quinta-feira, 13 de junho de 2019

TELONA QUENTE 292

Roberto Rillo Bíscaro

Provavelmente, o único interesse que o primeiro filme da franquia Leprechaun ainda pode ter, é que se tratou da estreia de Jennifer Aniston. Diversos fatores sempre me afastaram da série de filmes, em português conhecidos como O Duende:
a) É “terrir” e não sou fã de terror com comédia ou vice-versa, porque agua o horror. Tirada cômica ali, outra acolá, beleza, mas descaradamente cômico não desperta meu interesse.
b) É anos 90, período cuja produção de terror me é menos cara.
c)   No caso específico do primeiro Duende, nunca me importei com Aniston e sequer sei os nomes dos personagens e atores de Friends. No início do milênio, vi maratona de episódios num dia de inverno nevado em Baltimore e achei mais interessante cavar a neve dos pneus do carro pra podermos ir jantar.
A Amazon Prime, porém, oferece o mais antigo e o mais recente item da franquia em seu catálogo. Tão facinho, que arrisquei, afinal, se odiasse, era só parar.
O Duende (1993) é uma espécie de Brinquedo Assassino folclorizado, tipo Chucky goes folk. Leprechauns são os gnomos sapateiros irlandeses, avaros em sua insaciedade aurífera. Pai e filha, que se mudam pruma cabana no meio do quase nada, se veem às voltas com uma dessas criaturinhas. Com um grupo composto por um bofe-galã, um gordinho mentalmente comprometido e um daqueles meninos com inteligência artificial de roteiro, Aniston tenta deter a criaturinha, que faz gracejos como Chucky, só que trocando “my” por “me”. Esse estereótipo gramatical é supertípico pra indicar britânicos/irlandeses. Só que o ator mantém seu sotaque ianque...
A começar de Aniston, tudo é ruim em O Duende, como sempre suspeitei. As mortes são chinfrins e poucas; restam as tentativas de graça do leprechaun andando de bicicleta e outras bobeiras de horror-comédia. Tem filme que é bom de tão ruim. O Duende só é ruim.
Ano passado, ressuscitaram a franquia, com O Retorno Do Duende. A mesma cabana será usada como república pra universitárias (longe pra burro do campus, por que elas quereriam viver naquele buraco?) e vez mais o duende ataca. Ao estilo Halloween 2018, este filme é continuação direta do primeiro, desconsiderando o resto da franquia. Tanto é que os eventos se passam 25 anos depois e o simpático Ozzy reaparece. A heroína é a filha da personagem de Aniston, que, claro, é cara demais pra ser contratada agora. Se ainda Leprechaun tivesse o mesmo status que Halloween, que consegue que Jamie Lee Curtis retorne de quando em vez...
O Retorno do Duende não é nenhuma obra-prima, mas suas mortes ao estilo Premonição são bem legais e criativas. Dessa vez o humor vem mais bem-calibrado e o leprechaun é mais maligno e assustador, embora solte suas pérolas de humor-negro nada politicamente correto. Sem contar as inúmeras alfinetadas e piadas infames com a hipocrisia da conservação ambiental e que tais.
Se quer diversão inconsequente, veja esse. E pode deixar o primeiro no esquecimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário