quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

TELONA QUENTE 274



Roberto Rillo Bíscaro

Deve ser infinitesimal a probabilidade de alguém alertar prum tsunami, não ser ouvido, salvar várias vidas, quando a catástrofe se instaura e, três anos depois, prever um terremoto, ninguém acreditar e o sujeito conseguir salvar pelo menos parte de sua família. Como a Noruega corre risco de terremoto e A Onda fez sucesso (tem na Netflix), os produtores decidiram dar uma de Sharknado e botar o geólogo Kristian enfrentando novo desastre natural. Não que Skjelvet (2018) seja absurdamente podre como a série dos tornados de tubarão. Ao contrário, como seu antecessor, é muito recomendável.
Depois da submersão de Geiranger, Kristian não superou seu trauma e vive isolado numa cabana, evitando contato até com sua filhotinha. A morte misteriosa dum colega de profissão faz com que o trêmulo protagonista se dirija à Oslo, onde tenta alertar autoridades que os cortes de energia e rachaduras estruturais, cada vez mais frequentes, são prenúncios dum megaterremoto. O sucesso d’A Onda elevou orçamento pra sequela, por isso a crível escolha da capital norueguesa: agora há prédios pra derrubar, usando computação gráfica. Eficiente, e bem mais discreta que os congêneres estadunidenses. Até em cataclisma os escandinavos são mais quietos.  
The Quake, como é chamado internacionalmente, tem a mesma fórmula de seu irmão mais velho. Há longa construção de suspense e tempo pra que nos importemos com as personagens, para só então jogá-las na catástrofe e concentrar todo o investimento (em todos os sentidos) apenas nelas. Isso afastará os maníacos por velocidade narrativa. Perda deles, porque os sinais preliminares da catástrofe são prato cheio pra fãs de suspense. Skjelvet funciona bastante como thriller com momentos de cine catástrofe e não o contrário. E quando três personagens estão presas num último andar, sai de baixo (literalmente)!
O roteiro tem defeitos, dentre eles nos fazer crer que a palavra dum herói nacional não fosse sequer considerada por ninguém até quando fosse tarde demais uma segunda vez. Também não dá pra entender, porque introduzir o filho de Kristian, coloca-lo numa situação de perigo em outro local, mas não mostrar seu desenvolvimento. Claramente, a narrativa foca no arco de Kristian, o terremoto é dele, pra servir os propósitos de redenção dele.
Mas, Skjelvet diverte bastante, faz a gente roer as unhas e ainda por cima reconforta – como de praxe nesses filmes – ao nos fazer saber que o sacrifício de milhões de pessoas foi o responsável pela reconciliação de pai e filha. Awwww.

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