Profissão de Urubu soa meio estranho como nome dum grupo
tão melódico e delicado como o formado por Bruno Jefter (voz, violão e
guitarra), Paulo Mello (voz e guitarra), Adolfo Neto (baixo e teclados), Pedro
Araújo (guitarra) e Guilherme Maranhão (bateria).
Os brasilienses se inspiraram em Tom Jobim, que admirava
a pobre ave com fama de agourenta a ponto de nomear um de seus álbuns em sua
homenagem. Diz que em entrevista nos 70’s, o Maestro afirmou que “profissão de urubu
é ser alegre e tristonho”.
O álbum homônimo de estreia saiu em 2015 e exceto por
umas 3 ou 4 faixas, o resto é adjetivável com um sonoro cuti-cuti/nóxa-nóxa.
Tudo muito fofo e inspirado por indie
ou twee pop. Cheio de assobios,
corinhos infantis, lálálás e láláláiás, faixas como Até, Setembro, Pinheiros,
De Verdade, Par, Para Sempre e Embora serão irresistíveis para fãs de Marcelo
Jeneci, Belle and Sebastian, pop influenciado por country, easy listening,
cheio de teclados soando como cornetinhas. Dá vontade de cantar junto, pulando
amarelinha. “Bom dia, bom dia, bom, dia láláiáláiá!”
Os números mais introspectivos também são deliciosos,
graças às vozes doces de Bruno e Paulo. Vide o samba-canção bossa-novado que
abre meio psych, de Cigarro na Orelha e a canção de ninar, meio pós-rock Fala,
que tem até barulhinho de chuva.
E não dá de jeito nenhum pra dizer que é inacessível, pra
poucos, não toca na mídia etc. Tá aqui, de graça, ó!
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