De quando em vez, aparece nova “nova Karen Carpenter”.
Rumer é a mais cotada dos últimos anos. Tal procedimento comparativo é
contraproducente e pro artista novo é lâmina de dois gumes: se por um lado gera
alguma pauta em mídia ou grupos de discussão online, ajudando na divulgação;
por outro, gesta expectativas irrazoáveis. Não haverá outra Karen e é assim que
tem de ser. Não porque tenha sido gênia insubstituível, mas porque pessoas são
diferentes. Simples. De todo modo, as comparações continuam e a trágica
vocalista dos Carpenters tem outra “reencarnação” discutida em fóruns de fãs,
onde a conheci.
Harriet é britânica, que se confessa influenciada pelos
Carpenters e por caminhão de artistas românticos, easy listening e soft rock. Com
site espartano em relação a dados biográficos, soube que Harriet abriu pra
Michael Bolton, em sua última turnê pelo Reino Unido. Quem se lembra da
sacarina derramada pelo norte-americano nos anos 80, já anteouve o tipo de som
de Harriet.
Fui ao Spotify, onde a jovem nem tem 8 mil ouvintes
mensais, e escolhi como introdução, a edição deluxe de seu álbum homônimo de
estreia, lançado em 2016. A versão de luxo é de 17. São 20 faixas e, dentre as
bônus, há covers de Backstreet Boys (As Long As You Love Me), Jon Secada (Just
Another Day), George Michael (You Have Been Loved) e filme da Disney (The
Beauty and the Beast). As duas faixas mais movimentadas sequer atingem o status
de midtempo: Whoever You Are é pra ouvir no carro, ao som de FMs easy listening
e Reach começa lenta pra se tornar versão meio diluída do tipo que o Swing Out
Sister rememorava no fim dos anos 90.
O álbum é só pra quem ama baladas dramáticas e doídas,
simples, sem aventuras, mas tudo muito bem cantado e feito. O timbre de Harriet
coincide com o de Karen Carpenter, em seu registro mais grave, como prova a
abertura, Afterglow. Isto posto, é bom deixar as comparações de lado e se o
ouvinte quiser clone de Carpenter, que vá ouvir os álbuns originais.
Tem bastante material à Adele, como Broken for You ou
Love Will Burn. Tem faixa que remete ao outrora popular Keane. Ouça o piano de
abertura de First and Last e veja se um dueto com Tom Chaplin não caberia
direitinho.
Harriet tem muito drama de dor de cotovelo e declarações
de amor bombásticas, em baladas ao piano, ao violão e, em sua maioria, com sons
mais orquestrais. Em meio a tudo isso, há o suave pop hall de Permission to
Kiss, que dá vontade de sair dançando em calçadas nova-iorquinas ou londrinas,
num mundo não muito depois do fim dos Beatles, quando Burt Bacharach mandava.
Tudo muito gostoso.
Ótima dica. É preciso ter bons "ouvidos de ouvir", para não confundir com Karen, a magérrima irmã do Richard, especialmente nos graves (nos agudos, nem tanto). Isso sem falarmos no arranjo, na melodiosa composição, que leva a gente, segura e confortavelmente, aos idos 70's. Bom demais "reviver" tudo isso.
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