Roberto Rillo Bíscaro
Adrian Flanagan, Dean Hone e a vocalista Leonore Wheatley
não são novatos na cena inglesa, sendo responsáveis por bandas como Moonlandingz
e The Soundcarriers. Os três morrem de amores pelos sintetizadores analógicos
soviéticos e norte-americanos dos anos 1970, bem como pelas baterias eletrônicas
oitentistas. São gamados pelos ritmos robóticos, que caracterizaram a geração
do OMD, Cabaret Voltaire, The Human League e tantos outros synth-poppers, New Romantics e quejandos. Ressignificando o antigo em algo que chamam de “nerd
disco”, o trio batizou-se como International Teachers of Pop (ITP) e lançou
canibal álbum homônimo de estreia, dia 8 de fevereiro.
As dez faixas são o sétimo-céu para amantes de sons
vintage totalmente sintetizados. Quem cresceu nos anos 80 ou no auge do revival
eletro vai amar desde a primeira canção, After Dark, com clima Giorgio Moroder
sem ser cópia e cheia de ruídos de electronica de videojogo antigo. Os vocais
de Wheatley estão em simbiose com o denso recheio sintetizado, mas não é a
regra do álbum, tornando o cantar um dos atrativos do ITP. Em Ballad Of Remedy
Nilsson, a voz está em proeminência, aguda e dramática, para dar mais energia à
eletro-locomotiva dançante. Em Love Girl, Wheatley está tão docemente cool pra
combinar com o arranjo Pet Shop Boys, que fica difícil não imaginar dueto com
Neil Tennant. On Repeat remete à gelidez de algumas faixas do Ladytron (que tá
de álbum novo); a voz mais um elemento na electronica de estalactites de gelo.
Kraftwerk informa quase tudo no ITP, como não poderia
deixar de ser. E com os mestres alemães, os britânicos vez mais aprenderam a
lição de contrabalançar o frio dos teclados, com a quentura da percussão afro.
Time For The Seasons é uma espécie de Tour de France. Note como a dualidade
frio x quente está não apenas nos arranjos, mas nos vocais. E como ouvir a
lenta hipnose de She Walks sem lembrar de Hall Of Mirrors?
Esses professores de pop
têm doutorado. Confie em sua docência e aproveite a aula.
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