Roberto Rillo Bíscaro
Viuvez/divórcio, filhos vivendo suas próprias vidas com
respectivas famílias são duas das razões para a alta taxa de solidão entre
idosos. O problema é tão sério, que, ano passado, na Grã-Bretanha, a
Primeira-Ministra Theresa May criou uma espécie de secretária da solidão, órgão
que visa a desenvolver estratégias para diminuir o problema. Diz-se que falta
continuada de interação social pode ser tão danosa como consumir muitos
cigarros ao dia.
A Netflix tem um filme muito bonito sobre um homem
(Robert Redford) e uma mulher (Jane Fonda), que deixam de dar ouvidos às
possíveis fofocas e decidem ser felizes juntos. O começo é algo surpreendente:
uma noite, Addie bate à porta de seu vizinho Louis e à tira-roupa propõe que
passem as noites juntos. Nada de sexual na proposta; é apenas para ter
companhia no pior momento do dia, segundo ela. Por isso o título: Nossas
Noites.
Vizinhos há décadas, num daqueles subúrbios longe de
tudo, ambos mal se conhecem, mas aos poucos forjam amizade/aliança, que envolve
a formação de um tipo de família extensa. Nossas Noites não está muito
interessado em dramatizar sacarinamente a terceira idade, mas mostra como a
bagagem emocional e dos atos pesa nas decisões e sonhos do presente. Mas,
também ressalta que há mais de um tipo de relacionamento/arranjo possível para
domesticar a solidão e tentar ser feliz, mesmo que convivendo com os
inevitáveis fantasmas do passado.
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