Desde sua última aparição, em 2015, com o álbum Animal Nature, a única mudança notável no Escort foi a adição da voz cristalina da
fervida Nicki B, para alternar com a imperial Adeline Michéle, que embarcou em
carreira-solo também. De resto, os produtores Eugene Cho e JKriv continuam
fazendo Nu Disco impiedosamente dançante, juntando elementos de países como
EUA, Brasil e Jamaica em colagens de tiques sônicos que vêm desde a disco
setentista até à genérica “house music” atual.
Dia 12 de abril, saiu City Life, terceiro álbum dos
nova-iorquinos, do Brooklyn. São oito faixas puláveis e pulantes, além da razoavelmente
longa introdução, que, com seus sons de comunicação via rádio sobre base bem
percussiva, realmente prepara para a festa. A partir daí não há um segundo de
refresco; é puro quebra-espinha.
A faixa-título é eletrofunk com baixo neurótico e a
participação de Fonda Rae, diva das pistas alternativas de R’n’B dos anos 80.
Outta My Head, além da referência até titular à Kylie Minogue, parece cavalgada
dance com Blondie, Duran Duran e La Bouche (parte dos vocais é meio 90’s). O
funk sapeca de Josephine é provavelmente o ponto alto para dançarinos
compulsivos. Impossível ficar quieto. One Draw é reggaton ou algum desses
subprodutos (sem julgamento!) do reggae. Claro que é sobre ficar chapadão.
Na trinca final de canções, as letras rareiam até
desparecer, mas o clima pipocante não arrefece. Ride erige muralha sonora, que
jamais soa pesada, devido às cordas, timbre dos teclados e vocais, além da
flauta. Impressionante.
A derradeira canção, justamente por sê-lo, apontaria
futuros caminhos ao Escort? O influxo de house e electronica caberia direitinho
como bônus track dalgum álbum do Orbital.
A despeito de tantas referências a antanho, o Escort está
longe de ser revivalista sonhando com os “bons velhos tempos”. Seu inebriante
coquetel de alegria contagiante é servido de forma muito contemporânea.
Som facilmente acessível,
porque está no Bandcamp. Não dança quem não quiser.
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