Roberto Rillo Bíscaro
Provavelmente, o único interesse que o primeiro filme da
franquia Leprechaun ainda pode ter, é que se tratou da estreia de Jennifer
Aniston. Diversos fatores sempre me afastaram da série de filmes, em português
conhecidos como O Duende:
a) É
“terrir” e não sou fã de terror com comédia ou vice-versa, porque agua o
horror. Tirada cômica ali, outra acolá, beleza, mas descaradamente cômico não
desperta meu interesse.
b) É
anos 90, período cuja produção de terror me é menos cara.
c)
No caso específico do primeiro Duende, nunca
me importei com Aniston e sequer sei os nomes dos personagens e atores de
Friends. No início do milênio, vi maratona de episódios num dia de inverno
nevado em Baltimore e achei mais interessante cavar a neve dos pneus do carro
pra podermos ir jantar.
A Amazon Prime, porém, oferece o mais antigo e o mais
recente item da franquia em seu catálogo. Tão facinho, que arrisquei, afinal,
se odiasse, era só parar.
O Duende (1993) é uma espécie de Brinquedo Assassino
folclorizado, tipo Chucky goes folk. Leprechauns são os gnomos sapateiros irlandeses,
avaros em sua insaciedade aurífera. Pai e filha, que se mudam pruma cabana no
meio do quase nada, se veem às voltas com uma dessas criaturinhas. Com um grupo
composto por um bofe-galã, um gordinho mentalmente comprometido e um daqueles
meninos com inteligência artificial de roteiro, Aniston tenta deter a
criaturinha, que faz gracejos como Chucky, só que trocando “my” por “me”. Esse
estereótipo gramatical é supertípico pra indicar britânicos/irlandeses. Só que
o ator mantém seu sotaque ianque...
A começar de Aniston, tudo
é ruim em O Duende, como sempre suspeitei. As mortes são chinfrins e poucas;
restam as tentativas de graça do leprechaun andando de bicicleta e outras
bobeiras de horror-comédia. Tem filme que é bom de tão ruim. O Duende só é ruim.
Ano passado, ressuscitaram a franquia, com O Retorno Do
Duende. A mesma cabana será usada como república pra universitárias (longe pra
burro do campus, por que elas quereriam viver naquele buraco?) e vez mais o
duende ataca. Ao estilo Halloween 2018, este filme é continuação direta do
primeiro, desconsiderando o resto da franquia. Tanto é que os eventos se passam
25 anos depois e o simpático Ozzy reaparece. A heroína é a filha da personagem
de Aniston, que, claro, é cara demais pra ser contratada agora. Se ainda
Leprechaun tivesse o mesmo status que Halloween, que consegue que Jamie Lee
Curtis retorne de quando em vez...
O Retorno do Duende não é nenhuma obra-prima, mas suas
mortes ao estilo Premonição são bem legais e criativas. Dessa vez o humor vem
mais bem-calibrado e o leprechaun é mais maligno e assustador, embora solte
suas pérolas de humor-negro nada politicamente correto. Sem contar as inúmeras
alfinetadas e piadas infames com a hipocrisia da conservação ambiental e que
tais.
Se quer diversão
inconsequente, veja esse. E pode deixar o primeiro no esquecimento.
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