Ao comentar a série polonesa Ultravioleta, da Netflix,
apontei que a necessidade de tornar o grupo de detetives amadores infinitamente
superior à tosca polícia resultou em roteiros algo simplórios, onde tudo dá
certo muito rápido pros sherlocks internéticos. É como se um defeito puxasse
outro.
Enquanto via a dezena de episódios de Vlucht HS13,
vinha-me à cabeça amiúde como uma trama tão estapafúrdia, cheia de decisões
estúpidas, pôde ser tão bem camuflada com ação e reviravoltas constantes, gente
(muito) bonita e suspense, de modo a prender o espectador tão bem.
Minha única (acho e até agora) experiência com série
holandesa for frustrante. Consegui, na marra, terminar a primeira temporada de Nieuwe Buren (tem na Amazon Prime). Não transfiro pra todo um país a responsabilidade
pela chatice duma produção, mas quando percebi a estonteante Katja Schuurman na
cena inicial, dei-me ultimato: se não levantar voo até o próximo episódio, vou
parar nele.
Flight HS13, de acordo com o título pro mercado
anglofalante, decola não apenas nominalmente, mas logo no capítulo um, e mais
de uma vez. Liv e Simon Kraamer tem vida familiar de comercial de margarina num
lindo, verde e afluente condomínio. Ela tem seu próprio negócio com o cunhado; Simon
é médico do bem, até labutou anos no Irã, com os Médicos Sem Fronteiras. Na
cena do almoço familiar que inicia a mini dá pra perceber algumas tensões entre
aquela gente bonita, mas qual família não as tem? Logo depois, aprendemos que o
maridón irá à Barcelona, no voo HS13, que cai em região montanhosa da França.
Daí, Liv faz desconcertantes descobertas, que repercutirão nas vidas de toda a
família e até em Teerã (e como!).
Usando a velha fórmula de
desvendar segredos e neuras de família, Flight HS13 tem trama absurda na
quantidade de decisões estúpidas tomadas pelas personagens e pelo alcance do
inexplicado poder dum vingador. Mas, é tudo tão divertido e lotado de truques
pra manter-nos fisgados á trama, que flui de boa.
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