sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

PAPIRO VIRTUAL 130


Roberto Rillo Bíscaro
Sempre que cabível/possível, comento sobre convenções de meu subgênero de horror predileto, os slasher films, especialmente ao destacar produções que as subvertem ou escancaram.
André Campos Silva, que se doutorou em 2014, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (RS), prefere chamar esses lugares-comuns de clichês, em sua tese O Processo Comunicacional do Clichê Cinematográfico em Filmes de Terror Slasher. Bem que ele poderia, de vez em quando, ter substituído clichê por convenção, lugar-comum etc. Menos repetitivo.
A pesquisa problematiza o clichê no cinema, entendendo-o como processo comunicacional que ajuda a contribuir com a compreensão da forma e do conteúdo dos filmes. O foco do estudo recai sobre os clichês presentes no subgênero de terror slasher, por meio de conexões com o arquétipo da sombra. Ou seja, o autor tenta abordagem meio psicanalítica. Mas, ela jamais se dá em profundidade (ainda bem, fica mais fácil de ler pra nós que queremos apenas aprender mais sobre a parte “técnica” dos filmes)
Tratando-se de texto acadêmico, há os necessários capítulos de conceituação, dos quais o único não tão interessante pra quem só quer se informar sobre filmes de terror é o terceiro, que aborda o discutível conceito de clichê, usado por André.
O restante é bem informativo ainda que se discorde das ferramentas analíticas. Ele tem que fazer passeio pela diferença de horror, terror, fantasia e ficção-científica; conceito de protagonista, herói.
Ele conta que assistiu a dezenas de filmes slasher (quais?) e escolheu meia dúzia, que representariam a idade de ouro do subgênero. Na verdade, são menos, porque uma das produções é um dos pais dos slashers, o hitchcockiano Psicose. Não entendi sua inclusão na parca lista, uma vez que muitos dos clichês nem se aplicam, porque Psicose é slasher. E há filmes sequer citados que prenunciam e até criam alguns dos clichês, como Black Christmas. Indubitável a necessidade de apontar a importância de Norman Bates como inspiração (O Sam Loomis de Halloween não tem esse nome por acaso), mas daí teria também que ter falado de A Bay Of Blood (1971).
Além do clássico de 1960, André usou Halloween (1978), Sexta-Feira 13 (1980), A Morte Convida para Dançar (1980), Dia dos Namorados Macabro (1981) e A Hora do Pesadelo (1984). Se tivesse usado Acampamento Sinistro (1983), Chamas da Morte (1981) e tantos outros, daria muito mais consistência ao capítulo onde apresenta os clichês, corretos, mas algumas vezes, sub-explorados.
O Processo Comunicacional do Clichê Cinematográfico em Filmes de Terror Slasher está disponível para leitura/download grátis e legal, no link:

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