geração que já nasceu no reino dos eletrônicos. Nem se fala mais de coisas como “cair a ficha”, “virar o disco” ou “tirar retrato”. Entendi melhor quando, em conversa com um jovem, exaltei o tamanho de um bolo de aniversário dizendo que “era tamanho família” e minha surpresa se explicava pela presença no mesmo evento de pais separados, mas com seus novos pares, sendo inclusive que o pai estava junto com seu novo marido. Então, “tamanho família” não fazia mesmo sentido, nem “pegar o bonde”. 

Dando corda (ai meu Deus, “dando corda”, imagine) a essas reminiscências lembrei-me de sambas antigos onde “Amélia era mulher de verdade, não tinha nenhuma vaidade” e as mulatas podiam ser “Bossa nova e cair no hully gally” e só dava ela, como queria João Roberto Kelly, e, para espanto meu, vi que Lamartine Babo seria censurado se apresentasse hoje “O seu cabelo não nega mulata”. Tudo muda e a aceleração do tempo torna o vertiginoso sutil. Nem notamos... 

Fazendo pálido inventário dessas coisas, filosofei sobre a fatalidade das transformações, Elas podem ocorrer de duas formas: pela surpresa de um evento ocasional (outra vez Fellini reponta mostrando o impacto das interferências externas e inesperadas), ou pela mansidão natural dos desgastes. Somando tudo, entende-se melhor a insistência no uso contemporâneo do termo “memória”. A seletividade das lembranças é mágica e nos faz presentificar tudo, mas será que memória também não se inscreve no processo de mudanças totais? Hoje é fácil constatar o avanço do chamado mal de Alzheimer e, então, resta esperar que as pequenas grandes lembranças da vida continuem a fazer de nosso momento existencial algo mais aceitável. Senão, senão é melhor esquecer tudo...        

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

TELINHA QUENTE 388


Roberto Rillo Bíscaro

Um assalto a banco na Bélgica é analisado sob diversos pontos de vista, durante e depois da ação, cheia de reviravoltas.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

CAIXA DE MÚSICA 393

Roberto Rillo Bíscaro

Em seu primeiro álbum, a dupla de São Francisco faz dançar com funks caprichados, além de chamar convidados mais do que especiais pra muito soul e jazz. Há momentos em que a vibe é bem anos 80.

domingo, 15 de dezembro de 2019

DESEDUCADORA

Professora pára no tribunal por discriminar albino em Nampula

Nampula (IKWELI) – Uma professora em exercício na cidade de Nampula, no norte de Moçambique, está sendo acusada de ter discriminado a um cidadão com falta de pigmentação da pele e, em consequência, a 4ª Secção do Tribunal Judicial da cidade de Nampula está a dirimir um processo a respeito, cujo julgamento teve palco na última sexta-feira (6).

O denunciante chama-se José Rosário, um dos mais famosos albinos do maior centro urbano do norte de Moçambique, e durante a sessão de julgamento, disse ao juiz da causa que a referida professora que lecciona na mais populosa escola do país, a Escola Primária de Mutomote, tem o descriminado há bastante tempo, uma acção que se resume em proferir palavras ofensivas.

No entender da vítima, a atitude da autora representa uma forma de dissuadi-lo em continuar a cobrar ao seu marido, quando em vida, uma dívida contraída quando este vendia frangos.

“Eu era grande amigo do marido dela. Num belo dia, ele veio pedir vale de frango”, explicou Rosário, assegurando que o não pagamento começou a representar-se por palavras injuriosas vindas da professora.

A recusa no pagamento da dívida originou em uma discussão entre as partes, o que a esposa do devedor viu-se obrigada a entrar em defesa do seu marido, atiçando um mau ambiente que, também, envolveu outros moradores do bairro de Muatala, sendo que o mais representativo desentendimento surgiu no momento da reabilitação de uma via de acesso.

“Ela veio no local onde estávamos a reabilitar a estrada e disse que eu me fazia na zona como se fosse do município”, prosseguiu a vítima durante a audiência, para depois avançar que “também, disse que eu era um albino de merda e pobre”.

Numa outra abordagem, o queixoso disse que “perguntei porque ela estava a tratar-me daquela maneira, e ela disse que eu não devia dizer mais nada, uma vez que sou pobre e sem condição para pagar um advogado para fins de defesa em tribunal”.

Chamada em sua defesa em acto de perguntas, a visada negou as acusações que pesam contra si, apontando que a vítima foi quem a ofendeu.

“Nesse dia ele chamou-me de puta e que contraí HIV/SIDA porque segundo ele o meu marido terá morrido vítima da mesma doença. Ele sempre propalou essa mensagem para as pessoas com quem convive lá no bairro. Então, ele quando começou a me dar esses nomes apenas chamei-lhe de burro. Não lhe chamei de outros nomes porque eu sei que todas as pessoas com problemas de pigmentação da pele merecem respeito, e nunca lhe chamei de albino de merda”, defendeu-se a senhora, cuja identidade omitimos por presunção de inocência, entendendo que o caso ainda está sendo dirimido em sede de tribunal e não existe sentença transitada em julgado.

A discriminação de pessoas com falta de pigmentação da pele em Nampula tem atingindo proporções alarmantes, incluindo casos de rapto, assassinato e tráfico de partes do corpo dos albinos.

As autoridades judiciais têm se destacado no combate a estes males, punindo exemplarmente os que protagonizam actos de violação dos direitos das pessoas desfavorecidas, incluindo os albinos.

Para este caso, a leitura de sentença ficou marcada para o próximo dia 17 do corrente mês de Dezembro. (Constantino Henriques)

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

PAPIRO VIRTUAL 152


Roberto Rillo Bíscaro


No terceiro volume da trilogia de Lewis, Fin Mcleod tem que desvendar o mistério sobre a morte de um amigo, dezessete anos antes.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

CONTANDO A VIDA 293

SAL, SALÁRIO, SALADA, SOLDO, SOLDADO... 

José Carlos Sebe Bom Meihy 

Calcula-se que cerca de 800 palavras, na língua portuguesa, se iniciam com a raiz “sal”. É muito diriam alguns; outros, porém enviesarão o exagero para salientar os males que esse produto acarreta e, neste quesito, não faltam críticas, pois algumas até o colocam entre “os três pós brancos malditos”, juntamente com a cocaína e o açúcar. Sem dúvida alguma, o sal virou uma espécie de veneno e é condenado por especialistas que inscrevem o sódio entre os maiores inimigos da humanidade. E nem falta quem o enquadre como “problema de saúde pública”. Progressivamente caminhando para a negação, há milhares de referências ao sal, condição que não deixa de temperar debates. Os goumerts, claro, o exaltam e de regra evitam ataques diretos, tratando de mostrar as diversas e sutis variedades, supostamente menos perigosas: sal do Himalaia; sal rosa; sal de lagoas chilenas secas, hidratados, iodificados. Os prós e contras, contudo, seguem uma escalada sem precedentes e isso acende mais e mais debates, digamos, “salgados”. 

As crendices populares, por exemplo, estão cheias de sal, e vão desde o conhecido “sal grosso”, recomendado para “tirar o mau-olhado”, até a fatalidade de derrubá-lo sem querer, como presságio de má sorte e, sob essa eventualidade, aconselha-se que seja jogado um tanto maior por cima do ombro direito para compensar. Até a benção no batismo católico inclui o sal, quando o celebrante faz o sinal da cruz na testa do neófito. Há muito mais diga-se, e chega a ser surpreendente o repertório sobre o sal nas reminiscências gerais de todos os povos da Terra e nas mandingas familiares, inclusive das nossas. Em diversos níveis, do popular ao científico, do religioso à pândega, é difícil dizer o que seria a vida sem o sal. Diz-se, na linha folclórica, inclusive, que a cada grão caído há de ser derramada uma lágrima. E isto não é só coisa de países de fundo ibérico onde aliás, o maior poeta, Fernando Pessoa, escreveu “ó mar salgado, quanto do teu sal, são lágrimas de Portugal!/ por te cruzarmos, quantas mães choraram/ quantos filhos em vão rezaram!/ quantas noivas ficaram por casar/ para que fosses nosso, ó mar!”. E nem é só lá: os japoneses quando vão a um funeral devem levar um pouco de sal nas roupas; na Argentina, diz-se que alguém com má sorte está “salgado”; na Itália recomenda-se que os saleiros não passem de diretamente de mão em mão, e que sejam colocados à mesa para que os solicitantes os peguem; na Jordânia, a noiva deve dar um sache de sal para o marido antes do casório; no México um pacote de sal deve ser deixado ao lado dos túmulos no dia dos mortos; na Irlanda recomenda-se que à cada mudança de casa, seja colocado um pote de sal antes da entrada dos pertences. E por que será que no Brasil colonial era recomendado que mulheres virgens não servissem sal? Lembremos do bordão “será que salguei a Santa Ceia” na boca do personagem Félix Khoury, o vilão interpretado por Matheus Solano na novela Amor à Vida de Walcyr Carrasco... Aliás, uma das obras mais famosas do Renascimento, A Santa Ceia de Leonardo da Vinci mostra o sal derrubado por Cristo como anúncio de mal auguro. Nenhuma referência seria completa sem falar do sal nas músicas, seja com Nando Reis e principalmente com Elis Regina cantando “Água vira sal lá na salina/ quem diminuiu água do mar/ água enfrenta o sol lá na salina/ sol que vai queimando até queimar/ trabalhando o sal” 

Seguramente, a Bíblia é a fonte mais generosa para informações sobre o sal e no Cristianismo, pois são 25 os versículos encontrados, sendo o mais famoso o contido na passagem em que Jesus, depois de nomear as “bem-aventuranças” diz publicamente “vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens” (Mateus 5:13). A par das discussões sobre o sentido do sal para abençoar ou excomungar, bendizer ou amaldiçoar, há uma passagem espetacular quando num gesto de castigo, o Deus Todo Poderoso, no ato de destroço de Sodoma e Gomorra, transforma a mulher de Ló em estátua de sal (Juizes 9, 45). 

Mas, independente de juízos, historicamente o sal sempre foi importante, fundamental mesmo. Conta-se até que era deixado em testamento como bem, já na antiguidade romana quando servia para conservar alimentos. Salário seria o ganho de mercenários nas guerras – soldados – e, depois virou pagamento de trabalho alongando metaforicamente o resultado de jornadas. Salada é a mistura de legumes e demais produtos salinizados; e salgadinho os aperitivos gerais servidos antes de refeições ou nas festas. É possível que no futuro o sal seja recriminado como componente alimentar, mas jamais saíra de nosso imaginário e de nossa boca que, é bom lembrar, o testa pela saliva. Pois, é será que o sal tem salvação? Ou é melhor saltar deste debate salteado?

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

PROTETOR E ÓCULOS GRÁTIS

Comissão aprova obrigação de o SUS fornecer protetor solar e óculos escuros a albinos

A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou proposta que obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a distribuir mensalmente aos portadores de albinismos protetor e bloqueador solar, além de óculos escuros com proteção contra os raios UVA e UVB.

Isso deverá ser feito por meio de trabalho articulado entre o Ministério da Saúde e secretarias estaduais e municipais de saúde. A proposta também obriga o SUS a fornecer gratuitamente aos portadores de albinismo peças de vestuário fabricadas com tecido dotado de fator de proteção solar igual ou superior a 50, em até 30 dias após ser protocolado requerimento com laudo médico.


O texto aprovado é o substitutivo do relator, deputado Pedro Lucas Fernandes (PTB-MA), ao Projeto de Lei 8033/17, do deputado Pr. Marco Feliciano (Pode-SP), e projetos apensados (PLs 8035/17 e 3227/19).

O albinismo é uma desordem genética que inibe a produção de melanina – pigmento que dá cor a alguns órgãos e protege da radiação do sol –, causando problemas na pele e nos olhos. "A maioria dos albinos enxerga com menos de 30% da capacidade total dos olhos", ressalta Pedro Lucas Fernandes. “O grande inimigo dos albinos, contudo, é o câncer: a doença é a que mais mata prematuramente os portadores de albinismo”, completa.

Segundo o deputado, não há hoje no País nenhuma política pública em vigor que auxilie os portadores de albinismo diretamente.

Outras medidas
O substitutivo também estabelece prioridade, nas unidades públicas de saúde, para o atendimento e o tratamento de portadores de albinismo, em especial para a realização periódica de exames oftalmológicos e dermatológicos para o monitoramento dos riscos de cegueira e de câncer de pele.

A proposta assegura ainda aos portadores de albinismo recursos e serviços educacionais especiais, nas escolas públicas, que lhes permitam serem educados de acordo com suas necessidades e capacidades individuais. Isso significa, por exemplo, acesso a textos e livros impressos em tipos ampliados, que compensem limitações individuais.

Ainda segundo o texto, o poder público deverá incentivar maior participação dos albinos no mercado de trabalho, por exemplo, por meio de sistemas de colocação seletiva e serviços de habilitação profissional.

Outra proposta
Na Câmara já tramita o Projeto de Lei 7762/14, do Senado, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Albinismo. A proposta aguarda votação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Tramitação
Já o PL 8033/17 e apensados agora serão analisados ainda, em caráter conclusivo, pelas comissões de Educação; de Seguridade Social e Família; de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Reportagem - Lara Haje
Edição - Marcia Becker

TELINHA QUENTE 387


Uma viúva furiosa procura quem estava ao volante do carro que matou seu marido e fica amiga de uma otimista excêntrica – mas ela não é bem o que parece.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

CAIXA DE MÚSICA 392

Roberto Rillo Bíscaro

Durante quatro décadas, rico material funk/disco/soul ficou "perdido", até ser resgatado e lançado em álbum.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

TELONA QUENTE 313


Antes da Segunda Guerra Mundial, a atriz tenta realizar seus sonhos em Berlim, mas seus planos são arruinados quando ela se torna amante de Joseph Goebbels.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

CONTANDO A VIDA 292

OS CARECAS E A BÍBLIA 

José Carlos Sebe Bom Meihy 


Não sei dizer quantas vezes estive na Capela Sistina, em Roma. Não sei dizer também quantas mais quero voltar. Sou daqueles apaixonados pela Cidade Eterna. A exuberância histórica dimensionada em monumentos, fontes, praças, edifícios antigos, exerce fascínio que me faz sentir respeitoso em vista do passado. É fácil se sentir grandioso em Roma e admirar o engenho humano como continuidade digna da História. Sempre que posso me deixo perder nas ruas romanas, e me largo em caminhos sem rumo, indo ao léu no aguardo de surpresas sempre renovadas. Gosto de seguir o instinto e assim entendo melhor o significado comandado pelo hemisfério direito do cérebro que, segundo Daniel Pink no livro “A Whole New Mind”, contrapõe a razão linear, planejada, reta, às virtudes da arte, empatia, inventividade. Não há, aliás, como deixar o valor dessas andanças quase espontâneas por algumas cidades como Praga, Barcelona, São Petersburgo, Veneza, e principalmente Roma. É lógico que temos cidades brasileiras que também encantam como nosso Rio de Janeiro, Recife, Salvador entre outras. 

Dentre tantas maravilhas na capital da Itália, o fato de abrigar um outro país inteiro, o Vaticano, torna-a ainda mais peculiar. E no ambiente papal, temos alguns dos tesouros mais valiosos do prodígio humano, o Museu do Vaticano. Concordo com a maioria dos guias que saúdam a Capela Sistina dos pontos mais espetaculosos do roteiro de qualquer agenda turística. Tudo naquele trajeto deslumbra, a começar pelos corredores e salas anteriores, contendo o melhor da arte da Alta Renascença Italiana. Chegar à Capela Sistina é sinônimo de epifania. E respira-se, então, o melhor da História... A mando do Papa Sisto IV, (daí o nome Sistina), entre 1477 e 1480 foi edificado complexo da Capela onde, de 1508 até 1512, Michelangelo comandou a produção daquele que é dos mais importantes afrescos da arte cristã. Tudo chama atenção no majestoso painel que contem nove cenas do Gênesis, dentre as quais A Criação de Adão que, aliás, é a mais famosa. Um destaque do afresco é mais conhecido que os demais: o encontro das mãos de Deus e Adão, do Criador e da Criatura. Tudo é espetacular, tudo. Tudo inclusive a imagem do Pai flanando em nuvens e com os cabelos longos soltos ao vento. Pois é, o Deus Pai é cabeludo! Creio que a maldição dos carecas tem a ver com essa representação testada em inúmeras outras obras de arte. O modelo de homem, inclusive na velhice, de cabeleira farta desafia a aceitação estética dos calvos, pois se afinal o Pai de todos é cabeludo... Imagino que seria quase herético supor o Deus Maior, todo poderoso, sem suas fartas madeixas. Nem pensar... 

Pois bem, foi com este introito que voltei a leitura da Bíblia e me deparei com o teorema “Deus X carecas”. E achei algo intrigante na passagem que aborda o incidente entre o profeta Eliseu e 42 jovens que foram mortos por duas ursas raivosas (Reis 2. 23-25). Tudo é intrigante no caso, sobretudo porque o Pai castigou sem piedade os moços (cabeludos) que bradaram contra o singular profeta desprovidos de cabelos. Diz a passagem que os incrédulos zombavam do assombro contido na revelação do profeta Elias que teria sido alçado aos céus num vertiginoso redemoinho. Por sopro divino, Deus teria promovido Elias a outro plano para provar a imortalidade da alma. E os incrédulos, os tais moços soberbos e preconceituosos, sabendo que Eliseu era sucessor do abduzido Elias, em procissão, incitavam o careca seguidor a fazer o mesmo, a subir ao céu. Aos gritos a turba gritava “Sobe, calvo, sobe, calvo!”, desafiando Eliseu também a fazer o mesmo que seu modelo. O relato bíblico torna-se intrigante ao ponto de revelar ameaças vitais do enfurecido grupo, e, assim, o Senhor interveio e fez sair da mata duas ursas famintas que, num rompante violento matou os 42 jovens. 

Confesso que sendo careca, achei Deus Pai ainda mais simpático. E fiquei perplexo com a antiguidade das pechas contra nós homens pobres de cabelos na cabeça. Por ironia, na longa lista de santos protetores de profissões, ofícios, carências, doentes ou afetados por problemas diversos, não achei um que se remetesse à nos. Encontrei sim um dado curioso, o “dia do careca”. Sabe, tudo se agravou pois o calendário definiu que é exatamente no dia anterior ao meu aniversário, 14 de março... O que isto significa? Nada. Apenas me permite evocar castigos divinos se os detratores de meus poucos cabelos me chamarem de “careca”. Juro que se isto ocorrer vou evocar o Criador e ficar aguardando os dois ursos saírem em minha defesa.

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

TELINHA QUENTE 386


Na sala de interrogatório, investigadores questionam suspeitos e tentam desvendar a verdade – mesmo que, para isso, tenham de quebrar regras e colocar tudo em risco.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

CAIXA DE MÚSICA 391


Roberto Rillo Bíscaro

O veterano da cena acid jazz britânica está de volta, mais chique e forte do que nunca.

MEME ALBINO

Chamado de filho de Sugar Daddy, bebê albino vira meme e mãe decide conscientizar as pessoas sobre o albinismo

Patricia Williams ficou chocada com os comentários e chegou a enviar mensagens criticando a ação das pessoas pedindo que tirassem o meme do ar, mas não impediu sua propagação
O bebê Rockwell é albino, condição genética que interfere na pigmentação da pele, do cabelo e dos olhos. Após sua mãe postar fotos do filho com o cabelo branco, as pessoas começaram a fazer memes com sua imagem. Em um dos post, há uma foto de Rockwell e uma legenda "Quando se engravida de um Sugar Daddy, termo utilizado para se referir há relacionamentos de um homem mais velho com uma mulher mais nova. 

Segundo informações do Metro, a princípio, a mãe Patricia Williams ficou chocada com os comentários e chegou a enviar mensagens criticando a ação das pessoas pedindo que tirassem o meme do ar. No entanto, não conseguiu impedir a propagação do meme. 

Incomodada com a situação, a mãe decidiu usar a "fama" do filho na internet para aumentar a conscientização sobre o albinismo. Patricia tem mais um filho com albinismo: Redd, de 7 anos. Segundo a mãe, quando Redd começou a frequentar a escola era sempre ridicularizado, devido a sua aparência. 

A mãe diz que quando confirmou que seu filho era albino disse que ficou chocada no início. Ficou preocupada como seria o futuro dele, se ele teria problemas com o sol ou mesmo se ficaria cego. Com o tempo, a mãe foi aprendendo a lidar com a condição de Redd, que lhe preparou para cuidar de Rockwell também. 

‘Nunca esperei que as fotos do meu filho se tornassem virais nas redes sociais. Depois que comecei a ganhar mais e mais seguidores, comecei a fazer muitas perguntas e percebi que o albinismo ainda é muito desconhecido para as pessoas", disse Patricia ao Metro. Segundo, a mãe, um dos mitos com relação ao albinismo que mais a incomoda é de relacioná-lo a uma doença mental. "Isso não tem nada a ver com o albinismo", afirma.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

PAPIRO VIRTUAL 151


Roberto Rillo Bíscaro

No segundo livro da Trilogia de Lewis, Fin Macleod volta à ilha e se envolve na investigação sobre um corpo encontrado na praia. Que segredos do passado jazem ali? 

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

TELONA QUENTE 312


Roberto Rillo Bíscaro

Há filmes que dataram melhor ou pior, por motivos ideológicos, técnicos ou de convenção. Hoje, nem nós mais experientes temos muita paciência pra longas aberturas ou melodramas exagerados ao som de chorosos violinos. Ficção-científica fica velha de hora pra outra. Como os computadores de começo deste milênio já nos aparentam desengonçados e mastodônticos, não?
Se dermos alguns descontos a This Island Earth (1955), ainda dá pra apreciar. Nunca se pode esquecer que 6 décadas nos separam, mas a história ainda tem elementos pra manter nossa atenção.
Um cientista e piloto bonitão é misteriosamente salvo por uma luz verde, quando seu avião está prestes a se espatifar. Depois, recebe um kit pra montar e quando junta as peças é um intercomunicador superavançado, que o põe em contato com um senhor de cabeleira alva, convidando-o prum lugar secreto, onde maravilhas tecnológicas estão sendo desenvolvidas. O Dr. Cal fica curioso (embora o roteiro atribua essa característica às mulheres, mais tarde) e vai pro local, uma enorme mansão em estilo sulista. Lá descobre que a origem de tanta pesquisa está bem mais distante.
Adaptado de pulp fiction, This Island Earth poderia ter roteiro mais articulado. Algumas coisas ficam bem mal motivadas (se é que têm motivação), mas como passatempo funciona até hoje, porque é capaz de criar suspense e tem efeitos especiais e cenários convincentes. O filme é da Universal, então teve orçamento, uns 800 mil dólares, e foi filmado em cores e Cinemascope, uma das maiores revoluções da indústria cinematográfica, que hoje sequer conseguimos dimensionar. Com essa técnica, as telas passaram a ser as gigantes que sempre conhecemos, mas nossos avós, na juventude, não.
This Island Earth é um dos clássicos sci fi dos anos 50, na verdade, é um sci fi thriller, até homenageado por Spielberg em seu clássico ET, o Extraterrestre.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

CONTANDO A VIDA 291

A ÁRVORE E A VIDA, A VIDA COMO ÁRVORE.


José Carlos Sebe Bom Meihy

Pois é, bastou optar por nova leitura crítica da Bíblia para que os efeitos da apreciação se irrompessem como ramos de árvore frondosa, dessas admiráveis pela formosura, tamanho e vitalidade. E como a proposta era exercitar complexidades, a começar pela semente, estava proposta uma aventura desdobrável. Devo dizer que sempre senti estranho fascínio pela Sagrada Escritura. Desde garoto, lembro-me de passagens que me encantaram, e casos como a Arca de Noé, Daniel na cova dos leões, a relação de Balaão com seu jumento que falava, tudo junto, fez com que percebesse no Livro diretor do cristianismo a maior e mais exuberante fonte de imaginação. Tudo está lá: amor, ódio, intriga, perdão. E nem há mitologias ou épicos comparáveis. Para mim, nem os gregos, romanos, incas ou egípcios superam as prolíferas narrativas. Sequer a Ilíada ou a Odisseia de Homero com as peripécias de Ulisses, se comparam. A Bíblia é insuperável... E não estou falando apenas de seus efeitos religiosos, pois comparável com outros textos sagrados é, em termos de alegoria, superior ao objetivo Torá (judaísmo), ao pedagógico Alcorão (islamismo), ao discreto Mahabharata (hinduísmo) ou ao Dhammaparta com os provérbios de Siddharta. Sei que preside algo de profano neste tipo de abordagem, mas, por favor, perdoem-me. É irresistível e que presida a certeza de que não promovo leitura herética.

Leva já algumas semanas que estou ancorado no Gêneses e não poderia ser de outra forma. Além de pálida escolha de textos analíticos e paralelos, procedi a um passeio pelas retomadas do casal matriz, Adão e Eva, e aprendi que decorridas mais de 150 gerações desde aquele então, passamos por artistas como Michelangelo, Dürer, Rafael, Rembrandt, Shakespeare, La Fontaine, Freud, Hemingway, Bob Dylan, entre muitos outros. Diria que dentre tantos aspectos analisáveis, um chamou-me mais a atenção: a metáfora da árvore. Por que será que Deus escolheu a árvore como testemunha da origem do pecado? E por que a fez suporte para a serpente tentar Eva? De toda forma, sem nenhuma dúvida, a árvore se tornou protagonista das duas mais consequentes marcas humanas: o erro e a culpa. E desde então a árvore tornou-se metáfora e alegoria importante para tudo na vida. Sob a rubrica intelectual, este tema é abordado com profundidade no texto “Mil Platôs” assinado pela dupla Deleuze e Guattari, pais da nova crítica francesa e afirmadores do pós-modernismo. 

Comecemos pela denominação bíblica “árvore da vida” ou “árvore do conhecimento”. Segundo o relato dos momentos inaugurais do Éden, Deus teria criado a árvore para que depois da procriação, os filhos de Eva pudessem se alimentar pela eternidade na alegria da paisagem divinal. Logo tentados, os dois – primeiro ela, depois ele – não resistiram e desobedeceram ao Todo Poderoso comendo o fruto proibido. Expulsos, tiveram com seus descendentes que “ganhar o pão com o suor de seus rostos”. Estava inventado o trabalho para o sustento. A noção de “árvore genealógica”, aquela que define as sucessões familiares decorre disto. O registro de antepassados com nascimentos e mortes, além de casamentos e descendência é prova da modelagem arbórea. Com certeza a metáfora da semente é garantia do uso da árvore como exemplificação de potencialidades. A mensagem passada é que a fertilidade da terra permite pensar a germinação que, aliás, garante um dos dizeres mais constantes “a boa árvore dá bons frutos” e tudo depende da semente. A noção de “tronco” é óbvia e na mesma lógica fala-se da ramagem, das flores e dos frutos. É evidente que os benefícios da árvore frondosa se multiplicam como local onde pássaros constroem, preferentemente, seus ninhos e servem de ambiente para as crias. O mesmo se diz de alguns roedores e assim conclui-se que, como metáfora ou alegoria, a árvore é justificada como recurso dos mais usados. Em relação às flores e frutos nem é necessária maior exploração.

Como se propõem críticas à leitura bíblica, por certo cabe relacionar a árvore à condição fixa, ou seja, a planta que não se move, que permanece presa ao solo. O progresso da leitura sagrada, no entanto, sugere novos olhares. É quando então se contrapõem as funções dos filhos de Adão e Eva, Caim e Abel. Amaldiçoado pelos genitores, Caim é expulso do meio familiar e sai errando pelo mundo. Abel, abençoado é premiado com lavoura fixa. Em termos de tradução moral, Caim é desgraçado, pois tem que desdobrar o castigo dos pais que tiveram que perder as delícias do Paraíso. Abel, filho premiado ganha o direito de ficar e assim se torna personificação da árvore. Caim, o filho mau, teve que ganhar o mundo e com ele se abre outra aventura metafórica ou alegórica: o rizoma... Árvore ou rizoma, Abel ou Caim, bem, isto é outra história e outra história bíblica é sempre semente de bons casos... Opa! Minhas crônicas cumprem funções arbóreas ou rizomáticas? Deixem-me pensar. Prometo respostas no exame dos irmãos, filhos de Adão e Eva.