Originalidade é um dos traços pra que uma produção seja
considerada “clássica”, termo tão criticado, quanto banalizado. Qualquer coisa
velha já vai sendo chamada de clássico...
It Came From Outer Space, lançado em maio de 1953, pela
Universal, é uma daquelas ficções-científicas obrigatórias da década, não
apenas pela relativa boa produção, mas pela novidade na representação dos
alienígenas.
Com seu orçamento de 800 mil dólares e envolvimento de RayBradbury no roteiro (daí sua qualidade superior), Veio do Espaço ainda
é B, porque horror e sci fi eram subgêneros “menores”, basta ver o elenco.
Apesar disso, o filme em preto e branco já utilizava tecnologia 3D!
As narrativas de despersonalização ou desumanização foram
marcos do cine cinquentista. Forasteiros do espaço apropriavam-se de corpos e
mentes terráqueas pra conquistar nosso planeta, muito como os frios e ateus soviéticos
supostamente faziam com inocentes cidadãos pra convertê-los ao comunismo. Era a
era “Red Under the Bed”, pilhéria rimada mais ou menos traduzível como “comuna
embaixo da cama”.
It Came From Outer Space (ICFOS) tem ETs tomando mentes
também, mas seu intuito é bem mais mundano. E foi feito antes que essa invasão
de corpos e cucas virasse modinha. Embora poder-se-ia problematizar o roteiro
com um par de perguntas, ICFOS se destaca da fornada paranoica da época, por
colocar como causa dos problemas o medo destrutivo do ser humano pelo
desconhecido e diferente. Nesse sentido, a narrativa funciona até hoje.
É essa outrofobia generalizada que provoca respostas
letais, que o diretor Jack Arnold concretiza, quando o protagonista usa uma
aranha do deserto como exemplo da alteridade que tememos ou temos nojo. Fãs de
cine sci fi/catástrofe não deixarão de pensar que a Tarantula (1955), do mesmo Jack
Arnold, está vingando a amiga esmagada em ICFOS.
Daria pra questionar, porque os extraterrestres – se são
afinal tão mais inteligentes – não foram direto ao cara que criam o único capaz
de compreendê-los. Pouparia um monte de problema, mas também um filme.
Os ataques feitos a partir
do ponto de vista dos ETs, o barulho de sua respiração, a trilha-sonora irada
de Teremin, a tecnologia 3D e a própria “feiura” dos extraterrestres devem ter
causado medo pra caramba no escuro do cinema, há 60 anos.
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