sexta-feira, 27 de setembro de 2019

PAPIRO VIRTUAL 145

Roberto Rillo Bíscaro

O detetive particular Varg Veum quase é atropelado e desconfia que não foi acidente. Ao investigar a respeito, descobre que um antigo caso de pedofilia voltou para assombrá-lo. 

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

TELONA QUENTE 305

Roberto Rillo Bíscaro

Em Cidade Maldita (Amazon Prime), um avião militar exposto à radiação nuclear faz um pouso de emergência, mas ele está cheio de "zumbis".

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

CONTANDO A VIDA 283

LILITH E EVA, OU A PRIMEIRA DAMA DO PARAÍSO: “BÍBLIA ALTERNATIVA” 

José Carlos Sebe Bom Meihy 

Tem brilhado no plano das novidades literárias um gênero provocante e desafiador dos parâmetros estabelecidos. A chamada “história alternativa” permite que alguns fatos históricos ganhem versões desviadas do curso dos acontecimentos consagrados pelo saber convencional. Trata-se uma narrativa não do que aconteceu, mas do que poderia ter sido. O jornalista e biógrafo de Rondon, o norte-americano Larry Rother, por exemplo, prepara um texto sobre as possibilidades diversas que teriam o Brasil se, no Nordeste, a invasão holandesa (1624 – 37) houvesse triunfado. A proposta alarga alternativas sobre a imaginada vitória do exército de Nassau. Pensando nesse viés, numa outra chave, imaginei alguns episódios bíblicos iluminados de maneiras desviadas. E dei um voo algo delinquente sobre aspectos desprezados pelo senso comum. Sondei episódios diferentes, a começar pelo Paraíso e pela criação da humanidade. É justo dizer, de saída, que não sou iconoclasta e que, mesmo não sendo especialista em Bíblia, minha curiosidade cristã permitiu buscar alguma nesga de ventilação heterodoxa e isso, respeitosamente – sempre respeitosamente, é claro – me permitiu invadir territórios nuviosos, quase sempre dogmatizados. 

A começar pela história da criação da mulher, a Bíblia se mostra plataforma de dúvidas. No caso de Lilith, a possível primeira esposa de Adão, convém lembrar que ela realmente teria existido, segundo registros contidos na Épica de Gilgamesh, poema mesopotâmio de 2100 a.C. Este, aliás, é considerado um dos mais remotos documentos da História humana e tem ramificações em várias culturas ancestrais. Também o Talmude, livro sagrado do judaísmo, guarda referências a essa mulher rebelde, a primeira a contestar, desde a raiz, os mandos da dominação masculina (se preferirem poder “patriarcal” ou “machista”). Há ainda outros fragmentos relativos a tal existência apagada das tradições vigentes, mas, segundo a fabulação, reza-se que a primeira mulher fora feita ao mesmo tempo, e da mesma “poeira” de seu parceiro homem, nossos progenitores. Na raiz, de acordo com o bíblico estabelecido, tudo foi criado à imagem e semelhança de Deus. A simultaneidade e a matéria original daquele par de humanos garantiriam, portanto, a ambos, os mesmos direitos e poderes. A continuidade mítica, no entanto, revela que a primeira mulher de Adão não aceitou ser submissa a ele, e exigindo igualdade de tratamento, não se sujeitava a ficar sob o homem no ato sexual. A insistência no controle corporal teria motivado a primeva companheira a fugir do Paraíso e, num gesto de vingança, se tornar figura satânica, inimiga do companheiro que permaneceria solitário no Jardim das Delícias. Atendendo o pedido do entristecido e solitário Adão, Deus teria criado, logo depois, uma nova companheira, Eva. Na nova tentativa do Criador, corrigindo o erro de produção, fez a nova mulher, a segunda, a partir da extração de uma costela do macho, gerando um ser “carne da minha carne, osso do meu osso”. Por ter saído do corpo do homem, a submissão feminina seria natural. Assim, com toda inventividade bíblica, estaria justificado o domínio masculino, inaugurado o patriarcalismo, e, pela mulher, submetido ad seculum seculorum o pontificado do homem. 

Segundo a tradição, Lilith foragida do poderio masculino, em andanças pelo mundo, se encontrou com Samael, um demônio que a acolheu e deu liberdade para tentar impor o prazer sexual como regra. E Adão e Eva viviam felizes, ela obedecendo as regras dele. Inquieta Lilith, porém, libidinosa, teria se transformado em uma cobra, o símbolo fálico animal, e invadindo o Paraíso, provocado a passiva companheira. Deve ter sido expressivo o argumento usado para que a submissa Eva caísse em tentação e convencesse o parceiro a pecar junto. Comido o fruto proibido, o resto da história, como todos sabem, virou o trajeto da humanidade falível, mortal e que, sobretudo, haveria de ganhar o pão com o suor de seu trabalho. 

Há aspectos inquietantes nesta fabulação que volta a reluzir agora. Com força incrível, o perfil de Lilith reaparece como argumento de direito. É claro que o vigor do movimento feminista se impõe e nada mais conveniente que a rebeldia da primeira dama bíblica como metáfora. Mas, há algo mais a ser considerado neste jogo de poder entre o feminino e o masculino: o acesso ao prazer da mulher e as limitações do exclusivismo machista. Fico pensando no sucesso oportuno de quantas lutam por carreiras igualitárias, distribuição de tarefas domésticas, acesso político representativo numericamente, e insisto no direito comum ao prazer. É lógico que a Bíblia remete ao ato sexual como condição de reprodução, mas o espírito de Lilith reclama mais, muito mais. Será que não é hora de celebrar a rebeldia doméstica e questionar mais do que posições femininas na sociedade civil? Fico imaginando a oportunidade da “história alternativa” e penso no veneno positivo de outras versões da Bíblia.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

TELINHA QUENTE 376


Roberto Rillo Bíscaro

Uma jovem é acusada de falsa denúncia de estupro. Anos depois, duas investigadoras encaram casos assustadoramente parecidos. Série inspirada em fatos.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

CAIXA DE MÚSICA 382

Roberto Rillo Bíscaro

Tallies é um quarteto de Toronto, que transporta o ouvinte ao mundo das guitarras jangling e climas oníricos do indie, do início dos anos 90. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

TELONA QUENTE 304


Um renomado advogado assume o caso de uma mulher acusada de matar o amante. Quanto mais eles tentam desvendar a verdade, mais obscura a situação fica. 

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

CONTANDO A VIDA 282


ANTI-INTELECTUALISMO, CENSURA E OS “IDIOTAS DA ALDEIA” 

José Carlos Sebe Bom Meihy 

Comecemos pela expressão cunhada por Umberto Eco “idiota da aldeia”. É forte, bem sei, mas traduz com nitidez o perfil de quantos se presentificam pela internet, e no galope iconoclasta apedrejam tudo que não lhes é espelho. E na saudação explícita à ignorância se valem de ataques pessoais, morais, familiares, corporativos - qualquer coisa para consagrar o estabelecido e manter inalterada a velha ordem. Nada de renovação; nada de mudança; nada de inteligente. Só se permite repetir ad nauseam. Assumindo pressupostos risíveis, tais idiotas garantem que a Terra é plana, que Lacan e Foucault são falsários, que vacinas são nocivas, que Darwin estava errado ao propor a evolução, e até que não vivemos o aquecimento global. Tendo o dinheiro público como álibi e a anticorrupção como ponta de lança, sem bem saber em que guerra combatem, os tais alucinados acusam, abatem, calam tudo que é diferente, se posicionando com defensores da moral e dos bons costumes. Inventam causas, planejam pretextos, usam Deus como mandatário e espumam ódio, raiva, intolerância, preconceito. 

É claro que a pátria, a família, a proteção dos menores são evocados como pólos vulneráveis e passíveis da tutela deles, guardiães heróicos. Como donos de um poder inquestionável, sempre exercido como missão redentora e de inspiração divinal, tais santos não suportam diálogos, atacam com virulência expressões de tudo que lhes é diferente, detratando o saber e a estética como se fosse algo condenável por imoral, cara e satânica. E de nada valem os juízos instruídos, nem a noção de cultura continuada, ou a aceitação da obra de arte como elixir da vida ou o avanço científico. Como apetrechos dispendiosos expressões do livre pensar lhes é sempre um entrave caro e imoral. A pesquisa científica, por exemplo, é dinheiro jogado fora, aliás, lhes é odorante e bem pode ser desenvolvida alhures, sem assinatura nacional. O importante para essa gente é quebrar, desprezar, desmoralizar e se possível demonizar a inteligência como se ela não se explicasse na inerência humana ao direito, à beleza e ao aperfeiçoamento inteligente. Nesse impulso aniquilador da crítica ao estabelecido, nada deve ser poupado, principalmente os agentes artísticos, científicos, o jornalismo. Tudo em nome de dogmas nutridos em mentes bem pouco dadas à democracia. 

Umberto Eco no impulso definidor do “idiota da aldeia” foi além, diagnosticou a oportunidade do problema delegando à internet a responsabilidade pela disseminação de opiniões transmitidas por essa “legião de imbecis”. Como que inconformado com a velocidade do aumento das barbaridades, o intelectual italiano apontou o impacto atual dessa gente que sempre existiu, mas que agora ganha poder outra vez. Antes, mais atomizados, agiam “em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”. Desdobrando argumentos garante Eco que “normalmente, eles (os imbecis) eram imediatamente calados, mas agora têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel”. É fácil, atualmente, identificar isso, basta ligar as redes sociais e lá estão eles de plantão, acusando os gastos públicos com escolas, com arte e informação instruída. Idem lastimável com os avanços científicos. Sem nenhuma sofisticação ou sensibilidade, rasos, sem preparo algum para debater argumentos, quase sempre se valendo do “ilumina e cola”, os ventríloquos da eletrônica, se prestam como soldados de um exército destruidor da dinâmica do mundo, contra o saber e a beleza (musical, cinematográfica, de exposições de arte, de livros, de escolas públicas, museus, instituições e programas de incentivo à cultura). Nada de pensamento crítico, esta é lei única dos arautos burrice patrioteira. 

Mas, que fique claro, há uma metodologia neste desmonte. Sejamos avisados que o veneno que circula pelo corpo social empoderado obedece a procedimentos progressivos, carregando propostas cada vez mais virulentas que visam detratar o fundamento de toda e qualquer cultura elaborada, principalmente se for transgressora. É aí que obram os novos ideólogos, gente desprovida de formação e que precisam gritar, usar palavrões, falar sem interlocução, esconder-se em cursos online pagos por seguidores pouco versados em diálogos. Numa moldura ampliada, convém lembrar que essa postura se alimenta das fake news e do combate incessante à liberdade de expressão. É quando a censura entra em cena para “sanear” os males provocados por Satãs decantados em músicas, obras de arte, livros escolares, romances e até gibis. 

A correnteza dessa destruição tem matrizes históricas e, dentre tantas, o modelo mais acabado nos foi dado por Hitler que em maio de 1933 promoveu em Berlin a grande queima de livros, em praça pública – entre os autores com obras incineradas estavam Einstein, Thomas Mann, Brecht, Freud, e, claro Marx. Aquela atitude patrocinada pelo poder não parou aí. Além de se desdobrar em leis redentoras da suposta pureza germânica, em 1937 e os nazistas promoveram a primeira grande exposição onde seriam exibidas, de maneira pedagógica, obras de pintores e escultores tidos como subversivos como Van Gogh, Matisse, Picasso. Sob o título “Arte Degenerada”, para demonstrar de maneira ridícula as correntes modernistas, depois de confiscadas mais de 5 000 obras famosas das quais 600 foram selecionadas, fez-se mostra para mostrar a cultura exótica como deformadora do caráter. 

Eis que, entre nós, eco da sanha nazista, emerge com fulgor o anti-intelectualismo. Nada mais oportuno para os agentes do obscurantismo do que detratar professores, artistas, jornalistas, gente que cria, critica e educa. Tenhamos juízo enquanto é tempo, lembremo-nos que tivemos Machado de Assis, Clarice Lispector, Vila Lobos, Tom Jobim e que temos ainda Chico Buarque de Holanda dizendo Amanhã há de ser outro dia... Abaixo os “idiotas da aldeia”, pelo fim dos ventríloquos das redes sociais, e combatamos a censura.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

CAIXA DE MÚSICA 381


Roberto Rillo Bíscaro

O terceiro álbum dos norte-americanos abunda em sofisticação em um prog sinfônico muito atual.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

PAPIRO VIRTUAL 144

Roberto Rillo Bíscaro

Em Knife (2019), o detetive Harry Hole sofre perda dilacerante, além de ter que lidar com a volta de seu arqui-inimigo, o estuprador em série Svein Finne.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

TELONA QUENTE 303


Roberto Rillo Bíscaro

Já se especulava imenso sobre Marte nos anos ’50, especialmente nos escalões mais baixos da ciência (mas não só). Cria-se que poderia haver vegetação e mais dum livro foi escrito a respeito da provável exploração marciana, que viria logo. Em 1949, saiu The Conquest Of Space; em ’48, Das Marsprojekt; em 1956, The Exploration Of Mars.
Com o estouro dos filmes de ficção-científica “séria” da década, iniciado, em 1950 com Destination Moon, em 1955, a Paramount decidiu investir suas centenas de milhares de dólares numa película do subgênero. The Conquest Of Space compartilha o nome do livro de 1949, assim como vários traços de Destino Lua, o que o torna item dispensável do catálogo sci fi cinquentista, a não ser que seja entusiasta.
A trama é simplérrima: preparativos pruma viagem espacial, viagem a Marte, pouso no planeta, entrevero, final feliz com umas 2 mortes no processo. A despeito de não ser detalhado como Destination Moon no ato inicial, que neste descreve os preparativos, e em Conquest é um monte de trololó sonífero, o filme se pretende realista. Mas só consegue impressionar pela credibilidade dos efeitos especiais, pros padrões da época, sempre bem lembrado. A chupada de Destino Lua é tão descarada, que há até uma personagem equivalente ao ignorante bonachão Joe, que toca até gaita.
Mas, para entusiastas mais cirúrgicos da produção sci fi 50’s, The Conquest Of Space oferece rara personagem nipônica positiva, que vai ao Planeta Vermelho com os norte-americanos pra expiar as atrocidades cometidas na 2ª Guerra (claro que o roteiro tinha que justificar porque havia um japa nas telonas cinemascope!).
Outro dado assaz interessante é que já então, preocupava o impacto psicológico que tamanha empreitada na psique humana. O capitão literalmente pira e busca no fundamentalismo religioso perigoso refúgio e arma pro seu medo de ter se embrenhado espaço sideral adentro. Meio século antes da badalada série netflixiana Mars advertir sobre o perigo.
The Conquest of Space não foi bem de bilheteria (1 milhão nos EUA e Canadá) e o produtor George Pal afastou-se da ficção-científica um par de anos, além de desistir duma continuação pra When Worlds Collide.
Bem-feito. Ninguém mandou aceitar  roteiro tão preguiçoso.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

A LONTRA BRANQUINHA

Lontra albina é registrada às margens do rio Aquidauana


Às margens do Rio Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, é fácil observar diversas espécies da fauna pantaneira. Desde aves, como biguás e garças, até serpentes, como as sucuris, os flagrantes surpreendem turistas que visitam a região.

Entre tantas expedições no Pantanal, porém, um grupo de turistas tirou a sorte grande: o flagrante foi de uma lontra albina.

De corpo inteiro branco e focinho cor de rosa – muito diferente das lontras e ariranhas que desfilam couro em tons de cinza - o indivíduo foi observado apenas duas vezes pelos guias de uma pousada, no mês de agosto.

“Durante um passeio de barco o guia avistou a lontra, mas só quando chegou mais perto viu que era diferente. Quando foi fotografada estava sozinha, se alimentando de um peixe”, conta Joana Tatoni, administradora da pousada.

O pouco tempo em que a lontra se exibiu, porém, foi suficiente para marcar o momento, uma vez que lontras albinas são raríssimas na natureza.

“São casos raros, frutos de genes recessivos. Existem casos relatados na Escócia, com outra espécie de lontra. Aqui no Brasil, temos conhecimento de apenas uma, no Parque Zoobotânico de João Pessoa”, explica o oceanógrafo Oldemar Carvalho.

De acordo com o especialista, a raridade dessas mutações prejudica os estudos sobre o fenômeno. No entanto, acredita-se que a lontra albina tenha desvantagens no ambiente. “Por conta da camuflagem, que é prejudicada, e do incômodo com os raios solares nos olhos, que dificultam a visão em dias claros”, diz.

Além disso, o animal pode ter dificuldades para acasalar e o filhote albino pode ser rejeitado pela mãe.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

CAIXA DE MÚSICA 380


Roberto Rillo Bíscaro

O álbum de estreia desta dupla nova-iorquina combina o pop dos anos 60 com a brevidade e energia do indie pós-punk.

domingo, 8 de setembro de 2019

ALBINOS DISCRIMINADOS EM CONCURSOS EM ANGOLA

Albinos denunciam discriminação e limitação aos concursos públicos


O presidente da Associação Provincial do Cuanza-Norte de Apoio aos Albinos disse, em Ndalatando, haver na região discriminação e limitações dos associados no acesso aos concursos públicos.

Em entrevista ao Jornal de Angola, António Mateus Sidónio explicou que no Cuanza-Norte a perseguição aos albinos é prática corrente e em muitos casos tudo começa na família, onde alguns chegam a ser acusados de feiticeiros. Revelou que os albinos continuam a enfrentar dificuldades de integração na sociedade, bem como a inserção nos serviços públicos. Acrescentou que um dos problemas que os afecta é o de saúde, designadamente consultas de dermatologia e oftalmologia, devido à necessidade de protecção da pele e olhos, pelo que sugere facilidades para consultas grátis nos hospitais.
António Sidónio lamenta a existência de poucos albinos a exercer cargos no Governo e instituições da província.
Em reacção, o chefe de departamento da Acção Social, Família Igualdade do Género, Severino Chivala, avançou que os programas da instituição visam atender grupos mais carenciados, podendo estar abrangidos albinos em situação precária. No Cuanza-Norte, a Associação de Albinos existe desde o passado dia 7 de Julho deste ano, e controla cerca de 110 membros, nos municípios de Cazengo e Lucala. Dados da ONU dão conta que centenas de pessoas com albinismo, na sua maioria crianças, já foram atacadas, mutiladas ou mortas em pelo menos 25 países africanos.

Causa do albinismo

O albinismo é uma anomalia pigmentar que torna a cor de pele, de pêlos e de olhos muita clara. Devido a factores genéticos (aos genes recessivos dos pais), no albinismo ocorre a ausência total de pigmentação na pele, sistema piloso e íris.
O albinismo não é considerado uma doença, mas podem surgir problemas na visão e haver mais risco de cancro da pele. O Dia Mundial de Consciencialização do Albinismo acontece anualmente a 13 de Junho, celebrado pela primeira vez em 2015, proclamado pela ONU, para divulgar informação sobre o albinismo e para evitar a discriminação, combatendo ao mesmo tempo a perseguição aos albinos.

sábado, 7 de setembro de 2019

ALBINO DE PROVETA

Cientistas criam lagarto albino com edição genética

Uma poderosa tecnologia de edição de genes conhecida como CRISPR levou a recentes descobertas em camundongos, plantas e humanos, mas fazer com que a tecnologia funcionasse em répteis tinha se mostrado impossível devido a importantes diferenças reprodutivas.

Uma equipe de cientistas da Universidade da Geórgia superou esses desafios e criou com sucesso lagartos anolis albinos. Os pesquisadores dizem que o experimento pode nos ajudar a entender melhor os problemas de visão em humanos com albinismo.

"Há algum tempo lutamos para encontrar uma forma de modificar genomas de répteis e manipular genes em répteis, mas ficamos presos no modo como a edição de genes está sendo feita nos principais sistemas-modelo", disse Doug Menke, coautor de um artigo que descreveu a pesquisa na revista Cell Press nesta terça-feira.

Os principais sistemas modelo se referem a organismos comumente estudados em laboratório, como ratos e peixes-zebras.

A edição de genes CRISPR geralmente é realizada em óvulos recém-fertilizados ou zigotos de célula única, mas a técnica é difícil de aplicar a animais que põem ovos: por um lado, o esperma é armazenado por um longo tempo dentro dos ovidutos das fêmeas e é difícil saber quando a fertilização ocorrerá.

Menke e colegas, no entanto, notaram que a membrana transparente sobre o ovário lhes permitia ver quais óvulos seriam fertilizados a seguir, e decidiram injetar os reagentes CRISPR neles pouco antes disso ocorrer.

Não apenas funcionou, mas, para sua surpresa, as edições genéticas acabaram nos DNAs de linha materna e paterna, e não apenas no primeiro, como haviam previsto.

Mas por que eles escolheram tornar os lagartos albinos?

Primeiro, disse Menke, eliminar o gene da tirosinase, que resulta em albinismo, não é letal para o animal.

Em segundo lugar, os humanos com albinismo geralmente têm problemas de visão e os pesquisadores podem usar os pequenos lagartos como um modelo para estudar como o gene afeta o desenvolvimento da retina.

"Humanos e outros primatas têm uma característica no olho chamada fóvea, uma depressão na retina que é essencial para a visão de alta acuidade. A fóvea está ausente na maioria dos sistemas modelo, mas está presente nos lagartos anolis, dado que eles confiam na visão de alta acuidade para atacar insetos", diz Menke.

A equipe diz que a técnica também pode ser aplicada a aves, que foram editadas geneticamente no passado, mas usando processos mais complexos.

Desde que entrou em cena há mais de uma década, a CRISPR (também conhecida por seu nome completo CRISPR-Cas9) tem sido usada para várias aplicações potencialmente revolucionárias: desde a redução da severidade da surdez genética em ratos até a criação controversa de bebês humanos imunes ao HIV.

Menke argumentou que era essencial expandir o escopo dos animais nos quais a técnica poderia ser aplicada.

"Cada espécie, sem dúvida, tem algo a nos dizer, se dedicarmos algum tempo para desenvolver os métodos para realizar a edição de genes", disse.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

TELONA QUENTE 302

Nesse suspense psicológico, a vida do pintor Lorenzo sai do controle quando ele começa a achar que sua esposa está tentando distanciá-lo de seu filho.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

CONTANDO A VIDA 281

COLONIALIDADE LATINO AMERICANA: nós brasileiros como os europeus. 

José Carlos Sebe Bom Meihy 

Não é fácil ser brasileiro hoje. Nunca foi, aliás, mas parece que agora o coro de doídos potencializados pelas redes sociais transformou o país – e o continente – em imenso manicômio. Sim, alastrou-se uma tara que dá rosto aos dois lados da moeda que lastreia a desgraça nacional e barateia tudo. Nem mais sequer encontramos alienados ou alheios: todos têm posições “certas”, somos todos engajados, temos preferências extremadas, e é notável que os critérios de escolhas se digam ligados ao mais puro amor ao torrão natal. E reponta assim um nacionalismo patrioteiro mais próximo da burrice do que da fronteira do bom senso mediano. A defesa do econômico se agiganta projetando o aumento de empregos e a valorização da moeda como fatores capitais, únicos, redentores do progresso material. Infelizmente, não há mais como olhar do lado sem se questionar do posicionamento do próximo mais próximo, e o resultado é um silêncio ensurdecedor. Ficamos quietos, pois meras referências podem ser declaração de rompimentos. Melhor ligar o aparelho celular e ver as últimas... 

Triste, né? Pois nesta ciranda, rolou a espontaneidade, a tolice contida nas abobrinhas contadas à guisa de contato, as conversas fiadas, brincadeiras trocadas. O bom mocismo, a cordialidade, a graça matreira do jeitinho, as piadas prontas, tudo virou resíduo. Somos hoje um país triste, amargado pela desesperança, machucado pela infelicidade política. E haja liberação de armas, proteção às milícias, dia do fogo, impunidade para os amigos poderosos, cara feia de políticos ameaçadores, redução de direitos, massacre de minorias. Destruição é a palavra feia que marca o mau hálito do convívio e nos faz virar o rosto para o saudoso bate-papo, para a provocação que levava ao barzinho, para um mi-mi-mi tolo, mas interativo. Há, pelo avesso, escondido no futuro da incompreensão histórica, algo pior ainda, o destrato do vernáculo combinado com a ignorância histórica. 

O fulo, o vernáculo errado crônico, os verbos entortados, a falta de elegância que violenta a liturgia dos cargos, enfim, um composto trágico-cômico que nos esfola e nos faz menor quando os argumentos (ou a falta deles) integra os confrontos multiplicados pelas benesses da eletrônica. Estamos perdendo o tamanho e somos assombreados por fake news. Encolhemos. No processo dessa nossa retração perdemos a humanidade. Mas é evidente que isto não acontece de repente, e sem nexos causais. Não. Há uma arquitetura ordenando o desmonte de nossos inocentes estereótipos que, afinal, por sutis e disfarçados que eram nos faziam bem. A realidade atual, como se nos arrancassem a fantasia na quarta-feira, acabou com o alegre carnaval da nossa cultura urbana e tão graciosamente montada em cima de uma democracia racial. Acordamos para o abismo... 

Mas há ainda algo pior acontecendo. Enquanto nos bastávamos como brasileiros cordiais, na pacatez do tal país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza, no subsolo do decantado gigante pela própria natureza, gestava-se um monstro vingativo que não queria mais ser filho do colonizador histórico europeu, e que bradando sua independência política, social, moral e ética, nada mais fez do que reproduzir exatamente os valores dos representantes do “velho mundo”. Foi assim que, na modernização de uma industrialização servil e globalizada, se constituiu uma classe média branca, isolada de ramificações sociais indígenas e negras e desprezadoras dos segmentos amulatados que somos. Ímpia, proprietária, arrogante e dona da verdade, a classe média quando ameaçada por possíveis “outros” se arrepiou e cavou trincheiras. No máximo, e tão somente os novos contingentes estrangeiros, os imigrantes e sua prole – brancos é evidente – foram incorporados, mas não sem antes terem capital para integrar nossa elite de arremedo. E que grupo dominante formou-se no que de mais estranho a história da América Latina produziu! Excludente, isolador, vingativo, incapaz de promover o progresso de segmentos eternizados como subalternos, julgando-se cidadãos melhores que os outros, este grupo soube atravessar séculos escravizando negros, massacrando índios, reprimindo quem não coubesse na tarja cunhada pelo domínio. 

Aprendeu-se direitinho o jeito colonizador de ser. Talvez até melhor do que as lições dadas pelos legítimos conquistadores, os “colonializados” se apossaram de tudo e mesmo sendo pouco, se assoberbam declarando-se arautos do país. O conjunto de fatores que alimenta esta empáfia, por ironia que seja, é detectada por uma mínima parcela da intelectuais latino-americanos, em particular de grupos que aprendem com diagnosticadores como Quijano, Durssel, Mignolo, Lander, entre outros latino-americanistas que não olham no Espelho do Própero. Este grupo apresenta uma versão que merece ser considerada agora mais do que nunca e com base nas propostas deles convida-se a estudar um pouco. Como sugestão segue uma pequena sequência de artigos sobre “colonialidade”. Que os cidadãos de boa vontade vejam e divulguem. 


Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em 76
E eu quero é que esse canto torto
Feito faca, corte a carne de vocês
E eu quero é que esse canto torto
Feito faca, corte a carne de vocês 

Tenho vinte e cinco anos
De sonho e de sangue
E de América do Sul
Por força deste destino
Um tango argentino 
Me vai bem melhor que um blues

terça-feira, 3 de setembro de 2019

TELINHA QUENTE 375

Roberto Rillo Bíscaro
The Looming Tower acompanha a crescente ameaça de Osama Bin Laden e da Al-Qaeda no final dos anos 90 e como a rivallidade entre o FBI e a CIA durante essa época pode ter, de forma não intencional, definido o caminho para a tragédia do 11 de setembro. Esta série é baseada no livro de Lawrence Wright de literatura de não ficção, ganhador do Prêmio Pulitzer.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

CAIXA DE MÚSICA 379


Roberto Rillo Bíscaro


O Gryphon nunca atingiu status de primeiro time do rock progressivo em termos comerciais, mas seu início folk-renascentista, com fagote e tudo, tornou os britânicos uma banda muito amada por fãs da ala mais melódica do subgênero.

Com formação erudita, os membros sabiam tocar seus instrumentos muito bem, compuseram para peça shakespeariana, e até tentaram virar prog sinfônico, quando foram descobertos pelo Yes, que os convidou para abrir seus shows na turnê norte-americana. Mas, já era meados dos 70’s e o prog rock caíra em desgraça crítica e descenso comercial. Exceto pela longa Spring Song, quase nada no derradeiro álbum Treason (1977) lembrava a proficiência de Red Queen to Gryphon Three (1974), que, a propósito, já encarnara banda bem distinta do combo neomedieval do início.

Exceto por um ou outro show, os ingleses permaneceram em silêncio de estúdio por quatro décadas e um ano. Ano passado, saiu o apropriadamente intitulado Reinvention. Nessa encarnação um sexteto, metade do Gryphon é da formação original: Brian Gulland, Graeme Taylor e Dave Oberlé. Junto com Graham Preskett, Andrew Findon e Rory McFarlane, o Gryphon trouxe onze canções, que combinam instrumentos tradicionais do rock com fagotes, instrumentos renascentistas de sopro e tecla, além de flautas e saxofones. É uma celebração sônica digna dos quarenta anos silentes.
Reinvention prova ser título adequado, porque o som está realmente reinventado. O álbum de estreia, por exemplo, era tão medieval que só faltava vir com cultura de vírus da Peste Negra. Em 2019, o clima é medievalizado, como prova Ashes, uma das raras faixas com vocal. Além disso, a produção está atualizada para a cristalinidade sonora atual. Faixas como a instrumental Rhubarb Crumhorn mantém o fervor pelo folk do medievo, mas atualizam-no, como elemento predominante, e não como tentativa de clonagem, como dantes.

A reinvenção ghryphoniana é mais radical, porém. Os britânicos sintetizaram em um só álbum, quase todas as fases por que passaram nos 70’s e ainda atiraram brindes na barganha.

Pipe Up Downsland Derry Dell Danko abre com floresta de flautas de empalidecer Ian Anderson; percussão de feira medieval e tudo mais, mas atente como o breve cantar tem quê de Canterbury. A Futuristic Auntyquarium, além do trocadilho, representaria título perfeito também para o álbum: o antigo da Renascença vira free jazz no meio da faixa, com instrumentos “de época” tocando música contemporânea, para novamente se recompor em alegoria de cravo. Os onze minutos de Haddocks’ Eyes constituem-se em microuniverso de estilos: erudito contemporâneo, pop folk setentista, Canterbury, quase-virada hard-Crimsoniana, som de bandinha de fanfarra marcial. Como não perceber o clima jazz na medievalidade de  Hospitality At A Price... Anyone For? Sailor V eruditamente escancara as semelhanças entre celta, música de hino anglicano e certo tipo de country music.
A hora de música contida nas onze faixas de Reinvention não apresenta defeito e faz desejar que o Gryphon não demore tanto para lançar material.