Lavoisier dizia que no mundo nada se cria, tudo se
transforma. O apresentador de rádio e TV, Abelardo Barbosa, o Chacrinha, afirmava
que na TV nada se cria, tudo se copia.
Lembrei do Velho Guerreiro, enquanto via os oito
capítulos de Gidseltagningen (2017), internacionalmente conhecida como Below
the Surface, produção do Kanal 5. Séries com reféns estão de moda, como atestam
Hostages e La Casa de Papel, pra ficar nas resenhadas aqui.
Desde que o conteúdo seja bom e/ou divertido, não há
problema nessa transmigração cultural. A minissérie dinamarquesa usa um
sequestro de passageiros no metrô de Copenhague de forma eficaz e dá seu toque
de originalidade ao problematizar de leve o papel que países ditos centrais e
amantes da paz desempenham no terrorismo internacional. Isso sem perder o
suspense, que é porque escolhemos ver esse tipo de produção.
Quando 15 pessoas são mantidas reféns no subterrâneo da
capital dinamarquesa, imediatamente assumimos que os captores sejam de
determinada etnia/religião, mas reviravolta em meados da trama põe esse
estereótipo em xeque.
Gidseltagningen não decepcionará fãs de Scandi Drama,
mesmo nós meio enfezados com a internacionalização: pra incorporar diversas
nacionalidades e se tornar mais atraente pros mercados anglohablantes,
produções escandinavas cada vez mais se apoiam no inglês, produzindo atuações
abaixo da média, porque os pobres atores não estão operando em suas línguas
nativas. Em Below the Surface, há motivo intraenredo pro idioma ser utilizado e
assim mesmo, de vez em quando. Não se trata de botar um policial da Lapônia
trabalhando com uma do Burundi num caso forçado.
Há tensão; há empatia com
alguns passageiros devido a suas histórias pregressas; há bem-intencionado
fazendo caca; há policial com problema pessoal sobrepondo-se ao caso e há certa
noção de que nem na equitativa Dinamarca a lei é pra todos.
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