Em 2010, um líder do Hamas foi assassinado num hotel em
Dubai, num crime logo associado ao Mossad, serviço-secreto israelense. O que
mais capturou a imaginação, porém, foi o uso de dezenas de passaportes clonados
de gente de verdade, da Europa e da Austrália, que, dum segundo pro outro, se
viu implicada numa intricada trama engendrada a milhares de quilômetros de seu
cotidiano.
Assim, se você tiver a sorte de cruzar com os 8 capítulos
de Kfulim (2015) – internacionalmente conhecida como False Flag – cuidado antes
de proferir o clássico, “só em séries mesmo...”.
Numa bela e calma manhã, em alguns subúrbios classe-média
de Israel, 5 “comuns” veem as páginas de rosto de seus passaportes estampados
nas telas dos principais canais de notícia, em escala global. A suspeita: terem
sido autores do ousado sequestro dum ministro iraniano num hotel moscovita. Sinta
o calibre do problema: árabes e judeus e russos. Pura espoleta atômica.
No começo, não há aparente ligação entre os suspeitos ou
sequer cabimento nas alegações. Um químico pai de família; uma tutora bilíngue
de inglês, com cara de sonsa; uma contadora prestes a se casar; uma garota que
adora o escândalo, porque lhe proporciona seu momento Kardashian; uma espécie
de Kadu Moliterno judeu. O que teriam em comum? Mas, aos poucos descobrimos
alguns elos, esqueletos nos armários e pior, por que todos estavam fora de
Israel no dia do sequestro, inclusive até na capital russa?
Pátria de Fauda, Hostages (ambas na Netflix) e do
original de Homeland (preciso ver!), Israel tem sólida reputação quando se
trata de thrillers. False Flag não
nega a estirpe. O primeiro capítulo é daqueles que poderia constar em qualquer
manual de roteiro de série de suspense: apresenta as personagens, nos
interessamos por elas e os acontecimentos nos injetam mil dúvidas, que nos
fisgam pros próximos episódios, sempre culminantes em cliffhanger reviravoltante ou revelatório.
Com algumas personagens que descrevem arcos de mudança,
como a inicialmente festeira Asia, False Flag não escapa dalguns clichês, como
alguém possuir um melhor amigo hacker,
disposto a se colocar em perigo de segurança nacional por você.
Qual série não os tem? O
que importa é que False Flag entretém e eletriza.
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