"Sagarana" traz cenários e personagens típicos do interior do país, mais especificamente do sertão de Minas Gerais. A linguagem inventiva do livro é outro aspecto que distinguiria para sempre o autor no campo da literatura brasileira. Ao mesmo tempo em que incorpora fragmentos essenciais da oralidade sertaneja, pescando regionalismos e recuperando antigas expressões de linguagem do sertão, Guimarães Rosa inova com a criação de neologismos cuidadosamente lapidados.
Muito tem se falado a respeito da figura do saci na obra de Monteiro Lobato. No aborrecido debate sobre o racismo, os extremos repontam garantido que o saci seria a primeira manifestação do “preconceito de marca” lobateano, mostrado como um marginal periférico; na outra ponta, alguns entusiastas com igual extremismo o revelam como propositor do “primeiro herói negro da nossa literatura”. Exageros e polarizações à parte, resta notar a gênese da criação de um personagem capaz de motivar reflexões sobre a memória popular repontada na cultura moderna.
Foi com empenho investigativo que entre os dias 27 de janeiro e 6 de março de 1917, nas páginas do jornal O Estado de São Paulo, Lobato fez estampar resultados de enquetes que, afinal, viraram seu primeiro livro “Saci-pererê: resultado de um inquérito”, publicado em 1918. Caracterizado o personagem, restava dar-lhe uma imagem. Foi neste sentido que o então estreante escritor propôs um concurso capaz de oficializar e sugerir uma forma tangível ao saci. Sobretudo, ao diabrete faltava uma figura, ou pelo menos o protótipo de imagem que deveria conter elementos básicos derivados das descrições colhidas.
Aspecto pouco notado na formulação folclórica, a junção descritiva aliada a imagem demandava resultados práticos e de efeitos estéticos captáveis, simples e eficientes. E sem uma figura básica, como marcar o saci na memória cultural brasileira? Convém não deixar para planos secundários que essa aventura remetia a um tempo em que a imagem passava a integrar os relatos jornalísticos. Os impressos então ganhavam função também por juntar texto e representações gráficas. Além disso, no momento da elaboração do “Inquérito”, o nascente escritor fazia vezes de crítico de arte, lance que exigia argumentos como satisfação aos leitores, em particular frente a um dos desafios maiores do tempo: a presença das artes plásticas junto à opinião pública. Uma dessas situações, por exemplo, diz respeito a um detalhe pouco explorado no conflito entre nossos modernistas e Monteiro Lobato. O virulento artigo “Paranoia ou mistificação”, escrito para comentar a Arte Moderna, transparecida na exposição de Anita Malfatti aberta em São Paulo em dezembro de 1917, tem servido como certidão do rompimento das partes. O que pouco se diz é que antes daquela rumorosa publicação, houve contatos bastante eloquentes entre Lobato e alguns personagens do Modernismo, como Oswald de Andrade e a própria Anita Malfatti. Um desses elos, aliás, se deu exatamente em função do saci, ou melhor do sentido do debate nacionalista que buscava fecundar a cultura com bases folclóricas.
No agitado contexto do “Inquérito sobre o saci”, Lobato propôs um concurso de pintura e escultura, cujo tema era a promoção da imagem do saci. Ainda que o certame fosse dirigido exclusivamente a artistas nacionais, o vencedor foi um imigrante radicado em São Paulo, o italiano Cipicchia, que apresentou uma figuração denominada “O Saci e a Cavalhada”. Anita Malfatti foi das poucas concorrentes a enviar um trabalho que, por difíceis explicações, desapareceu sem deixar vestígios físicos. Dela apenas se sabe exatamente pelo parecer de Lobato, em artigo publicado na Revista do Brasil, onde revelava que, no setor de pintura, o trabalho da concorrente fora desclassificado, mas segundo Cassiano Elek Machado mereceu extenso comentário, antecipando a insistência na questão dos “modismos”:
“A sra. Malfatti também deu sua contribuição emismo. Um viandante e o seu cavalo, em pacato jornadear por uma estrada vermelha degringolam-se numa crise de terror ao deparar-se-lhes pendente duma vara de bambu uma coisa do outro mundo. Degringola-se o cavaleiro, degringola-se o cavalo tentando arrancar-se do pescoço, o qual estira-se longo como feito da melhor borracha do Pará. Gênero degringolismo. Comotodos os quadros do gênero ismo, cubismo, futurismo, impressionismo, marinetismo, está hors-concours”.
Num esforço de conciliação, sem se desmentir, mas abrindo caminho para algum diálogo, finalmente, Lobato pontificava:
“Não cabe à crítica falar dele porque o não entende: a crítica neste pormenor corre parelha com o público que também não entende. É de crer que os artistas autores entendam-nos tanto como a crítica e o público. Em meio deste não entendimento geral é de bom aviso tirar o chapéu e passar adiante”...
Ainda que o “Inquérito”, somado aos escritos para crianças, se porte como marco inaugurador da invenção do saci brasileiro, não há como escapar dos efeitos daquele certamente artístico que tanto remetia ao gosto de uma crescente classe média como de uma sociedade urbanizada em busca de padrões culturais próprios. Pela dimensão plástica, a iniciativa de Lobato dava forma a caracterizações que até então eram, majoritariamente, escritas ou oralizadas. Isso não bastava mais. A revelação da materialidade pela pintura, escultura, cinema e fotografia, revela também a obstinação de Lobato para a atualização do estatuto cultural brasileiro moderno integrando vários códigos. O apelo para o chamado folclore – ou como preferia Lobato “mitologia brasílica” – implicava escolhas de personagens assimiláveis pelo gosto geral e, nesse sentido, entende-se que a marca do estereótipo nacional entraria como argumento debelador das tradições importadas.
Mais do que discutir racismo em Lobato, antes de tudo há de se buscar fundamentos de sua obra e trajetória de seus personagens, condição capaz de tirar do limbo simplificações que não param incomodar. Tanto há a se explorar no campo da investigação sobre a obra do mais importante escritor latino-americano na área da literatura infantil que chega a ser exaustivo colocá-lo entre o bem e o mal. Lobato está acima disso. E o saci também.
La Jauría conta a história de Blanca Ibarra (Antonia Giesen), uma estudante chilena de 17 anos e líder de um movimento feminista que desaparece durante um protesto organizado por alunas de sua escola católica. Ninguém sabe o paradeiro da jovem, até que, horas depois, uma gravação viraliza nas redes sociais, com imagens de Blanca sendo violentada por cinco homens.
Hortelã é o primeiro álbum de Ivan Vilela feito em parceria com a cantora Pricila Stephan. São canções de autoria de Ivan Vilela e de outros compositores do sul de Minas Gerais. O LP foi gravado em 1985 e retrata, com lirismo, parte da musicalidade existente no Sul de Minas.
Um dos diretores europeus mais interessantes dos últimos anos, favorito ao Oscar de Melhor Estrangeiro, traz ao debate o abuso do consumo de álcool entre jovens e adultos.
As palavras têm histórias, algumas lindas, outras nem tanto, há tristes e engraçadas, espalhafatosas, acanhadas, mas sempre faiscantes em suas andanças. Palavras são como novelas com enredos de amor e ódio, percalços, intrigas, conexões suspeitas, e falsas aparências. Quando acessadas, elas se exibem com vontade de palco e não escondem protagonismos inquietantes. Como seres vivos, nascem, crescem, ganham contornos, e há as que fenecem deixando melancólica saudade: sassaricando, fuzarca, chapuletada. Não nos esqueçamos daquelas espertas que se transformam provocando mudanças de sentido, sugerindo lugares adversos - sob este crivo, aliás o termo destino é exemplo eloquente, pois nasceu como trajeto de um ponto a objetivo certeiro, algo do tipo tiro ao alvo, mas, traidora, na prática deixou-se transformar, fazendo do próprio destino uma possibilidade ou alternativa arriscada. Tudo, porém, acontece num sopro variado entre o surgimento até prisões nos dicionários que lhes são “sentenças paralisantes”, como garantia Garcia Márquez.
Imagino o cultivo das palavras plantadas nas lavouras de etnólogos, semânticos, morfólogos e demais especialistas nos mistérios das línguas. Profissionais dedicados esses, devem habitar uma confraria reclusa a exegetas que, muito exigentes, tratam tudo com solenidade e precisão cirúrgicas. Afora essa corporação, porém, à nós singelos amadores da língua popular, sobra a leviandade de supor trajetórias contempladas na superfície de dizeres meio soltos, arranhados em pistas vagas, mas excitantes. Ah, a doce imprudência das escolhas palpiteiras; ah, o perfume das suposições!... Certamente isso há de soar heresia aos ortodoxos, mas a nós pecadores do verbo comum é algo divino. E tudo pode virar uma deliciosa aventura. Imaginar as histórias das palavras nos faz um pouco deuses, daqueles que libertam o livre arbítrio e nos deixam sondar o passado de cada vocábulo em perambulações tontas.
E para nós exegetas libertinos há profundezas no raso trato das palavras soltas no cotidiano. Dentre coleções, confesso, uma me chama mais a atenção do que outras mil. Por certo, meu psiquiatra particular terá explicações freudianas para tanto, mas o verbo vagabundear me atrai de maneira irresistível, e, sinceramente, acho que estou bem acompanhado nesta estranha idolatria. Sabe, formulei até trilha sonora a começar por “Abrigo de vagabundo” (Adoniran Barbosa), “Coração vagabundo” (Caetano), “Vá trabalhar vagabundo” (Chico Buarque), e pensam que para por aí, não mesmo, lembremos do “Astro vagabundo” (Moraes Moreira), “O vagabundo” (Leo Magalhães), e nessa ladainha, nem me deixou carente Renato Teixeira se declarando “errante, vagabundo/ assim eu vou vivendo/ na direção que o vento me levar/ desiludi mambembe/ de andarilho e bagual/ sou marinheiro nesse pantanal/ errante vagabundo”. E vagabundeando pelos significados me reencontro com destino, aquele mesmo que se perdeu na trajetória da meta exata. O suspiro desse entendimento, por sua vez, me faz buscar o berço latino do verbo “destinare”. É exatamente na odisseia dada pelo desvio de rota que vagabundear achou-se no direito de virar verbo utópico.
Sinceramente, acho pobre filtrar olhares sobre a vagabundagem pelo sentido utilitário do mundo do trabalho industrial. Ser vagabundo é muito mais do que simplesmente não produzir ou perder tempo. Os franceses são mais sensatos nesse sentido, pois na língua de Flaubert vagabundo é mais um estilo de vida do que propriamente não enquadramento em padrões “normais”. Nem é exatamente preguiça ou recusa de execução de tarefas. Confesso pendor leviano para o exame do tema vagabundo sem respeito à sua nobreza original, e até maldigo a sedutora série de livros que concatenam o assunto na ordem burguesa. Esconjuro, por exemplo, a tese para muitos irresistível de Paul Lafargue, genro de Marx, expressa no livro “O direito à preguiça”, e junto disparo contra outros ensaios que pontificam a confusão entre vagabundagem e ócio. E assim engato crítica ao texto “O elogio ao ócio” de Bertrand Russel e também ao sucesso de “Ócio criativo” de Domenico Masi, todos lidando com a vagabundagem de forma pejorativa. Nessa contramão, aliás, imagino nobreza no verbo vadiar que tem avô latino “vagativum” (lindo, né?!), pura tradução daquele que consciente peregrina sem destino. É aí que o termo vagabundo se encontra com seu sentido cumprindo em um outro destino: ficar sem nada fazer sem culpa, sem compromisso, sem lenço e sem documento, liberto dos deveres prescritos nos contratos de trabalho, sem dever à moral trabalhista ou à economia produtivista. Utopia?
“Destino”, “vagabundear”, “mudança de sentido das palavras”, “consciência da vida”, tudo numa dança de palavras que ritmam a dinâmica da vida moderna... Pois é, ao perder a bússola da orientação, vagabundagem afogou seu lugar romântico, virou quimera, e isso explica esta busca vagabunda do entendimento da sociedade moderna que não tem mais tempo para vagabundear como nos velhos tempos.
Com o poder de falar com os mortos, Raphael Balthazar trabalha como médico forense junto à polícia de Paris e consegue desvendar os crimes mais complexos da cidade.
Amin, cirurgião israelense de origem palestina, sempre se recusou a tomar partido nos conflitos que opõem seu povo de origem a seu povo de adoção e dedicou-se integralmente a seu trabalho e à esposa, que ama apaixonadamente.
Na contramão das bobagens que se dizem sobre a “eterna juventude”, faço ecoar Nelson Rodrigues sugerindo virtudes no amadurecimento. Não se trata de algo panfletário, diga-se de vez. Não mesmo. Esconde-se por trás do conselho “envelheça logo”, mais do que a usual picardia rodrigueana. Muito mais. O avanço da idade como sabedoria é lição solene, contradição absoluta de balelas do tipo “melhor idade”, “vinho velho é mais gostoso”... Mas como saber qual o momento da virada? Como, se manuais não existem? E debelo a simplificação da vida contabilizada em duas parcelas opostas que elencam a soma de acertos X erros. Sempre meditei a esse respeito e foi assim que me vali de uma trilha dada por Oswaldo Montenegro na canção “Metade”, e em minha melhor metade interior identifiquei a explosão existencial contida no verso “porque metade de mim é partida/ mas a outra metade é saudade”. Explico-me...
Aprendi atribuir à passagem dos 59 para os 60 anos o marco divisor de minha existência. Sim, como se sinalizasse uma fração quimérica e não medida em cronos, fazer 60 anos me equivaleu à mais séria decisão sobre meu devir. A carreira do pretérito, perfeito ou imperfeito, exigiu ponderações existenciais, que, afinal, ajudaram supor uma parada, algo como um respiro bilacquiano no tal “mezzo del camim”. Metade idílica sim, porque pode-se imaginar bons anos de uma velhice anunciada depois de um passado fora do script esperado. E bem-aventurados os que podem optar entre ser um ancião desses “legaizinhos”, velhinhos bons, com riso no olhar experiente e plenos de casos para contar. Quem não ousa acatar a quebra do tempo, em oposição, haverá de ser daqueles vovôs curtidos em ranzinzices, velhos chatos, pesados, reclamões. E sabem o que é pior nesse jogo da vida? Alguns nem notam e vivem continuidades sonâmbulas.
No meu caso, a fração se deu em dado momento, na exata passagem dos 59 para a os 60 anos, precisamente na véspera do meu aniversário. Por lógico, esta ponderação não veio gratuita e isto aliás carrega uma historinha com ares de pretenciosa. Conto: naquela virada da noite em que completaria minha quinta década, resolvi fazer uma pesquisa sobre pessoas nascidas no 15 de março e foi assim que (re)encontrei Oswaldo Montenegro - claro muito mais jovem, vindo ao mundo em 1965. Vasculhando um pouco a vida dele soube que em 1999 havia escrito uma outra canção que mesmo extraída de um contexto mais amplo, mexeu definitivamente com minha sensibilidade. “Lista” é nome da peça e isso foi disparo para uma decisão que tomei exatamente naquela investida: fazer uma declaração de amor à minha própria história e assumir meu juízo sobre quem e com quais coisas queria pavimentar o resto de meus dias.
Com a “Lista” em mente, como que prestando conta a mim mesmo, olhei meu plantel de parentes e amigos e quase que rezando fiz “uma lista de grandes amigos”, pessoas que “mais via há dez anos atrás”, e seguindo o andamento do bardo me perguntei “quantos você ainda vê todo dia/ Quantos você já não encontra mais?”. Fiz uma brincadeira íntima e me dei autoridade para semanas depois dar dimensão ao tal envelhecimento rodrigueano. Inventei um motivo, lançamento de livro, e para a solenidade fiz o que devia: separei de conhecidos casais, só as unidades queridas; deixei de fora os indesejados oficiais, pessoas com as quais convivia sem tanto (ou nenhum) querer; pessoalmente, dispensei três “autoridades superiores” e lhes disse, olho no olho, o que sentia a respeito de cada situação opressora vivida; respondi a duas cartas que amargavam silêncio e soltei o verbo libertar na base do “não quero nunca mais”. Houve algo complementar e de vocação sublime, pois, sobretudo escolhi tentar ser melhor, com conta acertada sobre o trajeto já cumprido. Devo dizer que não cheguei à perfeição alguma. Não, não, não, mas desde então estou progressivamente mais tranquilo e cultivo a generosidade como virtude mais exigente de meu lugar no mundo. No mais, vivendo as graças de ter respeitado os mandamentos dos 60 anos, retomo Drummond ao dizer que “há duas épocas na vida, a infância e a velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons”, estou saboreando minha guloseima anciã como gosto de decisão e coragem.
Soledad Montalvo e Mauro Larrea são pessoas cujos destinos inesperadamente se cruzam. A série levará os espectadores em uma jornada épica às comunidades de mineração do México do século XIX, passando pelos salões da alta sociedade de Londres, e pelo brutal comércio de escravos de Cuba. É em Jerez, na região espanhola da Andaluzia, onde os caminhos de Soledad e Mauro se entrelaçam, dando início a uma história que envolve superação de adversidades, como encontrar seu lugar no mundo, construir um império, e perder tudo em um dia.
A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), por meio Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC), votou e aprovou, durante uma reunião remota nesta segunda-feira (5), o PL 1.758/2021. O projeto é de autoria do deputado Eduardo Pedrosa (PTC) e estabelece a garantia para que pessoas albinas tenham acesso ao tratamento dermatológico e oftalmológico na rede pública de saúde.
O cotidiano do albino é marcado pela intolerância à luz solar e ameaçado pelos riscos da cegueira e do câncer de pele, explana Pedrosa, ao salientar que “as pessoas com albinismo vivem em um processo discriminatório constante”.
De acordo com o projeto, as pessoas com hipopigmentação congênita, doença mais conhecida como albinismo, devem ter direito ao atendimento dermatológico, inclusive aos medicamentos essenciais e a tratamentos como crioterapia e terapia fotodinâmica, e ao atendimento oftalmológico especializado, assim como às lentes especiais e aos recursos necessários para o tratamento da baixa visão e da fotofobia. O texto prevê ainda o acesso a protetor solar de diversos fatores, à fototerapia, principalmente para lesões da face e tronco, e a tecnologias como o laser, bem como a técnicas cirúrgicas.
Em seu parecer favorável à matéria na CESC, o deputado Delmasso (Republicanos) argumentou que, por ser considerada uma pessoa com necessidades especiais, o albino precisa de apoio para que seja assegurado o exercício dos seus direitos básicos. Ele também defendeu iniciativas e políticas públicas que busquem sensibilizar a sociedade e as autoridades para o problema.
O projeto agora seguirá para apreciação das comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e Economia, Orçamento e Finanças (CEOF), antes de ir a plenário. Participaram da reunião da CESC, transmitida ao vivo pela TV Web CLDF e pelo canal da Casa no Youtube, os deputados Arlete Sampaio (PT), Delmasso (Republicanos), Leandro Grass (Rede) e Jorge Vianna (Podemos).
O albinismo deixa os olhos vulneráveis à ação do sol e à claridade. Caracteriza-se pela falta de melanina no corpo, o que faz com que a pele seja extremamente branca e os olhos e cabelos sejam claros. Veja aqui histórias e relatos de pessoas albinas, projetos desenvolvidos por médicos da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e o trabalho da Associação das Pessoas com Albinismo da Bahia. E a senadora Mara Gabrilli fala da expectativa pela aprovação de proposta para beneficiar essas pessoas.
Vamos relembrar a trajetória da dupla britânica The Style Council, que misturou soul music, jazz, bossa nova, interesse por moda e letras políticas. Nossa trilha-sonora será o álbum Our Favorite Shop, de 1985.
Anthony tem 81 anos de idade. Ele mora sozinho em seu apartamento em Londres, e recusa todos os cuidadores que sua filha, Anne, tenta impor a ele. Mas isso se torna uma necessidade maior quando ela resolve se mudar para Paris com um homem que conheceu há pouco, e não poderá estar com pai todo dia. Fatos estanhos começam a acontecer: um desconhecido diz que este é o seu apartamento. Anne se contradiz, e nada mais faz sentido na cabeça de Anthony. Estaria ele enlouquecendo, ou seria um plano de sua filha para o tirar de casa?
Sim, confesso, é muito esquisito ser viúvo. Muito. Demais. A começar pelo verbo “ser”, que se coloca em condição de permanência, no lugar de outro verbo, o “estar”. Aliás, em termos verbais deve-se ter em mente a agência passiva, oculta por alguma elipse fantasmagórica que, por sua vez, alinha outro verbo, terrível, “ficar”. Sim “ficamos” viúvos sem sequer sermos devidamente consultados. A viuvez é uma condenação injusta, pois acarreta muitas vezes encargos pesados a quem foi vitimado por dores involuntárias, impostas pelo que se chama destino. É evidente que falo da regra, pois exceções existem, mas são casos a parte. E sobre nós falam barbaridades extremas. Somos aproximados de choro, vela, azar, apontados como carentes. Basta um sol com chuva que “tem casamento da viúva”, mas há mais, pois na Índia a coitada tinha que acompanhar o marido morto no barco incendiado. No Brasil antigo, a legislação a tornava vulnerável e impunha a perda dos “filhos do leito anterior” caso se casasse novamente. Houve período em que as heranças eram passadas para os filhos pois as mulheres seriam incapazes de gerenciar bens. E a série de piadas que projetam as mulheres viúvas à condição de megeras vingativas ou senhorinhas necessitadas.
Por certo, domina uma questão de gênero separando a aceitação de caos, pois existem muito mais viúvas do que viúvos. Em minha lista pessoal a cada três mulheres, um homem ficou só, ainda que sejamos elencados na categoria “sexo forte” e elas “sexo frágil”. Foi com esta rala estatística doméstica, que dei partida para entendimento da engenharia cultural construída pela sociedade que, afinal, estabelece um imaginário sobre a mulher viúva. Pela literatura, foi fácil definir um começo: a opereta escrita por Frans Lehár “A Viúva Alegre”. A peça taxada no diminutivo formal depreciado (opereta) já significava algo consequente, pois divergia do gênero ópera com aquela gravidade trágica, solene. No caso, foi em Paris que “A Viúva” estreou em 1904, como um elogio pândego à diversão, e assim logo se tornou uma espécie de matriz de todo gênero musical. O que se tem é uma trama onde a rica viúva precisa ser conquistada a qualquer custo senão o país imaginário em que vivia estaria falido.
Mais tarde, no contexto brasileiro, Nelson Rodrigues estreou em 1957 o “Viúva mas honesta”, sobre o acometimento exagerado de uma jovem que perde o noivo atropelado por um carrinho de sorvete. Classificada como farsa, a trama mostra um inconformado o pai que monta uma relação engraçada onde a viuvez é apontada como algo bizarro, resolvido apenas quando a filha resolve sentar-se, pois durante todo enredo ela ficava ereta.
A par dessas encenações há um pequeno rosário de livros sobre a viuvez que implica a mulher, aqui ou no outro mundo. Há um pouco de tudo, depoimentos, entrevistas, romances trágicos, conselhos. Na literatura brasileira, porém há um caso intrigante. Diria que o primeiro texto a sugerir desdobramento entre nós foi “Encarnação”, livro póstumo de José de Alencar. De 1877, o enredo dá conta de um amor que continua depois da morte da amada. A transcendência atrapalha a continuidade da vida de um viúvo, que não consegue esquecer a primeira esposa. Alencar puxa uma trama em que a viúva assombra o marido e faz a desgraça do segundo casamento. Como se fosse continuidade, outro livro que dialoga com o caso da atormentada “presença ausente” é o intrigante “A sucessora”, de Carolina Nabuco, que conta a trajetória de uma pobre empregada doméstica, Marina, que se casou com o abastado viúvo Roberto Steen, e juntos partem da fazenda no inteiro para a vida na mansão dele, no Rio de Janeiro. Desde a chegada a ex-criada é maldosamente contrastada com a “insubstituível senhora Alice”, cuja memória é constante e desafiadora do amor do homem e da aceitação geral. “A sucessora” foi lançado em 1934, antes mesmo de um outro livro, sucesso mundial, publicado na Inglaterra em 1938 sob o tema, com o título “A Mulher Inesquecível”, assinado por Daphne du Mourier. A semelhança do livro brasileiro é incrível e gera polêmica assaz intrigante, pois garante-se que Carolina fez a tradução e a enviou para uma editora inglesa que teria deixado vazar, sugerindo plágio. Interessa ver que a situação da viuvez ficou em evidência de maneira a comprometer a continuidade da vida normal das pessoas. E os viúvos reféns de saudade projetavam nas substitutas uma espécie de maldição. O sucesso de Rebecca, a personagem inesquecível de Daphny du Mourier fez voos longos chegando ao cinema em obra de Hitchcock e vencendo o Oscar de 1941.
É lógico que os textos sobre os viúvos são também numerosos, mas eles integram os homens em círculos de maior aceitação, são bem mais benevolentes. A literatura sobre a mulher mantém o controle dos destinos femininos e sobretudo a mantém como objeto de riso, fragilidade ou memória fantasma. Penso que a abordagem das viúvas tem vários endereços, mas garanto que para um viúvo recolhido e convicto, é um bom consolo.
Pelo menos 114 albinos desapareceram em Moçambique desde 2014
Estima-se que existam no país cerca de 20 mil pessoas com albinismo.
Pelo menos 114 pessoas com albinismo desapareceram em Moçambique desde 2014, em circunstâncias não esclarecidas, disse à Lusa fonte da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH).
"Do número, 58 casos foram participados às autoridades competentes e há 55 processos-crimes instaurados", disse Sheila Massuque, do CNDH.
Em Moçambique, as pessoas com albinismo têm sido vítimas de perseguições, violência e discriminação devido a mitos e superstições, sendo colocadas entre as que mais sofrem violações de direitos humanos.
Segundo dados avançados a CNDH, estima-se que existam no país cerca de 20 mil pessoas com albinismo.
O Governo moçambicano considera que a situação no país ainda é preocupante e, por isso, importa desenvolver ações que garantam a sua proteção e os seus direitos.
"Estamos cientes da responsabilidade de continuar a desenvolver ações energéticas para a proteção das pessoas vivendo com o albinismo, aprovando instrumentos legais que estabelecem direitos especiais, tais como direito à educação, à saúde e ao trabalho", disse, na quinta-feira, Manuel Malunga, do Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, durante um encontro que juntou o Governo, sociedade civil e empresários para discutir a situação do albinismo em Moçambique.
Já perdi a conta das vezes que fui abordado por mães de pessoas com albinismo procurando saber como corrigir as deficiências visuais que nos acometem desde pequeninos. A minha resposta é sempre que levem as crianças ao oftalmologista o mais cedo possível, tão logo comecem a sentar-se e a gatinhar. Elas dizem-me que os médicos não aceitam atender crianças que não ainda falam, pois não se conseguem comunicar com elas para realizar uma consulta eficaz.
A princípio admirou-me. Nós, crianças com deficiências visuais – não só com albinismo – que nascemos nas décadas de 60, 70 ou mesmo 80 do século passado, fizemos as nossas consultas de vista não antes dos 10 anos. No meu caso, fiz todo o meu ensino primário, secundário e médio apenas com óculos escuros sem graduação. Mas isso acontecia porque éramos pobres e nas províncias onde vivíamos não havia condições médicas para oftalmologia pediátrica (consulta de vista para crianças). Nunca me tinha apercebido que, para além disso, há também o problema de os próprios médicos não o poderem fazer a bebés que ainda não falam e que esta questão persiste hoje nas nossas unidades sanitárias, em pleno século XXI. De repente, dei-me conta que temos aí mais um factor de discriminação e exclusão das crianças, sobretudo as que têm albinismo, e com propensão a deficiências na visão como miopia (baixa visão), nistagmo (tremores horizontais da pupila), fotofobia (encandeamento) e outros.
Inconformado, decidi pesquisar sobre o assunto. Porque não acreditava que numa época em que já se experimenta a prótese de pupila para recuperar a cegueira, a ciência médica não tivesse avançado no desenvolvimento de técnicas de prática de oftalmologia em bebés. Até porque, quanto mais cedo a vista for tratada, menos danificada ela fica. E de facto descobri que é possível sim tratar a baixa visão em bebés. A Organização Mundial da Saúde estima que, em todo o mundo, 19 milhões de crianças são deficientes visuais. Se detectado no início, até 80% dos casos são facilmente tratáveis. Nos países em desenvolvimento, 60% das crianças que ficam cegas morrem no espaço de um ano. Mas em muitos lugares, os oftalmologistas pediátricos são escassos. A pensar nisto, uma médica espanhola, em trabalho conjunto com a Huawei, desenvolveu uma tecnologia que torna mais simples o diagnóstico de problemas oculares em crianças pequenas: a TrackAI.
Tradicionalmente, os médicos diagnosticam doenças de visão em crianças pequenas, movendo um dedo ou um objecto em frente dos olhos e observando a reacção. Por seu lado, TrackAI consiste em inteligência artificial que analisa o olhar das crianças enquanto assistem a estímulos visuais em dispositivos. Os resultados precisam ser verificados por um oftalmologista, mas a tecnologia simplifica significativamente o teste em crianças pequenas, especialmente nos bebés que não conseguem falar ou ficar quietos. Esta tecnologia foi criada por meio de uma parceria entre a DIVE – uma startup fundada pela Drª. Victoria Pueyo, oftalmologista pediátrica em Zaragoza, Espanha – e o instituto médico IIS Aragon, em conjunto com a gigante de tecnologia Huawei.
Os algoritmos estão ainda a ser treinados para a recolha dos dados do movimento dos olhos de crianças com deficiência visual. Mas prometem salvar a visão de milhões de pessoas mesmo antes de falarem. Esta tecnologia é de uso tão simples que pode ser adaptada ao telefone celular e as mães comuns podem usá-la facilmente para verificar e monitorizar a saúde da visão dos seus bebés pequenos.
Esta acaba por ser mais uma das vantagens que Angola pode alcançar com o investimento urgente na capacidade de conectividade em todo o território nacional. Médicos oftalmologistas podem ser treinados no uso desta tecnologia e realizar consultas de alta qualidade a crianças com problemas visuais em qualquer parte do país. Isso responde também a quem se pergunta se o investimento na conectividade deve ser feito antes da produção de alimentos, saúde, educação, estradas e demais infra-estruturas básicas. A conectividade, hoje por hoje, é a avenida por onde passa e fica facilitado o desenvolvimento nestes e em todos os domínios da vida das pessoas.
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Claudio Nucci, cantor e compositor paulista, festeja 40 anos de carreira solo com disco revisionista em que reúne convidados como Chico Chico, Paulinho Moska, Pedro Luís e Renato Braz.
Depois de uma briga de trânsito, um psicopata persegue uma mulher e seu filho. Esta é a premissa de Fúria Incotrolável, mais novo filme de Russell Crowe.