Roberto Rillo Bíscaro
Já se especulava imenso sobre Marte nos anos ’50,
especialmente nos escalões mais baixos da ciência (mas não só). Cria-se que
poderia haver vegetação e mais dum livro foi escrito a respeito da provável
exploração marciana, que viria logo. Em 1949, saiu The Conquest Of Space; em ’48, Das Marsprojekt; em 1956, The
Exploration Of Mars.
Com o estouro dos filmes de ficção-científica “séria” da
década, iniciado, em 1950 com Destination Moon, em 1955, a Paramount decidiu
investir suas centenas de milhares de dólares numa película do subgênero. The
Conquest Of Space compartilha o nome do livro de 1949, assim como vários traços
de Destino Lua, o que o torna item dispensável do catálogo sci fi cinquentista,
a não ser que seja entusiasta.
A trama é simplérrima: preparativos pruma viagem
espacial, viagem a Marte, pouso no planeta, entrevero, final feliz com umas 2
mortes no processo. A despeito de não ser detalhado como Destination Moon no
ato inicial, que neste descreve os preparativos, e em Conquest é um monte de
trololó sonífero, o filme se pretende realista. Mas só consegue impressionar
pela credibilidade dos efeitos especiais, pros padrões da época, sempre bem
lembrado. A chupada de Destino Lua é tão descarada, que há até uma personagem
equivalente ao ignorante bonachão Joe, que toca até gaita.
Mas, para entusiastas mais cirúrgicos da produção sci fi
50’s, The Conquest Of Space oferece rara personagem nipônica positiva, que vai
ao Planeta Vermelho com os norte-americanos pra expiar as atrocidades cometidas
na 2ª Guerra (claro que o roteiro tinha que justificar porque havia um japa nas
telonas cinemascope!).
Outro dado assaz interessante é que já então, preocupava
o impacto psicológico que tamanha empreitada na psique humana. O capitão
literalmente pira e busca no fundamentalismo religioso perigoso refúgio e arma
pro seu medo de ter se embrenhado espaço sideral adentro. Meio século antes da
badalada série netflixiana Mars advertir sobre o perigo.
The Conquest of Space não foi bem de bilheteria (1 milhão
nos EUA e Canadá) e o produtor George Pal afastou-se da ficção-científica um
par de anos, além de desistir duma continuação pra When Worlds Collide.
Bem-feito. Ninguém mandou aceitar roteiro tão preguiçoso.
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