Trançar caminhos de personagens aparentemente
desconectadas não é novidade, desde, pelo menos, o sucesso crítico de Vidas
Cruzadas, de Robert Altman. Em 2015, Paris estendeu esse conceito em
minissérie.
A meia dúzia de capítulos aristotelicamente se passa em
24 horas, em diversos pontos da capital francesa, onde gente tão díspar como o
Primeiro-Ministro, uma líder sindical, uma ex-drogada que vendeu o filho e
muita gente mais, age e sofre ações que têm efeitos sobre as vidas umas das
outras. Mesmo que não se encontrem, as personagens em Paris estão
interconectadas.
A ideia é passar visão mais realista dos dramas
ocorrentes na idealizada Cidade Luz. O drama e os diálogos de Paris realmente
não edulcoram muito as coisas, embora alguns destinos de personagens deixem a
desejar, especialmente o diálogo final entre a empregada grávida e o patrão
Procurador Geral. Mas isso nem é O problema; a questão é que a avalanche de
coincidências é tão volumosa que qualquer sonho de realismo se derrete. No
fundo, Paris é tão fantasiosa quanto algumas ficções-cientificas. Mas, é muito
gostosa e sensível de se ver.
Dentre toda a fauna urbana
apresentada, louvor é devido à excelente representação positiva da transgênero
Alexia. Concebida como o coração de Paris – provavelmente numa alusão ao
caráter camaleônico da cidade – não dá pra não torcer para que, pelo menos pra
ela, esse dia acabe bem.
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