Roberto Rillo Bíscaro
A estreia de Judith Hill teve as bênçãos de ninguém menos
que Prince, que participou do processo de criação e execução de Back In Time
(2015), resenhado aqui. A norte-americana não parou de se apresentar, mas não
lançou nada durante três anos. Em entrevista, contou que a morte de seu mentor
e amigo ainda lhe dói e foi um dos motivos pela ausência de lançamentos.
Dia 13 de novembro, finalmente, saiu seu segundo álbum,
Golden Child, que intercala canções de cunho pessoal com letras sobre a
necessidade de união, nesse planeta tão cindido. Demonstrando amadurecimento
como compositora, o que chama mais a atenção, porém, em termos técnicos, é a
extrema elasticidade do vocal, que pode ir do cristalino gorjeio etéreo à
Minnie Riperton, no urban soul de Chasing Rainbows à voz raspada à Janis Joplin,
no blues-rock de I Can Only Love You By Fire. De uma faixa a outra, parece que
há intérpretes distintas.
Sua Majestade Púrpura informa o funk de You Can’t Blame
Me, desde os arranjos aos vocais e ao infeccioso riff. Não que seja cópia, é
que Prince influencia meio mundo há décadas; não tem muita escapatória. A
porção funk do álbum é deliciosa e conta ainda com grandes faixas como The
Pepper Club e a setentista Gipsy Lover. Queen Of The Hill também é funkeada,
mas com a produção mais contemporânea do álbum, com vocais altamente
processados.
Os tributos ao Rhythm and
blues são prestados com Hey Stranger e a balada-bluesy Irreplaceable Love. E é
com uma espécie de power-ballad oitentista, empoderada com coro gospel, que
Hill fecha Golden Child: sonicamente, We Are One não tem muito a ver com o
resto do material, mas o clamor por unidade da letra, resume tematicamente um
trabalho que demonstra bem o crescimento de Judith Hill como compositora e
intérprete.
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