sábado, 31 de julho de 2021

BALCONISTA EM LANCHONETE, MODELO ALBINA DESPONTA NO MUNDO DA MODA



Balconista de uma lanchonete na cidade serrana fluminense de Nova Friburgo, Mylena Andrade, de 19 anos, é uma das novas apostas do mercado da moda. Em pouco tempo, a jovem já estrelou variadas campanhas, que vão de grife de joias a roupas esportivas. Ao analisar sua trajetória profissional, a modelo partilha que está concrietizando um sonho e que pretende aproveitar a oportunidade.

— Sem correr atrás, não tem vitória. Estou enfrentando todos os desafios que a vida me propôs, e isso está contibuindo para o meu crescimento pessoal. Agora quero trabalhar como modelo e explorar tudo o que essa profissão dispõe — conta.

Albina, Mylena busca, com a visibilidade da profissão de modelo, informar a sociedade sobre essa condição genética que atinge, no Brasil, aproximadamente 21 mil pessoas. Para ela, representar essa parcela da população é uma meta de carreira:

— O albino ainda é alvo de preconceito, por isso é muito significativo poder mostrar nossa beleza e estar representando essas pessoas. Acredito que só a informação vai transformar essa questão, espero usar a visibilidade da moda para falar sobre isso. Penso que toda diversidade deve ter o seu espaço — afirma.

PANDEMIA MAIS LETAL PARA ALBINOS AFRICANOS

 Assassinatos de albinos aumentaram durante a pandemia, alerta ONU

Houve um “notável aumento dos casos denunciados de pessoas com albinismo assassinadas ou atacadas devido à crença de que o uso das suas partes corporais em poções ‘mágicas’ pode trazer boa sorte e riqueza”, destacou Ikponwosa Ero, especialista das Nações Unidas.

“Tragicamente, a maioria das vítimas foram crianças”, afirmou a especialista, acrescentando que o aumento da pobreza devido à pandemia levou muitas pessoas a recorrerem à bruxaria. Os especialistas da ONU informam as suas conclusões ao órgão mundial, mas não o representam.

O albinismo é uma condição rara, geneticamente herdada e independente de etnia ou gênero. Geralmente causa a falta de pigmentação de melanina no cabelo, pele e olhos, causando vulnerabilidade à exposição ao sol.

A aparência física das pessoas com albinismo é frequentemente alvo de crenças equivocadas e falsos mitos influenciados pela superstição, que fomentam a sua marginalização e exclusão social, segundo a ONU.

sexta-feira, 30 de julho de 2021

PAPIRO VIRTUAL 186

 

Eça de Queirós (1845-1900) foi um escritor português. "O Crime do Padre Amaro" foi o seu primeiro grande trabalho, um marco inicial do Realismo em Portugal. Foi considerado o melhor romance realista português do século XIX.

quinta-feira, 29 de julho de 2021

TELONA QUENTE 368

 

Germaine é um professor de literatura frustrado pela mediocridade de seus alunos, até que descobre Claude e fica obcecado em ajudá-lo. Mas Claude não está fazendo algo correto para se inspirar. Entra na casa de um colega, espia e escreve.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

CONTANDO A VIDA 350

 CRINGE: A VERGONHA ALHEIA.


José Carlos Sebe Bom Meihy

Confesso que de início não dei muita bola (“muita bola”, que coisa antiga, né?). A insistência do termo cringe na mídia, contudo, me fez mudar de ideia e dedicar algum tempo para entender melhor do que se trata, pois logrou largo destaque nos noticiários, compôs preocupações sobre o jeito atual de comunicação etária, preencheu espaços das redes sociais. Tudo a partir de protagonistas ainda jovens, gente que nasceu sob a égide da internet e, por isso, se julga no direito de demarcar território crítico. Delimitar espaços, no caso, significa desqualificar os imediatamente mais velhos.

Há uma luta surda por traz do que parece brincadeira ou modismo. É aí que significados inéditos atuam como recursos depreciativos do “outro”, e então um estoque de referências serve para ridicularizar os “mais velhinhos” que são evidenciados como “novos dinossauros”. É assim que, de jeito às vezes pouco sutil, o segmento imediatamente mais datado vai sendo excluído. O tema, muito além do pitoresco, é complexo e implica exame de memória afetiva, pois a desvalorização dos “velhíssimos” provoca nostalgia e assim faz recuperar a simpatia dos rejeitados pelos agora também ultrapassados. Sim, há ondas de considerações nessa guerra plena de fluxos e refluxos. É, aliás, nesse jogo que nós vovozinhos voltamos a ser “tolerados” e logramos ter nosso estilo de vida promovido a vintage. E vintage pode.

Volta ser permitido falar de coisas “do tempo da vovó”, do “arco da velha” e podemos, novamente, usar palavras e expressões como “xuxu beleza”, “barra limpa”, “botar pra quebrar”, “estourar a boca do balão”. “Chato de galocha” era tão comum como “deu bode”, “batata”, “tamanho família”, “bocomoco” e “boa praça”. “Bola pra frente” começou ser usado depois da volta do nosso escrete (“escrete”, aiaiai) em modesto quarto lugar, em 1974, na Alemanha. Ah, tinha a lista dos diminutivos tipo “joinha”, “fichinha”, “bacaninha”. Não era um “barato”? Não era “supimpa”? Essas referências, diga-se, perpetuam sentido para nós, pessoas nascidas durante ou logo depois da Segunda Guerra Mundial. Sim, houve um intenso aumento populacional desde o fim do conflito terminado em 1945, época em que os nascidos naquele contexto foram reconhecidos como baby boomers. Talvez, a marca mais nítida desse bando sejam os contados diretos, o cara a cara, com interferências mínimas de máquinas. Daí o valor da fala oralizada em expressões contagiantes. Daí também um estilo de vida que nos marca pelas dificuldades no manejo da multidão de máquinas, principalmente eletrônicas.

Com certa arrogância nós, baby bomers, testemunhamos a contracultura e nos orgulhamos de, mais ou menos, levantar as bandeiras revolucionárias de 1968, dos tais “anos rebeldes”. O grupo seguinte, conhecido como “geração X” foi composto por pessoas nascidas na década de 1960 indo até os anos 70, crescendo na era do florescimento dos ambientes digitais. Esses, filhos dos boomers, cuidaram de valorizar instrumentos facilitadores da velocidade capaz de substituir o olho no olho. Seguindo, o próximo grupo etário ficou conhecido como “geração Y” ou Millenials, tipos nascidos dos anos de 1981 até 1996. Pois bem, é exatamente esse grupo que passa a ser alvo da atual “geração Z” que se arvora criticando a anterior. Produtos de um mundo digital, novos recursos são usados a fim de perfilar uma caricatura nos moldes do mesmo passadismo que nos acusaram. Nascidos e criados já sob os efeitos da internet, os atualíssimos “Zs” elaboraram um código crítico que arrola usos de roupas, modos de falar, hábitos alimentares. Tudo sob o rótulo “vergonha alheia”. “Pagar mico” tornou-se penalidade para quantos resistem os supostos avanços dos “Ys”. No lugar, cataloga-se os mandamentos do que é “ser moderninho”.

Sob a aparência de liberdade, os códigos propostos são de ares tão autoritários quando surpreendentes, vejamos: tomar café da manhã com qualquer requinte mínimo é censurável. Não se pode mais dizer que vai ao banco e a expressão “pagar boleto” provoca risos soltos. Fico pensando nos porquês justificadores do não uso do tão útil “google”. Aliás, as menções a coisas ligadas ao computador são essenciais e desanimam tantos que a tão duras penas aprenderam a usar os emojis – aliás, as carinhas, coraçõezinhos, flores, estão entre os mais condenáveis pecados dos “Zs”. Igualmente proscrito os “kkkkkk”, “rsrsrs”, “fui”. Escrever ou postar fotos nos “stories” é coisa de antigamente. Sinto-me atingido quando aprendo que não posso usar caixa alta nos textos de WhatsApp e que a abreviatura “zap” equivale a cancelamento. Incluir conversa sobre séries na tv é pena de morte.

A lista avança quando remete à moda, pois mulher usar batom de cor forte ou esmalte berrantes é pecado mortal – unhas amarelas ou azuis, jamais – e até os práticos jeans têm restrições pois não podem ser justos demais e nem de cores muito claras ou escuras. Se quiser ser up to date não reparta o cabelo no meio, e se usar bigode, não deixe as pontas viradas para cima. E assim vai...

Como legítimo representante boomer devo agradecer a reconsideração pelos valores de meu tempo de juventude, e dizer que assisto de camarote os efeitos dos conflitos de gerações, agora vendo os “Zs” criticando os “Ys”. Peço aos deuses, deusas, orixás e encantados que tenha tempo para observar o que acontecerá com a geração “C” (C de covid). Haja tempo. Aliás, tchauzinho, já que minha turma ganha o direito de “pagar mico”.

terça-feira, 27 de julho de 2021

TELINHA QUENTE 456

 

Uma detetive de uma pequena cidade investiga um assassinato local enquanto sua vida desmorona.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

CAIXA DE MÚSICA 463


Roberto Rillo Bíscaro

Outrora raríssimo, o único álbum de Amado Maita é sofisticada combinação de jazz e elementos como clube da Esquina e bossa-nova. O trabalho tem fãs de peso, como Ed Motta.

domingo, 25 de julho de 2021

ARTIGO CIENTIFICO SOBRE OFTALMOLOGIA ALBINA

Perfil do paciente albino com visão subnormal e melhoria da acuidade visual com a adaptação de recursos ópticos e/ou eletrônicos

Objetivo: Determinar o perfil do paciente albino no departamento de visão subnormal do Instituto Benjamin Constant. Ressaltar o tempo de acompanhamento, a frequência do seguimento, e a melhora visual com a adaptação de recursos ópticos e/ou eletrônicos. Métodos: Estudo retrospectivo com dados de 77 pacientes albinos com idade entre 1 a 53 anos de idade atendidos no Instituto Benjamin Constant, entre 2003 e 2014. Resultados: O recurso óptico mais adaptado foi o telescópio de Galilleu 2.8x. Todos os pacientes referiram ganho de visão com os equipamentos. A maioria dos pacientes apresentaram acuidade visual com recursos ópticos entre 20/25 e 20/160. Conclusão: Os recursos ópticos auxiliaram na melhora da função visual e na qualidade de vida dos pacientes com albinismo ocular.

CLIQUE NO LINK PARA ACESSAR O ARTIGO EM VERSÃO PDF ONLINE


sexta-feira, 23 de julho de 2021

ALBININHO ESTRAÇALHADO

 Pesquisadores testemunham triste fim de chimpanzé albino na selva

Fenômeno raríssimo, a ocorrência de um chimpanzé selvagem albino foi documentada pela primeira vez nas florestas de Uganda, por uma equipe da Universidade de Zurique (Suíça) e da Budongo Conservation Field Station. Infelizmente, os pesquisadores também registraram a morte do animal, atacado por outros membros do bando. O caso foi abordado na revista American Journal of Primatology.


O pequeno chimpanzé de pelo branco, da espécie Pan troglodytes schweinfurthii, foi visto pela primeira vez em julho de 2018 na Reserva Florestal de Budongo, no noroeste de Uganda. Ele teria então entre 14 e 19 dias de vida.

“Estávamos realmente interessados ​​em observar o comportamento e as reações de outros membros do grupo em relação a esse indivíduo com uma aparência muito incomum”, disse o principal autor do estudo, Maël Leroux, da Universidade de Zurique, ao site IFLScience.

Presença incômoda
Os pesquisadores viram o filhote albino e sua mãe (tratada como UP) diversas vezes. Mas notaram que a presença dele incomodava outros membros do grupo. Em certa ocasião, membros de um grupo próximo da mãe e do filhote produziam ruídos característicos de ocasiões em que os chimpanzés encontram animais estranhos ou perigosos. De repente, uma discussão aflorou e um macho bateu em UP e no filhote, forçando-a em seguida a subir em uma árvore, enquanto outros animais gritavam.

Nem todos os animais foram agressivos, porém. O macho adulto chegou próximo a UP e estendeu-lhe a mão, “aparentemente para tranquilizá-la”, segundo os pesquisadores. Uma fêmea adulta se aproximou do filhote agredido e o examinou atentamente.

O pequeno chimpanzé não resistiu a novas agressões, contudo. Pouco depois das 7h30 de 19 de julho, os pesquisadores ouviram seu choro, além de gritos agressivos. O macho alfa do grupo (denominado HW pelos pesquisadores) surgiu então do meio da mata segurando o filhote, que já estava sem um braço. No mínimo seis outros chimpanzés se aproximaram e começaram a morder as orelhas, os dedos e os pés do pequeno albino. Depois, ele foi passado a uma fêmea adulta, que mordeu sua cabeça várias vezes. Foi então que o filhote parou de se mover e emitir sons.
Atenção extra

A seguir, dez membros do grupo começaram a examinar, acariciar e cheirar o corpo sem vida. O gesto em si não é raro, mas os pesquisadores consideram que a aparência diferente do filhote atraiu mais a atenção desse grupo. Uma atitude bem incomum de um desses macacos foi inserir um dedo no ânus do pequeno albino.

“Eu diria que o tempo gasto inspecionando o corpo, o número e a diversidade de indivíduos inspecionando-o e alguns dos comportamentos exibidos – ‘acariciando’ as costas, beliscando o cabelo com os lábios no corpo primeiro e depois em seus próprios corpos, ou a inserção de um dedo no ânus – são comportamentos realmente raros observados. Até onde sei, os comportamentos de ‘acariciar’ e ‘beliscar’ não haviam sido observados anteriormente nesse contexto”, observou Leroux ao IFLScience.

Posteriormente, o corpo foi recuperado pelos pesquisadores e levado para um laboratório. Na autópsia, o albinismo foi confirmado. O pequeno chimpanzé não tinha nenhuma pigmentação na pele, no pelo e nos olhos.


PAPIRO VIRTUAL 185

 

Castro Alves nasceu em Muritiba, no estado da Bahia, em 1847, e morreu em Salvador, no ano de 1871. É conhecido como o “Poeta dos Escravos”, em função de suas poesias de cunho abolicionista. O escritor também escreveu poemas de amor, mas sua poesia de cunho social fez dele o principal nome da terceira geração romântica.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

TELONA QUENTE 367

 

Um casal no Quebec lida com as armadilhas, as pressões e as altas expectativas de criar os filhos em uma sociedade obcecada pelo sucesso e pela imagem nas redes sociais. Veja a crítica do novo filme canadense da Netflix.

terça-feira, 20 de julho de 2021

TELINHA QUENTE 455

 

Roberto Rillo Bíscaro

Virgin River (Netflix) chega à terceira temporada, com as personagens na pacata cidadezinha que dá nome à série. Mas, será que nessa temporada as coisas não ficaram pacatas demais? Confira a crítica.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

CAIXA DE MÚSICA 462

Conheça as histórias por trás das suas músicas pop favoritas nesta série documental que mostra o papel dos festivais, do Auto-Tune, das boy bands e muito mais. Veja a crítica da docussérie This Is Pop, da Netflix.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

PAPIRO VIRTUAL 184

 

Álvares de Azevedo foi um escritor brasileiro da segunda geração do Romantismo (1853 a 1869), chamada de “geração ultrarromântica” ou “mal-do-século”.
Vamos conhecer um pouco de sua vida e obra.

quinta-feira, 15 de julho de 2021

TELONA QUENTE 366

 

Trancado em seu apartamento, Jason Miller trabalha incessantemente para terminar um roteiro, mas, seu estado mental parece oscilar. Ele conhece Lisa, sua bela vizinha do fundo do corredor, e um relacionamento começa a se desenvolver. Com a mente de Jason se desmanchando, sua vida saindo do controle, logo percebemos que as coisas nem sempre são o que parecem enquanto ele luta para se agarrar ao que mais deseja. - ter esperança.

quarta-feira, 14 de julho de 2021

CONTANDO A VIDA 349

NOSTALGIA DO QUE AINDA NÃO É LIXO.

José Carlos Sebe Bom Meihy

Quase tudo hoje é descartável. A sociedade de consumo impõe decisivo culto a tudo que é novo, e a tal ponto insiste-se nisso que valores afetivos são quase zerados. Tudo, no mundo externo, tem que estar estalando, inédito, recém produzido, new blend. “Nos trinques” é reconhecimento do padrão consumista que tine aos olhos de uma opinião pública que nos julga pela aparência, sem levar em conta referentes de nossa história pessoal.

Sim, persistem resquícios de antiguidades, mas poucos, e esses apenas logram sentido quando validados no âmbito privado. Para o grande público, o que triunfa é sempre o provir; o resto é, na melhor das hipóteses, “coisa de museu”. A loucura é tamanha que, alimentando o giro do mercado, até reinventam-se passados que, na ausência de alguma substância, autorizam simulacros: temos um novo pretérito fabricado, objetificado em santos, oratórios, peças, adornos.

Não bastasse a profusão das novidades impostas, há uma consequência fatal decorrente da mania de renovar: a ameaçadora multiplicação de entulhos. E então o lixo progressivo se impõe como tragédia em processo. E desenvolve-se uma rotina que torna tudo descartável, sem dignidade alguma, algo disposto a ser jogado fora, porque inevitavelmente superado. E assim, sem assumir isso como algo condenável, criamos um problema social de proporções convenientemente pouco ventilado. Não me escapa desta reflexão a ficcionada “Leônia” de Ítalo Calvino, uma daquelas eloquentes “Cidades invisíveis”, onde todas as coisas usadas viravam detritos descartados cotidianamente. E então as montanhas de restolhos tornando-se volumes aterrorizantes, produzindo insuportável odor fedidos.

Sabe, mesmo coletivamente nos devotos de modismos, parece que há algo de resistente ou medrosamente crítico. Assistimos e somos levados a participar do movimento global que, afinal, sustenta mercados e nos promove a fazedores de lixo, mas creio que sem se revelar, em cada qual, reponta um sentimentozinho de culpa. É inequívoco, mas domesticamos uma desconfiança que não nos deixar corromper de todo. É como se um último toque divinal obstruísse à leviandade da tal onda assoladora. Vali-me dessas considerações como preâmbulo para pensar no que é menos transitório em nossas vidas, naquilo que preservamos além da delinquência consumista.

Segredo: tenho algumas poucas caixas guardadas com lembranças das quais não abro mão e não admito pensá-las como porcarias. Estranho ter mantido pequenos recortes de bons momentos: ingressos de cinema, santinhos, até a primeira multa de automóvel, o primeiro dente caído de meu filho... Dia desses, me peguei paralisado com o comprovante de compra da minha primeira máquina de escrever; chorei com um pequeno frasco de perfume, vazio, de minha mãe. E o lenço que meu pai usava na lapela do terno perfumou de tal maneira minha memória que me sugeriu um não lugar lógico. Sim, sou levemente acumulador. Coisas poucas, mas aprendi a colocar tanto afeto nos detalhes que delego verdade ao ditado alemão garantidor de que “o diabo mora nos detalhes”. E esse pequeno arsenal de lembranças me constitui além de modernidades.

Meditando sobre minhas “velharias” fiquei me perguntado do significado dessas coisas? Por que não me desfiz de tantas tranqueirinhas? Indo mais fundo, me inquiro sobre o depósito de afetos represados em situações que certamente, aos outros, parecerão bobagens, algo que deveria ter ido para alguma lata. Sabe, preside então uma sensação de generosidade à vida. Como se fossem objetos biográficos, minhas saudades ficam materializadas em fragmentos tão tolos, tão sem valores transcendentes. Dói em mim pensar que um dia tudo aquilo, aquelas coisinhas tão zelosamente seletadas não significarão nada para ninguém. Foi pensando nisso que resolvi fazer um pequeno inventário de meus tesouros emocionais. Comecei um texto/testamento dizendo que sei que quando eu morrer irão desprezar aquela fita azul, envelhecida, da vela da minha primeira comunhão, o guardanapo de borda amarela da primeira pizza que comi com aquela que seria minha eterna namorada, a medalha que ganheir pela melhor redação da escola... Dei início, mas parei quando uma questão brilhou forte: quem irá ler isso? E então me veio a noção da modernidade: quem lerá isso?... Parei. Amacei o papel. Devolvi os “restos” aos lugares e jurei garantias pessoais: enquanto eu viver, tudo aquilo não será lixo. Nostalgias...

terça-feira, 13 de julho de 2021

TELINHA QUENTE 454

 

Uma morte acidental lança um homem em uma espiral de intrigas e assassinato. Ele encontra o amor e recupera a liberdade, mas um telefonema traz de volta o seu passado. Assim começa a trma de O Inocente (Netflix)

segunda-feira, 12 de julho de 2021

CAIXA DE MÚSICA 461

Carolyn Franklin: a irmã caçula de Aretha Franklin também compunha e cantava

Das três irmãs Franklin, Carolyn é a menos lembrada e isso é injusto. Vamos conhecer um pouco de sua história ao som da coletânea Sister Soul: The Best Of The RCA Years 1969-1976 (2006)

sexta-feira, 9 de julho de 2021

PAPIRO VIRTUAL 183


A novela de cavalaria foi um gênero literário escrito em prosa, típico da Idade Média. Foi na Espanha, Inglaterra, França, Itália e Portugal que as novelas de cavalaria tiveram grande êxito, tornando-se populares. 

quinta-feira, 8 de julho de 2021

TELONA QUENTE 365

 

A família Abbott precisa enfrentar os terrores do mundo exterior enquanto luta pela sobrevivência em silêncio. Forçados a se aventurar no desconhecido, eles percebem que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças no caminho. Vale a pena ver Um Lugar Silencioso 2? Assista à crítica.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

CONTANDO A VIDA 348

FUNDAÇÃO PALMARES: O CENÁRIO DE UM DRAMA FAMILIAR.


José Carlos Sebe Bom Meihy
Para Silvio Tendler


Dia desses fui questionado sobre o tanto que gosto de biografias, autobiografias e de histórias de vida. Sem muito pestanejar, dei uma dessas respostas protocolares, algo do tipo “adoro saber da vida dos outros”. Passados minutos, na intimidade da cativada solitude, retomei a questão e fiquei me questionando. Foi complicado. Vislumbrei uma nesga de luz na crescente preferência geral ao que Gusdorf chama de “escritos do eu”. Alívio provisório, vago, incompleto... “Mas que tipo de biografia”, inquiria o inquieto diabinho que faz morada em minha cabeça. Mais tempo e por fim uma decisão: dramas pessoais, curto dramas. “Poderia dar exemplo” explorava o insistente demo. “Sim”, retruquei. E logo me veio à cabeça o caso de Oswaldo Camargo, autor negro, pai de dois filhos, que têm posições políticas excludentes no limite do suportável. Que triângulo mais sinistro: pai intelectual respeitado, baluarte da luta pelo reconhecimento negro, tendo um filho assumido cultor do que depurado a esquerda oferece, e outro representando o que de mais atrasado e funesto a extrema direita impõe. Fermentando tudo um denominador comum: a questão racial. E que discórdia! No centro das polêmicas o movimento negro e sua mais distinta entidade representativa: a Fundação Cultural Palmares (FCP).

O entendimento do imbróglio familiar obriga a lembrança que seu Oswaldo, hoje aos 84 anos, assina importante obra apontando para potencialidades da estética negra brasileira. Gosto em particular de “Um homem tenta ser anjo” e dos “Quinze Poemas Negros”, trabalhos que se compõem com outro livro sagrado para o entendimento dessas questões “O negro escrito”. Diria que a marca maior da obra de Oswaldo Camargo é a redefinição da moderna poética afro-brasileira, algo fino, artístico, filosófico, instruído, ainda que não devidamente considerado pela crítica como demonstra Eduardo Assis Duarte. Sem medo de errar, garanto que o velho Camargo ocupa lugar de honra entre manifestações do melhor da nossa literatura contemporânea.

A consolar o velho Camargo, seu filho Wadico, produtor musical, pronunciou-se a respeito da lamentável indicação do irmão, nomeado pelo capitão-presidente da república para presidir a (FCP). Ativista, Wadico não demorou a se posicionar dizendo “Se fosse para o bem da nossa raça, eu seria o primeiro a apoiar, mas para o mal do povo negro, sem chance. Para mim, raça é Pátria, é Alma. Sou negão!”, e, emendou “Tenho vergonha de ser irmão desse capitão do mato”. Razões não faltam para tais declarações, pois o prestigiado mano não tem perdido oportunidade de taxar o movimento negro de “escória maldita” formada por “vagabundos”, “comunistas”. Com obtusos ataques ao patrono da instituição, o chefe que deveria zelar pela memória da instituição destinada ao trato do legado negro foi categórico “não tenho que admirar Zumbi dos Palmares, que pra mim era um filho da puta que escravizava pretos. Não tenho que apoiar o Dia da Consciência Negra. Aqui não vai ter, zero – aqui vai ser zero pra Consciência Negra”. Ao transpor a escravidão colonizadora para o levante de Palmares, Sergio exibe-se desconhecedor da cultura Banto, ignorando as regras de recriação de relações previstas na “República dos Palmares”. Lamentável.

Do verbo à ação imediata, desde o primeiro dia que assumiu a FCP, um conjunto fantástico de atos tratam de demolir o legado negro institucionalizado a cuidadosas e duríssimas penas. É surpreendente a progressão de ataques, mas em particular chama a atenção o desmanche do panteão de heróis elencados: Luiz Gama, André Rebouças, Carolina Maria de Jesus, Joel Rufino dos Santos. E não faltam termos arrasadores como se vê no caso de Marighella chamado de “imprestável”. Além da proscrição de nomes do passado, a lista de figuras vivas é tão assombradora que não cabe na moldura da indignação: Gilberto Gil, Elza Soares, Martinho da Vila, Lázaro Ramos, Conceição Evaristo, entre muitos outros. O argumento “por estarem vivos” é risível e até sugere que “negro homenageado tem que ser negro morto”. E os ataques se multiplicam atingindo personalidades que, segundo o presidente da instituição, “promovem pedofilia, sexo grupal, pornografia juvenil, sodomia e necrofilia”. Seria difícil hierarquizar o que de pior tem ocorrido na Fundação.

Dizendo-se “negro de direita, contrário ao vitimismo e ao politicamente correto”, Sergio Camargo sem reconhecer efeitos corrosivos de séculos de escravidão ou a perenidade da pobreza, que agora explode em notícias incontidas, imaginando a lógica de uma igualdade que nunca existiu, faz ataques às cotas raciais, às ações afirmativas e à luta para a promoção de políticas ligadas à igualdade de oportunidades. E fundamenta tudo garantindo que os descendentes de escravos estão melhor no Brasil do que estariam na África. Tudo é claro para garantir que somos um povo sem preconceitos e racialmente bem resolvidos “ao contrário dos Estados Unidos”.

Danos à parte, o palco desta discussão merece destaque em dois níveis. O primeiro plano distintivo mostra o aparelhamento ideológico de uma política também negacionista em termos de história. A par disso, porém, é de se destacar o drama familiar que, infelizmente, emblema a divisão de uma família dividida e que faz um pai provar o fel destilado de um filho que desonra o legado paterno. Bendito seja Oswaldo Camargo, abençoado seja Wadico. Recomenda-se ao Sergio que leia o texto de seu pai “A mão afro-brasileira em nossa literatura” e que se redima a tempo de se livrar de maldições que virão. Ah, se virão!...

terça-feira, 6 de julho de 2021

TELINHA QUENTE 453

 

A fascinante trajetória da escritora chilena Isabel Allende é retratada nessa minissérie em três capítulos.

segunda-feira, 5 de julho de 2021

CAIXA DE MÚSICA 460

 

Um dos segredos mais bem guardados dos anos 1970. Cercado de mistério por quase 50 anos devido à sua obscuridade, este é um dos álbuns mais honestos, pessoais e despretensiosos no estilo Bossa-Nova (mas, não só). Uma seleção de 12 músicas primorosamente elaboradas, apoiadas por arranjos medidos e sutis.

sábado, 3 de julho de 2021

MELHORES DE 2021 – PARTE 1

 

Gente, o tempo voa, mas essa m**** de pandemia não passa, que que é isso?! O primeiro semestre de 2021 terminou, nem vi passar, vi um monte de gente morrer, mas, felizmente, também vi e ouvi muita arte e entretenimento. Isso raramente foi tão necessário

Então, elejamos o que de melhor apareceu no blog nesse semestre. Lembrando que não importa o ano de produção; o critério é ter sido resenhado por aqui.

CINEMA

Em Afterimage, último filme de Andrej Wajda, o artista polonês de vanguarda Wladyslaw Strzeminski luta para promover suas ideias progressistas sobre arte, enquanto luta contra suas limitações físicas e princípios stalinistas.

http://www.albinoincoerente.com/2021/06/telona-quente-363.html

Thomas Vinterberg, um dos diretores europeus mais interessantes dos últimos anos, traz ao debate o abuso do consumo de álcool entre jovens e adultos em Druk - Mais uma Rodada.

http://www.albinoincoerente.com/2021/04/telona-quente-354.html

A animação irlandesa Wolfwalkers além de visualmente esplendorosa é uma profunda alegoria da dominação inglesa.

http://www.albinoincoerente.com/2021/04/telona-quente-353.html

Anthony tem 81 anos de idade. Ele mora sozinho em seu apartamento em Londres, e recusa todos os cuidadores que sua filha, Anne, tenta impor a ele. Mas isso se torna uma necessidade maior quando ela resolve se mudar para Paris com um homem que conheceu há pouco, e não poderá estar com pai todo dia. Fatos estanhos começam a acontecer: um desconhecido diz que este é o seu apartamento. Anne se contradiz, e nada mais faz sentido na cabeça de Anthony. Estaria ele enlouquecendo, ou seria um plano de sua filha para o tirar de casa? Meu Pai traz uma atuação demolidora de Anthony Hopkins.

http://www.albinoincoerente.com/2021/04/telona-quente-352.html

Em Host, para driblar o tédio da quarentena devido à pandemia do coronavírus, um grupo de amigos faz uma sessão espírita online e acaba invocando um espírito do mal.

http://www.albinoincoerente.com/2021/02/telona-quente-346.html

No sensível Sabor da Vida, Sentaro dirige um pequeno negócio que serve dorayakis - bolos recheados com pasta doce de feijão vermelho. Uma senhora de idade, Tokue, oferece-se para ajudar na cozinha, e ele relutantemente aceita. Graças à sua receita secreta, o pequeno negócio logo floresce e com o tempo, Sentaro e Tokue abrem seus corações revelando velhas feridas.

http://www.albinoincoerente.com/2021/01/telona-quente-343.html

Em Pieces of a Woman, o triste resultado de um parto em casa deixa uma mulher emocionalmente destruída. Isolada do parceiro e da família, ela vive um profundo luto.

http://www.albinoincoerente.com/2021/01/telona-quente-342.html

MÚSICA

Parte da cena de Manchester, o Dislocation Dance jamais conseguiu a fama de alguns de seus conterrâneos, como Smiths e New Order. Injustiça, porque sua mistura de pop, jazz, canções francesas, funk e muito mais é pra lá de gostosa, como atesta o álbum Midnight Shift.

http://www.albinoincoerente.com/2021/06/caixa-de-musica-459.html

Em seu segundo álbum, A Tongue Full of Suns, Raphael Gimenes, o brasileiro radicado na Dinamarca, continua construindo hipnóticas paisagens sonoras.

http://www.albinoincoerente.com/2021/05/caixa-de-musica-453.html

Hortelã é o primeiro álbum de Ivan Vilela feito em parceria com a cantora Pricila Stephan.

http://www.albinoincoerente.com/2021/04/caixa-de-musica-450.html

O veterano Celso Viáfora retorna com A Vida É, álbum digno de mestre.

http://www.albinoincoerente.com/2021/04/caixa-de-musica-449.html

O Cirrus Bay faz prog melódico, com forte influência de folk e artistas como Renaissance e Sally Oldfield. The Art of Vanishing é excelente exemplo disso.

http://www.albinoincoerente.com/2021/03/caixa-de-musica-444.html

Um mar de tranquilidade prog, cheio de lindas instrumentações e harmonias vocais. Assim é Il Risveglio del Principe, do italiano Celeste.

http://www.albinoincoerente.com/2021/02/caixa-de-musica-441.html

Obra-prima da MPB, infelizmente ainda pouco conhecida do grande público, o álbum de estreia de Arthur Verocai cria excitante universo particular. Um dos álbuns que mais ouço da MPB da década de 1970.

http://www.albinoincoerente.com/2021/01/caixa-de-musica-437.html

TV

Com a catastrófica erupção do vulcão Katla, mistérios emergem do gelo e viram a vida de uma comunidade de cabeça para baixo.

http://www.albinoincoerente.com/2021/06/telinha-quente-451.html

Baseada na investigação real sobre o assassinato de uma jornalista sueca, a minissérie The Investigation/Efterforskningen traz várias novidades. A Dinamarca mudou, de novo, o paradigma das séries policiais?

http://www.albinoincoerente.com/2021/03/telinha-quente-439_30.html

Na primeira temporada de Evil, uma psicóloga cética e um padre em formação investigam mistérios que envolvem a Igreja Católica, dentre eles posses demoníacas, espíritos e supostos milagres.

http://www.albinoincoerente.com/2021/01/telinha-quente-432.html

Manhãs de Setembro, mostra a jornada de Cassandra, uma mulher trans que deixou sua cidade natal determinada a ser livre e viver com independência, mas é confrontada por um filho que teve no passado.

http://www.albinoincoerente.com/2021/06/telinha-quente-452.html


sexta-feira, 2 de julho de 2021

PAPIRO VIRTUAL 182

 

Camilo Castelo Branco (1825-1890) foi um dos maiores escritores portugueses do século XIX. "Amor de Perdição" foi sua novela mais importante. Suas novelas passionais fazem do escritor o representante típico do Ultra Romantismo em Portugal. Foi um dos primeiros escritores portugueses a viver exclusivamente do que escrevia. Recebeu o título de Visconde concedido pelo rei de Portugal, D. Luís I.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

TELONA QUENTE 364

 

Depois de testemunhar um assassinato, uma mulher foge para um local remoto nas montanhas. Só que a máfia – e um promotor público – estão em seu encalço.
Veja a crítica do filme da Netflix.