Angola: 1ª Conferência Nacional sobre Albinismo
A 1ª Conferência Nacional sobre Albinismo em Angola realizou-se quinta-feira (13.06) em Luanda. Evento decorreu no âmbito do Dia Mundial de Consciencialização do Albinismo, minoria ainda muito discriminada em Angola.
No Dia Mundial de Consciencialização do Albinismo, albinos ouvidos pela DW África ainda se queixam de discriminação em Angola. O Governo já anunciou a implementação de um projeto-piloto de cadastro dos albinos ao mesmo tempo que apela a implementação de convenções internacionais para implementar mais medidas.
Testemunhos
À margem da conferência, a DW África conversou com alguns albinos. Um dos participantes falou sobre a discriminação que enfrenta no seu dia-a-dia.
"Sentimos uma grande dificuldade de inserção no campo social, mas também na escolaridade e empregabilidade. Por outro lado, ainda há discriminação no relacionamento (amoroso) ".
Ângela Eduardo, outra participante no evento diz que mais da metade da sociedade ainda discrimina as pessoas que sofrem de albinismo. Questionada sobre se também existia em Angola casos de pessoas que matam os albinos por suposta "procura de sorte" como ocorre em países africanos como a Tanzânia e Moçambique, disse que desconhecia. Mas aponta pequenos mitos que também a preocupam.
"Os mitos mais frequentes são: (a sociedade) diz que o albino não morre, mas desaparece, dizem também que o albino não pode comer feijão, nem fritar peixe se não sai rebentos. São apenas mitos".
Manuel Vapor responsável da Associação Nacional de Apoio a Pessoa com Albinismo tem um desejo. "Queremos elevar o nível de escolaridade das pessoas com albinismo a partir do ensino primário até ao ensino superior. Dentro dos manuais desejamos que sejam colocados retratos e explicações detalhadas sobre pessoas com albinismo".
Informação sobre esta minoria é prioridade
Guilherme Santos, responsável do Movimento Pró-Albino criado em Angola, em outubro de 2015, escreveu recentemente na sua conta do Facebook que ainda não se sabia exatamente quantos albinos existiam no país.
No seu discurso da abertura da conferência, Ruth Mixinge secretária de Estado da Promoção da Mulher fez saber que o Governo está a levar a cabo um projeto-piloto de cadastro de albinos em três províncias: Uige, Bié e Moxico. Mas defende a necessidade de se fazer mais, por exemplo, a cooperação entre instituições para se resolver os problemas das pessoas vivendo com albinismo como a discriminação e exclusão social.
"Porque nós ouvimos aqui e bem dito, quer a saúde, quer a educação ou outros serviços devem ter a disponibilidade e devem ter mecanismo de estabelecer para que efetivamente todos os cidadãos incluindo este grupo de pessoas em condições de vulnerabilidade possam ter acesso a estes serviços. Para efeito precisamos de identificar e mapear as famílias que estão, que entregam ou que têm sob seus cuidados crianças com albinismo".
Na mesma ocasião, Ana Celeste Januário, secretária de Estado dos Direitos Humanos e Cidadania do Ministério da Justiça defendeu a aplicação da Constituição angolana, da Convenção Contra Todas as Formas de Discriminação e do Pacto Internacional dos Direitos Civis, Políticos, Económicos e Sociais na conceção das políticas públicas.
"Pensamos que são instrumentos importantes para ajudar na elaboração das políticas do Estado relativamente as pessoas com albinismo”.
Esta 1ª Conferência Nacional sobre Albinismo foi uma iniciativa do Movimento Pró-Albinismo em parceria com Associação Nacional de Ajuda ao Albino e discutiu temas como "albinismo e a dimensão sócio-psicológicas, lesões pré-cancerosas e cancerosas da pele em albinos” e "albinos em Angola – medidas de políticas do Estado” entre outros.
O evento enquadrou-se no âmbito das reflexões do 13 de junho, dia Mundial de Consciencialização do Albinismo, instituído pelas Nações Unidas e contou com a presença de mais de cinco secretários de Estados, entre eles Celso Malavoloneke, uma das poucas pessoas com albinismo no Governo angolano, académicos e jornalistas.
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