Eilean Shona é uma ilha escocesa, que já teve boa
população, mas que, em meados do século XIX, passou por emigração maciça e
ficou desabitada. Lendas locais atribuíram a deserção a um assassinato e
posterior maldição sobre o local, mas o mais plausível é que a fome tenha
afugentado os ilhéus. Alugada nos 1920’s, para J. M. Barrie, foi ali que o
autor adaptou seu clássico Peter Pan para sua estreia cinematográfica.
Ano passado, Eilean Shona inspirou o diretor Matthew
Butler Hart, que escreveu o roteiro de The Isle, com sua esposa Tori Butler
Hart, também atriz do filme. Três náufragos vão parar em uma ilha que sequer
consta de seus mapas. Habitada por apenas quatro pessoas, não demora pra
perceberem que algo estranho ocorre lá.
Filmado em Eilean Shona, The Isle agradará no quesito
cinematografia. Quem curte cenários naturais meio desolados, amará. Em ritmo e
tom, o filme inspira-se no pequeno ciclo de horror rural britânico dos anos
1970, cujo exemplar mais conhecido é O Homem de Palha (1973). Preferindo a
suspense e a sensação de algo sobrenatural à violência e gore, a produção é repleta de névoa, sussurros e discretas
sugestões demoníacas. Flashbacks,
cada vez mais clarificadores, nos revelam os antecedentes dessa história que
mistura folclore rural, com mitologia grega.
The Isle não preza pela originalidade e o roteiro não
enrubesce na exposição meio pesada: apesar de restar apenas um quarteto na
ilha, um deles mantém minucioso diário e uma enciclopédia, pro marinheiro que
gosta de ler, aprender logo na primeira noite quem foi Perséfone.
Nem de longe, a produção
chega ao patamar de excelência de suas inspirações, porque os fios da trama não
provocam o curto circuito surpreendente pretendido. A referência às sereias,
por exemplo, jamais se integra ao bom drama pessoal. Mas, o elenco é eficiente
e o filme distrai.
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