Roberto Rillo Bíscaro
De toda parte, têm surgido histórias abordando os
horrores da p/materninadade. Siembamba -
A Canção do Mal (2019), da África do Sul; Madre (2016), do Chile, são exemplos
apenas de produções menos centrais. O diretor estreante Lee Cronin combina essa
tendência com uma neura muito característica dos filmes sci fi dos anos 1950: a
despersonalização, a saber a invasão de corpos e mentes por poderes
alienígenas, sobrenaturais ou “comunistas”.
Cada vez mais fértil no campo do horror, da Irlanda vem
The Hole In the Ground (2018), que trata do terror produzido em uma mãe que
percebe que o corpo de seu filho está habitado por algo malévolo. Provavelmente
fugida de marido abusivo, Sarah vai viver com seu filhinho Chris, no meio da
floresta, decisão não muito esperta em narrativas de horror. Há enorme cratera
no meio da mata e um dia, a moça nota que a casca corporal do garoto é a mesma,
mas algo dentro dele mudou pra pior.
Num relacionamento mãe-filho, que muito lembra o do
australiano The Babadook, o filme apresenta boa ideia, infelizmente, não desenvolvida
a contento para um roteiro de noventa minutos. O primeiro terço arrasta-se sem
quase nada acontecer, o que pode levar à desistência nessa época de oferta tão
fácil e farta. Optando por menos gore e mais suspense psicológico, The Hole In
The Ground não explica qual é a do buraco, centrando-se no par protagônico. Tal
escolha narrativa deixa gosto de incompletude na obra, que, para seu crédito,
tem bons momentos de suspense, especialmente, quando Sarah está colocando Chris
à prova pra saber se é ele mesmo.
Estreia promissora, mas o
filme é apenas mais um.
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