terça-feira, 20 de agosto de 2019

TELINHA QUENTE 373


Roberto Rillo Bíscaro

Com seus pouco mais de 500.00 km2, a Espanha é matraquinha linguística: além do oficial espanhol, ou castelhano, falam-se idiomas co-oficiais e dialetos na península.  A Netflix nos possibilita ouvir diversas dessas línguas. Merlí é em catalão; Flores, em basco. Se você quiser conhecer a sonoridade do galego – bem similar ao português de Portugal – basta ver a meia dúzia de capítulos de O Sabor das Margaridas (2018).
Originalmente produzida e exibida pela Televisão da Galícia, em outubro do ano passado, O Sabor das Margaridas é suspense policial, que, se não traz novidade temático-formal ao subgênero, pelo menos não falha em despertar e manter curiosidade.
Num vilarejo próximo a Santiago de Compostela, a qual se prepara pra receber o Papa, uma moça desaparece e, em seguida, surgem ossadas. Com a força policial desfalcada pra proteger o Pontífice, a chefatura agradece aos céus a chegada da Guarda Civil Rosa Vargas, que, vai desvelando um montão de podres locais.
Fãs de policiais, já vimos essa história um sem-número de ocasiões: policial problemática, que nos descortina a sordidez (exagerada, via de regra) alastrada por todos os quadrantes intersticiais da aparentemente pacata e piedosa vida social provinciana. Além disso, há o clichê chefe de polícia em vias de se aposentar e inúmeras pistas falsas e suspeitos postiços ou de ocasião, pra nos despistar.
A despeito de tantos lugares-comuns e do baixo orçamento, O Sabor das Margaridas tem eficiente reviravolta e a originalidade das locações e do idioma a seu favor. Sem embromação, a trama se desenrola com fluência e permite agradável maratona de fim de semana.

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