sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

PAPIRO VIRTUAL 157


Roberto Rillo Bíscaro

A escritora britânica homenageia e adiciona possibilidades ao clássico A Outra Volta do Parafuso, de Henry James. Em uma remota mansão na Escócia, uma babá tem sua sanidade mental desequilibrada pouco a pouco. São as crianças? Seriam fantasmas? Ou?...

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

TELONA QUENTE 323


Numa fazenda isolada, William realiza o seu trabalho. Ele dá um fim nos cadáveres trazidos por gangues locais. Sua filha Gloria já está acostumada a ver gente morta mas acredita que a casa está assombrada por alguns deles. Tudo muda quando William encontra uma moça viva.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

TELINHA QUENTE 396

Roberto Rillo Bíscaro

Depois de ano desaparecida, Alice Webster reaparece e inicia-se um drama policial complexo, desenvolvido em mais de um local e tempo.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

CAIXA DE MÚSICA 403


Roberto Rillo Bíscaro

Em seu segundo álbum, a britânica apresenta boas melodias, emolduradas em sons eletrônicos provenientes do eletropop, house, techno e synthpop.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

CONTANDO A VIDA 300

QUAL O VERBO DO CARNAVAL: BRINCAR, PULAR OU DESFILAR? 

José Carlos Sebe Bom Meihy 

Para Carl Schmertmann 

Na velocidade dos acontecimentos, na vertigem das comunicações aceleradas pelos avanços eletrônicos, as ciências humanas têm exercitado um verbo transitivo que poderia parecer doido até pouco tempo: “ressignificar”. Pois bem, vou tentar dar novo significado para uma antiga discussão: o papel do carnaval dividido entre a alegria e o julgamento político. Antes do bla-bla-bla acadêmico, preciso dizer que mandei o artigo “A VERDADE VOS FARÁ LIVRE: e então é carnaval, eh?!” para uma lista de ex-alunos estrangeiros. Para encurtar a longa história, trata-se de uma turma de então jovens norte-americanos, estudantes na USP há 40 anos. Imagine... Foi postar o texto e uma pergunta repontar instigante “JC, você quer dizer que o tom do Carnaval mudou?”, E sagaz, não satisfeito, prosseguiu “A crítica social e política continua (por ex. no enredo da Mangueira), mas o bom humor, os comentários irreverentes, e um certo espírito comunal já passaram?”. E me crucificou com um fatal “É isto?”. Gelei... Gelei, mas depois de ruminar ideias, ajustar teorias, me vi pronto para responder. E não poderia ser por whatsapp... 

As duas propostas mais vigorosas em termos de interpretação cultural do nosso carnaval remetem ao significado implícito do evento no calendário. Lembremos com Jorge Amado que somos assinalados como o “País do carnaval” (o “cacau” e o “suor” vêm depois). E convém lembrar que a relevância da festa no calendário nacional independe das possíveis origens, da estrutura festiva, das variedades de manifestações. Roberto DaMatta é o mais popular tradutor da visão dos dias momescos como o inverso do cotidiano. Renato Ortiz valoriza o avesso disto, professando que, pelo contrário, o carnaval reafirma o cotidiano, não desmente nada. No primeiro caso, a permissão, a licença irreverente, a picardia têm todo espaço para exercer a função crítica, livre e democrática, sem censura. Sob outra chave, o alvará analítico de Ortiz desafia situações e fatos sem que, contudo, deixem de existir as instituições que autorizam tais fórmulas. Para DaMatta cria-se um espaço de absoluto livre-arbítrio, onde o não limite é o limite das coisas. Ortiz, muito mais severo, demonstra que o Estado continua existindo, as instituições de controle e atendimento também (policiamento, hospitais, meios de transportes, turismo...). Então, delineadas as matrizes problematizadoras da relevância sóciocultural da programação carnavalesca, resta perguntar, mas e daí? Crítica ou irreverência; gozação ou teor político? Certamente não vale empatar o jogo e cair na simplificação “ah, os dois” ou “no Brasil tudo pode”. 

O famoso jeitinho (outra vez Roberto DaMatta) é saída fácil e até histórica. Quando não nos damos o direito de profundidade abrimos a comporta do vale tudo ou do tudo junto e misturado. Pensando na responsabilidade de uma resposta algo mais rigorosa, levando em conta o momento político que atravessamos, optei por hierarquizar os argumentos. Para mim, em primeiro lugar, independentemente da irreverência inerente às manifestações de rua (portanto aos blocos que se multiplicam espantosamente), as Escolas de Samba têm assumido o tal tom crítico, político, ácido e eficaz em sua abrangência. Vive-se um pouco um jogo de atacado e varejo. No geral, no atacado, para significar o Carnaval em sua legitimidade brasileira é o enredo das Escolas de Samba que vale mais, que manda o recado, que diz o que quer dizer. No fanfarrão, na alegria isolada do varejo, sem se constituir em proposta organizada, previamente articulada e com enredo, são os cordões, as bandas, os corsos dão conta e se bastam. 

Interessa neste ponto considerar o uso corriqueiro dos termos “brincar carnaval”, “pular carnaval” e “desfilar em Escola de samba”. Veja que não são sinônimos. Não!... Brincar, se brinca em blocos, nas ruas, sem muito ordenamento ou pontos a serem somados em concursos, julgados por jurado especializado e em tempo regulado. Pular, se pula em salões fechados, em clubes e com controle institucional apenas. Desfilar, ah desfilar... Desfilar é em Escola de samba, com enredo escolhido e planejado ao longo de meses, com investimento de cartolas, carnavalescos profissionais. E aqui vale a porosidade cívica que se traveste de deboche para dizer o que tem que ser dito e, tomando o Rio de Janeiro como padrão, mostrado mundialmente. 

Pode-se pular ou brincar o carnaval, mas em termos de saliência e pertencimento comunal, é a Escola de samba que dá o tom. Viva a Mangueira manda o recado “A VERDADE VOS FARÁ LIVRE”.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

TELONA QUENTE 322


Neste faroeste clássico, um ex-pistoleiro determinado a evitar confusão enfrenta barões do gado que ameaçam um grupo de pequenos produtores rurais.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

TELINHA QUENTE 395


Roberto Rillo Bíscaro

Na Austrália dos anos 1950, a chegada de Sarah Adams mudará para sempre a poderosa família Bligh.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

CAIXA DE MÚSICA 402


Roberto Rillo Bíscaro

O veterano Marc Almond reaparece com linda coleção de canções cheias de temas "góticos".

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

PAPIRO VIRTUAL 156


Roberto Rilo Bíscaro 

Nile Rodgers compôs e produziu canções e discos que transformaram a música pop e estão entre os maiores sucessos de todos os tempos. Le Freak narra a incrível história de como um dos grandes gênios do pop transformou sua vida dramática - de garoto negro, magricelo e asmático nascido no gueto - na brilhante e alegre playlist de várias gerações.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

TELONA QUENTE 321

Roberto Rillo Bíscaro

Quando O Planeta Proibido completou 50 anos, em 2006, a edição comemorativa em DVD foi tão laudatória que trouxe de brinde o documentário Watch the Skies!: Science Fiction, the 1950’s and Us, onde Steven Spielberg, George Lucas, Ridley Scott e James Cameron contam como a produção sci fi cinquentista informa seus trabalhos. Sem exagero, Forbidden Planet talvez seja o ápice da ficção-científica filmada na década e merece ser visto mesmo hoje.
Produzido com orçamento de quase 2 milhões de dólares, pela MGM, Forbidden Planet (FB) acumula série de “primeiros” e como se isso não fosse suficiente pra garantir-lhe os selos de “filme merecedor de preservação” e “dez mais entre os filmes de filme de ficção-científica de todos os tempos”, pelo American Film Institute, a película é inteligente e literalmente shakespeariana.
Trata-se do primeiro filme a sair de nosso manjado sistema-solar, mais especificamente dos já então batidos Marte, Lua e Vênus. Em FB, a missão viaja além da velocidade da luz num disco-voador ao planeta Altair IV, pra descobrir o que houve com expedição terráquea enviada há duas décadas. Isso no século XXIII e ao som de música eletrônica.
Uma das contradições mais engraçadas dos filmes de exploração espacial cinquentistas é a pretendida modernidade das tramas, vestuários e cenários em contraposição com a caretice da trilha-sonora, exatamente igual à executada nas rádios da época. FB contratou casal nova-iorquino que experimentava com sons eletrônicos e o resultado é vanguarda total, instigante até hoje. Anos antes da invenção do Moog, Louis & Bebe Barron inventaram trilha que influenciaria toda uma geração de músicos eletrônicos e progressivos.

Em Altair IV, os astronautas descobrem que restara apenas o Dr. Edward Morbius e sua bela e ingênua filha, Altaira. Um ser invisível matara toda a expedição. Para explicar isso, o roteiro inteligentemente amarra o Shakespeare d’A Tempestade à popificação das teorias freudianas, de id e subconsciente.
É tanta geração de influência, que hoje muitos perdem a referência pop que o robô do Perdidos no Espaço original é reciclado de Robby, the Robot, por si só um “primeiro”. Nunca um autômato fora tão autônomo.
Forbidden Planet tem efeitos especiais envolvendo animação, de primeira pra época e foi lançado em CinemaScope. Hoje isso não significa nada a não ser uma palavra, mas nos anos 50 a introdução dessa tecnologia alargou – e muito – as telas das casas de exibição.
Concessões tiveram que ser feitas, como personagem-alívio cômico (ela se ferra, hihihi: me irritam essas personagens) e aquelas capas que nada têm a ver pra chamar atenção. O negro robô carrega a mocinha alva. Isso era recorrente nos 50s e 60’s pra conferir mais noção de perigo ao filme. Não só não acontece isso, como essa constante repetição de criaturas escuras ameaçando mocinhas branquíssimas, é fetiche racista.
Mesmo que meio lento pra hoje e com um segundo ato comprometido pela boboquice de Altaira – mas eram os 50’s, mulheres eram tratadas assim mesmo – Forbidden Planet não pode ser olvidado por qualquer um que se diga sério fã de ficção-científica ou música eletrônica/progressiva. 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

CONTANDO A VIDA 299

A VERDADE VOS FARÁ LIVRE: e então é carnaval, eh?! 


José Carlos Sebe Bom Meihy 

Nossa!... nem vi o tempo passar. Ainda ontem era Natal, depois veio o Ano Novo, dia de Reis e o calendário já pontifica os dias de carnaval. Meu Deus, o que aconteceu com os marcadores do tempo? Aceleraram demais, perderam o controle? Ou eu que desaprendi que uma coisa vem depois da outra, que as datas se sucedem obedecendo a rituais diferentes? É tanta coisa que começo a me confundir, a misturar tudo e não saber mais onde guardei a máscara de “antigos carnavais”. 

Lembro-me dos tempos em que pelas ondas do rádio as marchinhas irreverentes se sucediam e por concursos elegíamos a melhor do ano; e a briga para saber quem seria a rainha do carnaval movimentava opiniões. João Roberto Kelly se superava nas irreverências alongando a presença de tantos como Ary Barroso. Como o mundo ainda era redondo (ah, os terraplanistas!) nos giros do globo, a Globeleza sem roupa brilhava nas telas com vinhetas das escolas de samba. Sabia-se que a folia estava próxima e era contagiante. Como tudo mudou! Sabe, me vem a cabeça triste profecia de Carlos Lyra em parceria com Vinícius de Moraes: “acabou nosso carnaval/ ninguém ouve cantar canções/ ninguém passa mais brincando feliz/ e nos corações/ saudades e cinzas foi o que restou”. Pior mesmo, é a continuidade fatalista desta “Marcha da quarta-feira de cinzas”: “pelas ruas o que se vê/ é uma gente que nem se vê/ que nem se sorri/ se beija e se abraça/ e sai caminhando/ dançando e cantando cantigas de amor”. Triste, né?... 

Mas se fosse questionado sobre o que mais me abate na consideração sobre este nosso carnaval de 2020, não titubearia em responder que é a falência do humor. Independentemente das origens variadas da celebração momística (africana, indígena, europeia, ou todas juntas), o abraço do humor com a graça é o que mais me acabrunha. Carnaval é/era irreverência pura e a permissão de homem se vestir de mulher e vice-versa, de pobre virar rico (“rei, pirata ou jardineira” como queriam Vinícius e Jobim) dimensionava picardia engraçada. E então tínhamos “nega maluca”, “índio quer apito”, “touradas em Madri” “o rala, rala, rala, coitado do Abdala”, “Maria sapatão”, e éramos mais felizes na irreverência que não ofendia e fazia rir. No reino de permissão (não permissividade) o devaneio da liberdade vestia a fantasia do possível e todos brincavam (“brincar carnaval”, lindo não?!). O quê e como tudo mudou? Tenho um palpite: a falsa moralidade, aquela que não permite mais o “teu cabelo não nega” ou a “mulata bossa-nova”. É claro que professo todas as causas feministas, as orientações sexuais, o respeito a todos cultos, sem dúvida alguma, mas peço licença para manter o pressuposto da pândega carnavalesca, da sátira democrática, irreverente, provocativa. E é exatamente nesta bifurcação moral que atua o azedo dos detratores da alegria picante. A sátira é essencial no tempo do carnaval, é a alma da folia, é graça. Sem este entendimento fundamental, as velhas autorizações para humanizar deuses e orixás correm o risco da censura. Censura burra, hipócrita, ridícula e agressiva. E penso nas batinas irreverentes de padres; nos hábitos provocantes de freiras lascivas, nos turbantes de aiatolás e nas vestes de rabinos. E saúdo o humor do Bloco da Carmelitas e entoo feliz da vida “Alá, meu bom Alá” (Lamartine), e junto festejo os trajes de anjos e diabos, tudo numa brincadeira que pretende inverter o duro cotidiano tão cheio de regras de moralismo falso, patriotices tolas, zangas politiqueiras. 

Virando a chave da crítica, devo reverenciar o samba da Estação Primeira de Mangueira que, aliás, retoma o teor crítico inerente ao carnaval e sob o título “A verdade vos fará livre”, na composição de Luiz Carlos Máximo / Manu da Cuíca, legitima o ensinamento cristão. Evocando passagens bíblicas diz a letra elaborada: “Senhor, tenha piedade/ Olhai para a terra/ Veja quanta maldade” e progride “Mangueira/ Samba, teu samba é uma reza/ Pela força que ele tem” e desdobra “Mangueira vão te inventar mil pecados/ mas eu estou do seu lado/ e do lado do samba também”. Talvez o que fira a visão medíocre de críticos é a identificação com o Cristo popular de “rosto negro, sangue índio, corpo de mulher/ moleque pelintra no buraco quente”, isto para concluir um “Jesus da Gente” com perfil legítimo e biografia de excluído “nasci de peito aberto, de punho cerrado/ meu pai carpinteiro, desempregado/ minha mãe é Maria das Dores Brasil”. Sem subterfúgio, num desafio explícito o samba-oração continua “favela, pega a visão/ não tem futuro sem partilha/ Nem messias de arma na mão”. 

Aposto na Estação Primeira, na Mangueira querida. Satírica, mordaz, picante, explicando a carência da alegria pândega, ela permite retomar o princípio ditado por Vinícius e Carlinhos Lyra “E no entanto é preciso cantar/ Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade”... Alegrar a cidade e calar a boca de fieis à opressão, ao mau humor e à ignorância.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

CAIXA DE MÚSICA 401

Roberto Rillo Bíscaro

O músico sírio Omar Souleyman usa instrumentos tradicionais para fazer dabke delirantemente dançante.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

A PERCEPÇÃO ALBINA DE ANDREZA AGUIDA

Albina, artista faz de sua autoimagem uma forma de ativismo

A artista e modelo Andreza Aguida apresenta, nesta quinta, 6, no Sesc Rio Preto, a performance '....percebendo...'



A performance é a plataforma da artista e modelo Andreza Aguida, de São Paulo, para incitar reflexões sobre a diversidade dos corpos humanos, buscando, sobretudo, romper com estereótipos e preconceitos que marginalizam pessoas que não se encaixam nos padrões físicos impostos por diferentes instâncias da sociedade. Mulher, albina e pessoa com baixa visão, ela transcende aquilo que muitos julgam ser uma limitação, fazendo de sua autoimagem uma forma potente de ativismo.

"Acho que estamos evoluindo [para uma sociedade que não julga os corpos]. No entanto, mesmo na moda, em que tive uma trajetória que me levou para a São Paulo Fashion Week, para a Casa de Criadores e para um desfile de Ronaldo Fraga [estilista mineiros que evidencia a diversidade dos corpos nas apresentações de suas coleções], a beleza ainda é algo almejado; não se aceita imperfeições. São questões que nos levam a crer que a palavra 'inclusão' não é totalmente compreendida", comenta Andreza, que apresenta, nesta quinta-feira, 6, no Sesc Rio Preto, a performance "...percebendo...", dentro da programação do projeto Corpos Dissidentes, que busca justamente criar um espaço de discussão sobre as várias formas de configuração dos corpos.

Obra que marcou o seu ingresso no universo performático, em 2013, após abandonar a carreira na área de Engenharia Elétrica - em que sentiu na pele mais o preconceito por ser mulher do que por ser albina -, "...percebendo..." é uma performance inspirada no fluxo das pessoas com deficiência visual por estruturas arquitetônicas de diferentes espaços, sejam eles abertos ou fechados. A artista busca por meio dessa criação questionar o que realmente dá acesso e o que limita quando o sentido da visão é privilegiado.

"...percebendo..." é fruto das inquietações de uma mulher com baixa visão que frequenta diversos espaços públicos, evidenciando a importância da construção de espaços acessíveis para a uma integração verdadeiramente inclusiva em sociedade, independentemente das diferenças existentes entre seus cidadãos.

Andreza é uma pessoa com "albinismo óculo-cutâneo tirosinase negativo" (tipo I), identificado pela sigla OCA1, uma condição genética que faz com que o organismo seja incapaz de produzir uma proteína chamada de melanina. Ela pode se manifestar na pele, cabelos e/ou retina. Sem a melanina, a pele fica branca (alva) - daí surge o nome dado a essa condição. Sendo assim, a falta de pigmentação na retina faz com que o olho fique extremamente sensível à claridade (fotofobia), ocasionando a baixa visão, também conhecida como visão subnormal (VSN). O indivíduo fica capaz de identificar as imagens globais, porém os detalhes à distância passam despercebidos pelos olhos e a percepção de profundidade também é perdida.

Desde quando deixou a profissão de engenheira elétrica, ingressando no curso de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP), Andreza mantém diálogo com diferentes linguagens artísticas - entre elas o audiovisual, a música, o canto (ao qual ela se dedica há cerca de 15 anos) e a dança. Também se tornou uma figura que dá voz para a comunidade albina brasileira - ela foi a criadora do grupo "Albinos do Brasil" no extinto Orkut, mídia social em que encontrou, em 2004, inúmeros grupos que destilavam seu desprezo a pessoas com esse tipo de condição genética.

Para ela, a inclusão é um ideal ainda a ser atingido, pois nem todas as pessoas têm a sensação de pertencer aos espaços. E é justamente esse ideal que ela busca com suas criações artísticas.

Outras atividades

A programação do projeto Corpos Dissidentes ainda prevê para esta quinta, 6, a realização do bate-papo "Belezas em Divergência", que, além de Andreza, terá a participação da fotógrafa e viodemaker Marcela Guimarães e da modelo e blogueira Rebeca Costa, uma das representantes do movimento brasileiro de pessoas com nanismo. 

Nesta roda de conversa, as convidadas vão refletir sobre a beleza e o padrão normalizado a partir de questões de acessibilidade e diversidade na arquitetura, moda e estética, além de circulação e veiculação de imagens de corpos dissidentes na publicidade.

A programação ainda é marcada pela intervenção "Uma Foto Para Todo Corpo", com Bruna Ferreira, fotógrafa de retratos femininos que exploram um olhar mais generoso e carinhoso sob o corpo da mulher. A partir da vivência da fotografia, ela propõe um trabalho com questões do corpo, celebra histórias e inicia um processo de autoconhecimento.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

TELONA QUENTE 320



Depois de cancelar a viagem de seus sonhos à Califórnia, uma adolescente ingênua tem de enfrentar a dura realidade da adolescência e a doença do tio a quem adora.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

CONTANDO A VIDA 298


50 TONS DE AMIZADE. 


José Carlos Sebe Bom Meihy 

Sempre me encantei com o sentido da amizade em nossas vidas. Pensando nisto, com curiosidade aguçada retomei o estudo da barcelonesa Natàlia Cantó, pesquisadora do comportamento, com ênfase em cuidados afeitos às emoções no mundo contemporâneo, em particular nas sociedades industriais. Instruída por investidas sobre relacionamentos, diz a socióloga que “depois dos 30 anos torna-se muito mais difícil fazer amigos”. O fundamento desta condição remete aos comprometimentos que assumimos com a maturidade: casamentos, filhos, trabalho. Sob esta perspectiva, o tempo disponível torna-se fator fundamental para a limitação do convívio e trocas que, segundo Cantó, “fica reservado ao cumprimento de deveres e tarefas da vida ordinária”. Atribuindo, portanto, às circunstâncias inerentes aos papeis sociais que temos que gerenciar, as soluções de doação de si ficam sujeitas a alguns fatores que antes da maturidade seriam mais soltos, menos dependentes de “necessidades práticas”. 

A relação do tempo com a amizade é pendência antiga, com raízes na antiguidade clássica. Aristóteles foi pioneiro ao vincular fases da vida com este sentimento por ele definido como “a forma mais satisfatória de convivência”. Garantindo substância instintiva, Aristóteles elevou a amizade a uma sofisticação que a qualifica “acima de qualquer outra manifestação”. Fundamentando o elogio ao convívio afável e civilizado, diz Aristóteles que “como animais sociais” que somos, torna-se inerente à condição humana desenvolver sentimentos de reciprocidade afetiva formulados por meio de pactos não necessariamente explícitos. No livro “Ética de Nicômaco” são delineadas três fases desse relacionamento incondicional. Na infância dá-se a busca natural de convívio que se realiza espontaneamente na vizinhança, escola, clubes. Numa segunda etapa, mais seletiva, na adolescência, o filtro é triado por escolhas afins, pela gostosura do convívio e, finalmente, na maturidade, pela consciência, respeito, conferência de mutualidades. 

De modo geral, as correntes filosóficas dedicam menções ao tema “amizade”, mas ninguém superou Voltaire ao dizer que “todas as grandezas do mundo não valem um bom amigo”. Por certo, há detratores e entre esses, nenhum é mais negativo que Freud ao conceber a amizade como “amor inibido”, portanto, “um sentimento menor”. Britânico, o filósofo Winnicott, porém, rebate implicando o conceito em “reconhecimento da alteridade” e, portanto, “potencializador das melhores virtudes humanas”. 

Tendo o plantel de definições e juizos filosóficos abalizados, joguei minha sonda pessoal no sentido analítico da amizade em minha própria experiência. Depois de garantir que sim, de reconhecer que posso me dizer alguém que tem amigos, declinei alguns temas desafiadores: mas amigos não se hierarquizam? Pensando a questão de outra forma formulei: todos os amigos ocupam o mesmo nível de consideração? Pronto, bastou isto para me sentir na selva de escolhas qualificativas. Logo me veio à mente a lindíssima canção composta por Renato Teixeira e Dominguinhos “amizade sincera” (amizade sincera é um santo remédio/ É um abrigo seguro/ É natural da amizade/ O abraço, o aperto de mão, o sorriso...). E foi exatamente este o ponto de partida para emprestar o mote desta reflexão: 50 tons de amizade. E então, no espelho de minha perplexidade me perguntei: existe amizade que não seja sincera? Bastou isto para desabrochar outra série de variações: há “mehor amigo”, “amigo virtual”, “primeiro amigo”, “amizade colorida”, enfim... 

Foi assim que ampliou o quilate do livro da inglesa Erika Leonard James “50 tons de cinza”. Mesmo sem ter lido o livro ou visto os filmes me permiti pensar na meia centena de possibilidades de enquadramento de amigos. Mas, me exigi certo rigor, não fui tão impulsivo e cheguei ao ponto de estabelecer critérios para julgamentos. Reconheci que a base de tudo é o afeto, admiti que amizade decorre de um ato voluntário e recíproco, e que é possível ter amigos acima de diferenças de gênero (tenho muitas amigas), de credo, raças e até de ideologia (aliás...). Elogiar a amizade, contudo, me pareceu saudável nesta altura da vida, pois inscrito no conceito de terceira idade, me permito repetir com Aristóteles que “sem amigos ninguém escolheria viver, mesmo que tivesse todos os outros bens”. Verdade, tenho ombros amigos quando preciso chorar. E olhe que tenho chorado muito. E mais consigo agora, ao mesmo tempo, ter amigos como na infância, adolescência e maturidade. Tudo ao mesmo tempo, ainda que em tons diferentes.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

TELINHA QUENTE 394


Roberto Rillo Bíscaro 


Considerado um dos primeiros romances de investigação policial, A Mulher de Branco ganhou movimentada adaptação na TV britânica.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

CAIXA DE MÚSICA 400

Roberto Rillo Bíscaro

O terceiro álbum apara as arestas mais cortantes da minimal wave com gosto de pós=punk, de Chris Stewart.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

PESTANAS ALBINAS

Esta Marca de Beleza Criou Pestanas Falsas Especialmente Para Mulheres Albinas
A Ivoree Beauty procura responder às necessidades de pessoas com esta rara condição de pele.

Rihanna pode ter aberto o caminho para uma maior representatividade na indústria da beleza, quando lançou a Fenty Beauty – e um espetro de tonalidades de base nunca antes visto -, mas não é a única a dar passos nesta direção. Jennifer Rhodes, a americana que se auto-intitula de primeira influencer albina, criou a Ivoree Beauty, uma marca que procura responder às necessidades de mulheres que sofrem da mesma condição de pele que esta.

Unindo a sua vontade de ajudar pessoas com esta rara condição e o amor por maquilhagem, Rhodes, também conhecida por J. Renée, desenvolveu uma linha de pestanas falsas, pensadas especialmente para mulheres com albinismo.

«Ao longo dos anos, muitos seguidores com albinismo, assim como modelos e atrizes, que têm de estar à frente da câmara, fizeram-me questões relativamente a extensões de pestanas loiras e brancas. Temos bastante dificuldade em encontrar produtos que correspondam à nossa cor natural. Por isso, passei o último ano a procurar uma forma de inverter isto e a torna-lo realidade através da minha nova marca, Ivoree Bauty», conta nas redes sociais. De momento, existem apenas em dois tons: umas loiras, as Blondee, e outras brancas, as Icee.