quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

TELONA QUENTE 276


Roberto Rillo Bíscaro

Talvez porque fosse adaptação de consagrado livro de H.G. Wells, The War of The Worlds (1953) foi produzido pela major Paramount Pictures, com orçamento milionário. Mas, como era ficção-científica, o elenco ainda é B, ou muita gente realmente se lembra de Gene Barry e Ann Robinson? Isso não depõe contra o filme, apenas atesta pra posição secundário que ficção-científica e horror sempre tiveram em Hollywood e que repercute até hoje na recepção dessas narrativas por setores (que se sonham) mais intelectualizados.
Um dos mais influentes e elogiados filmes sci fi cinquentistas, A Guerra dos Mundos (AGDM) ainda se sustenta bem em várias partes, fazendo jus ao Oscar de efeitos especiais, que ganhou.
Os marcianos invadem a Terra, porque seu planeta está morrendo, mas não previram que ao invadirem nosso habitat estariam expostos a micro-organismos pros quais nós já estamos imunes.
Esse arquétipo de Davi e Golias tira qualquer possibilidade de agência efetiva por parte da espécie humana – sabe aquela história de “a gente não é nada mesmo!”? Mas, enquanto em Wells a ênfase era bem biológica, no filme de George Pal os termos são praticamente religiosos, de milagre divino agindo através de micróbios. Nada surpreendente na década em que Billy Grahan arrastava multidões até na anglicana e supostamente gélida Inglaterra. Quem dirá nos sempre carolas Estados Unidos.  Nos termos do filme, Deus permitiu que o planeta todo se ferrasse, inclusive boa parte dos EUA, antes de atender às preces numa igrejinha de Los Angeles, parece que a única digna de salvação. E depois somos todos iguais perante o Criador, certo? Certo, mas se você estiver perto de Hollywood é mais igual!
Qualquer um que tenha passado a infância/adolescência vendo TV nos anos 70 e 80 reconhecerá como o barulho das armas marcianas foi usado em incontáveis filmes e desenhos animados a ponto de se tornar quase convenção. Quando imagino raio desintegrador, o barulho é o de A Guerra dos Mundos.
Houve diversas releituras da obra de Wells, inclusive uma de Spielberg, estrelada por Tom Cruise, em 2005. Nunca me interessei em ver nenhuma que não fosse essa de 1953.
Ah, e vejam como os olhos-câmera dos marcianos pré-datam o layout do jogo de memória oitentista Genius!

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